metropoles.com

MPC-DF pede suspensão do novo modelo de gestão de saúde

Para procuradora-geral do Ministério Público de Contas, lei que criou o Iges feriu norma ao não passar pelo crivo do Conselho de Saúde

atualizado

Compartilhar notícia

Google News - Metrópoles
Júlia Bandeira/Especial para o Metrópoles
Hospital de Base.   Brasilia(DF), 08/01/2019
1 de 1 Hospital de Base. Brasilia(DF), 08/01/2019 - Foto: Júlia Bandeira/Especial para o Metrópoles

O Ministério Público de Contas do Distrito Federal (MPC-DF) entrou com representação no Tribunal de Contas do DF (TCDF) questionando a expansão do modelo de administração do Instituto Hospital de Base (IHBDF). O principal argumento do pedido de suspensão é que a criação do Instituto de Gestão Estratégica de Saúde (Iges-DF) não teve a anuência do Conselho de Saúde antes de ser analisado pela Câmara Legislativa (CLDF).

O texto aprovado pela CLDF no dia 24 de janeiro amplia o modelo de gestão adotado no Hospital de Base para seis unidades de pronto-atendimento (UPAs) e o Hospital Regional de Santa Maria. A representação do Ministério Público de Contas questionando a medida foi enviada ao TCDF no dia 4 de fevereiro. “Para que não sejam praticados atos em desconformidade com a legislação”, justificou a procuradora-geral do MPC-DF, Cláudia Fernanda de Oliveira Pereira.

A representação, que pode ser analisada na próxima terça-feira (19/2), pede cautelar na Corte de Contas, pela qual a Secretaria de Saúde terá cinco dias úteis para comprovar que consultou o Conselho de Saúde antes da edição do projeto de lei (PL) que autorizou a medida, “abstendo-se de praticar qualquer ato de implementação/execução, até manifestação conclusiva do plenário (do TCDF)”.

A representante do Ministério Público de Contas lembra, no documento, que o Conselho de Saúde do Distrito Federal (CSDF) rejeitou a proposta, que teria sido encaminhada à Câmara Legislativa sem prévio conhecimento e deliberação do colegiado.

O artigo 16 da Lei Distrital nº 4604/11 prevê que compete ao Conselho de Saúde decidir a respeito de programas e projetos na área a serem encaminhados à Câmara. Para a procuradora-geral, nesse contexto, “não há dúvidas” de que a legislação do Iges feriu norma específica, “solapando as atribuições do CSDF”. A representação destaca também que os conselhos – permanentes, paritários e deliberativos – garantem a participação da comunidade na gestão pública.

A procuradora Cláudia Fernanda cobra, ainda, no documento encaminhado à Corte de Contas, parecer da Procuradoria-Geral do Distrito Federal (PGDF) que, segundo destacou, deveria ter sido expedido antes da votação do PL, conforme determina a Lei Complementar nº 395/01.

Representação MPC-DF sobre … by on Scribd

Por fim, a procuradora-geral diz que deve ser verificado se a mudança é compatível com dispositivos da Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF), os quais “visam garantir que não haja despesa sem planejamento e capacidade financeira comprovados, evitando-se ações temerárias com recursos públicos”.

Não é a primeira manifestação do MPC-DF contra a medida. Em 23 de janeiro, a procuradora-geral do órgão assinou recomendação, juntamente com os ministérios públicos Federal (MPF-DF) e do Trabalho (MPT-DF), para brecar a votação do projeto do Iges pela Câmara e, em caso de deliberação, que a matéria fosse integralmente rejeitada na Casa.

Os órgãos destacaram, nessa manifestação, que algumas das alterações solicitadas pelo Executivo são inconstitucionais, como o modelo de gestão e o regime de contratação dos funcionários, que caracterizaria uma terceirização dos serviços públicos.

Outra representação
Em 5 de fevereiro, o deputado distrital Chico Vigilante (PT) também entrou com representação no TCDF questionando a medida. O parlamentar pede a suspensão das ações administrativas necessárias à ampliação do modelo de gestão do Instituto Hospital de Base.

Segundo o distrital, o projeto proposto pelo governador, Ibaneis Rocha (MDB), e aprovado pela Câmara Legislativa não cumpriu os requisitos legais para expansão das despesas públicas, em desacordo ao disposto nos artigos 15 a 17 da LRF.

O TCDF explicou que as representações do MPC-DF e do parlamentar serão julgadas no âmbito do mesmo processo. O relator é o conselheiro Inácio Magalhães Filho.

O assunto chegou também ao Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT), que recebeu duas representações, encaminhadas por deputados distritais, que apontam inconstitucionalidade do projeto de lei. De acordo com o MPDFT, os documentos foram recebidos na assessoria civil em 12 de fevereiro e estão sob análise, motivo pelo qual “não é possível antecipar qualquer decisão”.

Após passar pela CLDF, a proposta foi rejeitada pelo Conselho de Saúde no dia 29 de janeiro. Dos 28 membros do órgão, os 15 que estavam presentes na reunião extraordinária não aceitaram a expansão. À época, a presidente do colegiado, Lourdes Piantino, disse que levaria o caso à Justiça. “A gente vai buscar as instâncias do Judiciário para ver a possibilidade de questionar a validade da aprovação”, destacou.

O outro lado
A Secretaria de Saúde informa que não vai se pronunciar sobre a nova da representação do MPC-DF porque ainda não foi notificada sobre o assunto. Durante a aprovação da matéria na CLDF, a pasta afirmou que as decisões do Conselho de Saúde são homologadas pelo secretário de Saúde, o qual irá se manifestar no prazo de até 30 dias, acatando ou justiçando a deliberação.

Sobre o entendimento do colegiado, a Secretaria de Saúde interpreta também que, por ter aprovado o modelo do IHB na criação, em 2017, e partindo do entendimento que o PL nº001/2019 apenas amplia esse modelo, mantendo a mesma figura jurídica, não caberia ao conselho opinar, mais uma vez, sobre a matéria.

Quais assuntos você deseja receber?

Ícone de sino para notificações

Parece que seu browser não está permitindo notificações. Siga os passos a baixo para habilitá-las:

1.

Ícone de ajustes do navegador

Mais opções no Google Chrome

2.

Ícone de configurações

Configurações

3.

Configurações do site

4.

Ícone de sino para notificações

Notificações

5.

Ícone de alternância ligado para notificações

Os sites podem pedir para enviar notificações

metropoles.comDistrito Federal

Você quer ficar por dentro das notícias do Distrito Federal e receber notificações em tempo real?