Ação do MPDFT prende ex-secretários de Saúde acusados de corrupção
Além dos ex-gestores, há médicos e donos de empresas presos na operação. PCDF apreendeu R$ 25 mil na casa de Barbosa
atualizado
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Uma força-tarefa da Comissão de Combate à Corrupção do Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT) deflagrou, na manhã desta quinta-feira (29/11), operação de combate à corrupção na Saúde. Dois ex-gestores da área – Rafael Barbosa e Elias Miziara (foto em destaque) – estão entre os presos.
Barbosa e Miziara comandaram a pasta da Saúde no governo de Agnelo Queiroz (PT-DF). O MPDFT cumpre 44 mandados de busca e apreensão no Distrito Federal, no Rio de Janeiro e em São Paulo, além de 12 de prisão preventiva. O grupo é investigado por peculato, corrupção ativa e passiva, fraude em licitação e organização criminosa.
Segundo fontes da Polícia Civil, na casa de Rafael Barbosa, no Park Way, foram apreendidos R$ 25 mil em dinheiro, mídias digitais, pen-drives e documentos que podem ajudar nas investigações. A sede da Secretaria de Saúde, no fim da Asa Norte, foi alvo de busca. A pasta informou, em nota, que está colaborando com as investigações.
Confira os nomes de todos os presos:
Em Brasília:
Rafael de Aguiar Barbosa – prisão e busca (ex-secretário de Saúde no governo Agnelo Queiroz)
Elias Fernando Miziara – prisão e busca (ex-secretário de Saúde no governo Agnelo Queiroz)
José de Moraes Falcão – prisão e busca (ex-subsecretário de Saúde do DF)
Renato Sérgio Lyrio Mello – prisão e busca (ortopedista)
Vicente de Paulo Silva de Assis – prisão e busca (médico anestesiologista da Secretaria de Saúde do DF)
Edcler Carvalho Silva – prisão e busca (diretor comercial da Kompazo, empresa que vende produtos hospitalares)
No Rio de Janeiro:
Gustavo Estelitta Cavalcanti Pessoa – alvo de mandado de prisão e busca e apreensão
Márcia de Andrade Oliveira Cunha Travassos – prisão e busca
Gaetano Signori – prisão e busca
Marcus Vinicius Guimarães Duarte de Almeida – prisão e busca
Marco Antônio Guimarães Duarte de Almeida – prisão e busca
Miguel Iskin – prisão e busca
A Operação Conexão Brasília investiga contratos feitos no DF na área por meio de adesão à ata de registros de preços da Secretaria de Saúde do Rio de Janeiro. A concorrência seria para compra de órteses e próteses.
A fornecedora dos materiais é acusada de fazer parte de um cartel de empresas que vendem materiais hospitalares. Os preços a serem pagos com dinheiro público eram combinados entre elas. Segundo o MP, o suposto desvio de recursos tem conexão com o esquema de corrupção no governo de Sérgio Cabral, no Rio de Janeiro.
Advogado do ex-secretário Elias Miziara, Joelson Dias disse que nem ele nem seu cliente tiveram qualquer informação sobre o processo, que corre em segredo de Justiça. “O dr. Miziara é médico de reconhecida reputação profissional no Distrito Federal e jamais teve qualquer condenação criminal ou outro ilícito julgado em definitivo que pesasse contra ele”, afirmou.
No DPE, antes de ser levado para a carceragem e após passar por exames de corpo de delito no Instituto Médico Legal (IML), o ex-secretário de Saúde Elias Miziara falou rapidamente com a imprensa. Disse que foi pego de surpresa com a operação e a prisão. “Eu nunca nem sequer participei de licitação. Não tenho nenhuma notícia disso e não sei do que se trata”, ressaltou o ex-gestor, que estava sem algemas.
Lava Jato
A ação deflagrada nesta quinta (29) é um desdobramento de operações da Lava Jato, ocorridas no Rio de Janeiro, que desvendaram um esquema de corrupção, lavagem de dinheiro e fraude à licitação na gestão de Cabral.
Entre os alvos de mandados de busca e apreensão está o ex-secretário de Saúde do Rio de Janeiro Sérgio Cortês. Ele é apontado como um dos operadores de Cabral. Foi denunciado e preso na Operação Fratura Exposta, em abril de 2017, acusado de movimentar ao menos U$ 4,3 milhões em contas na Suíça.
Após a transação bancária, ele transferiu a quantia para uma offshore nas Bahamas, entre 2011 e 2017. Aparece, ainda, na clássica imagem em que Sérgio Cabral está ao lado de secretários e empresários durante jantar em 2009, em Paris. Todos eles seriam integrantes do esquema de corrupção montado pelo ex-governador. O escândalo ficou conhecido como Farra dos Guardanapos.
A Polícia Civil deu apoio à operação deflagrada nesta quinta (29) com um grande efetivo que foi distribuído entre o DF, Rio de Janeiro e São Paulo. Foram designados 105 agentes, 48 delegados, 15 escrivães e 10 peritos criminais para dar suporte logístico aos cumprimentos de prisão e análise de provas.