MPDFT denuncia líderes da Kriptacoin por tentativa de homicídio
Um gerente do BRB teve o carro atingido por nove tiros e só escapou da morte porque os irmãos erraram a mira, segundo promotor
atualizado
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Presos e condenados por liderar o esquema de pirâmide financeira mascarado da moeda digital Kriptacoin, os irmãos Welbert Richard e Weverton Viana Marinho foram denunciados novamente pelo Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT). Desta vez, por tentativa de homicídio. A vítima é um gerente do Banco de Brasília (BRB).
Segundo o promotor de Justiça Leonardo Jubé de Moura, que assina a denúncia, no dia 23 de agosto de 2007, por volta de 15h, os acusados – “previamente ajustados, com intenção de matar” – fizeram disparos de arma de fogo contra a vítima, que mora no Park Way, próximo ao Núcleo Bandeirante.
Os acusados iniciaram a execução de um crime de homicídio, que não se consumou por circunstâncias alheias à sua vontade. Eis que, por erro de pontaria, não lograram atingir a vítima, que estava no interior de um veículo e conseguiu fugir
promotor de Justiça Leonardo Jubé de Moura
À época, os irmãos eram sócios de uma empresa de veículos e clientes do banco. Ainda de acordo com a denúncia, os Marinho chegaram a fazer uso de “laranjas” para conseguir fazer transações financeiras.
Houve uma negociação malsucedida entre os envolvidos. No dia anterior ao crime, a vítima encontrou casualmente Welbert em um bar e o abordou, questionando sobre o fato. Então, eles se desentenderam, discutiram e trocaram agressões físicas. Welbert teria feito ameaças ao gerente.
De acordo com a denúncia, no dia seguinte, os irmãos se juntaram com um terceiro suspeito, ainda não identificado, e foram armados à residência do servidor. O trio estava em duas motocicletas. Chegando ao condomínio residencial, encontraram a vítima dentro do carro, preparando-se para sair. Os acusados passaram a disparar com uma pistola calibre .9 mm e outra .380. A vítima acelerou e conseguiu escapar. O veículo foi atingido por nove disparos. Em seguida, o trio fugiu.
O promotor ressalta que a ação criminosa teve motivação fútil e ocorreu após discussão banal envolvendo a transação comercial. “Ademais, foi praticada mediante emprego de recurso que dificultou a defesa da vítima, abordada junto à sua residência, no interior de seu automóvel, por elementos armados.” A reportagem não conseguiu contato com a defesa dos irmãos.
Condenação
Em 23 de abril, o juiz do Tribunal de Justiça do Distrito Federal e dos Territórios (TJDFT) Osvaldo Tovani condenou 13 pessoas envolvidas na Kriptacoin. Para o magistrado, a forma, a rapidez e a intensidade como o dinheiro foi gasto demonstram a origem ilícita dos recursos. Em torno de 40 mil indivíduos teriam investido na moeda virtual e ficaram no prejuízo.
O esquema movimentou pelo menos R$ 250 milhões. Para tentar ressarcir as vítimas lesadas pelo esquema, a Justiça autorizou o leilão de carros de luxo da quadrilha, apreendidos durante a operação. A venda on-line está em andamento. Clique aqui para obter mais detalhes.
Weverton Viana Marinho é apontado como o líder do grupo. Ele criou a moeda digital e presidia a Wall Street Corporate, além de realizar palestras e recrutar investidores. Segundo o juiz Osvaldo Tovani, “foi quem mais se beneficiou do esquema”. Weverton adquiriu carros de luxo, como um Porsche e uma Ferrari por R$ 310 mil e R$ 1,2 milhão, respectivamente. Tovani definiu a pena dele em 11 anos, 5 meses e 10 dias de prisão, em regime inicial fechado.
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Welbert Richard Viana Marinho era vice-presidente da empresa. É apontado como responsável por chamar atenção de investidores e ainda divulgar notícias falsas em redes sociais para alimentar a pirâmide financeira. Ele foi condenado a 5 anos e 6 meses de prisão, por crime contra a economia popular e por organização criminosa.
O magistrado frisa que os réus, por meio da venda da moeda digital, “obtiveram ganhos ilícitos em detrimento de milhares de pessoas, que aplicaram dinheiro na ‘Kriptacoin’ acreditando que era uma excelente opção de investimento, já que a promessa era de lucros exorbitantes (1% ao dia)”. Segundo ele, o produto oferecido não é reconhecido pelos órgãos competentes e não tem valor econômico.
Operação Patrik
A fraude foi revelada pela Operação Patrik, deflagrada em 21 de setembro de 2017. Os sócios-proprietários da filial da Kriptacoin em Goiânia (GO), Fernando Ewerton César da Silva e Alessandro Ricardo de Carvalho Bento, também foram alvo da ação, da Coordenação de Repressão aos Crimes contra o Consumidor e Fraudes (Corf) e da Promotoria de Justiça de Defesa dos Direitos do Consumidor (Prodecon). Ambos foram condenados pelos mesmos crimes cometidos por Welbert.