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MP e PCDF prendem advogada do PCC em megaoperação nacional

Mulher levava informações aos líderes da organização e recebiam ordens que deveriam ser transmitidas a outros criminosos

atualizado

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MPDFT/Divulgação
Gaeco
1 de 1 Gaeco - Foto: MPDFT/Divulgação

Uma advogada que trabalha para integrantes do Primeiro Comando da Capital (PCC) foi presa, nesta quarta-feira (18/11), por promotores do Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT) e pela Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF). A mulher é suspeita de integrar a célula jurídica da organização criminosa.  A prisão faz parte de uma megaoperação deflagrada pelo Ministério Público de São Paulo (MPSP).

A ação, batizada de Operação Fast Track, é resultado de investigações conduzidas pelo Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco/MPSP). São cumpridos 13 mandados de prisão e 23 de busca e apreensão.

As ordens foram expedidas pelo juiz Ulisses Augusto Pascolati Júnior, da 2ª Vara Especializada em Crimes Tributários, Organização Criminosa e Lavagem de Bens e Valores.

A Polícia Militar de São Paulo, o Departamento Penitenciário Nacional (Depen), o Ministério Público do Estado de Rondônia (MPRO) e o Ministério Público do Estado do Rio Grande do Norte (MPRN) também prestam apoio.

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Já estão na Penitenciária Federal de Brasília Alejandro Juvenal Herbas Camacho Júnior, o Marcolinha, irmão de Marcola; Antônio José Müller, o Granada; e Reinaldo Teixeira dos Santos, conhecido como Funchal ou Tio Sam
Além de Marcola, outros três integrantes do PCC vieram no mesmo voo e vão ficar em Brasília: Cláudio Barbará da Silva, Patrik Wellinton Salomão e Pedro Luiz da Silva Moraes, o Chacal
O avião Hércules da Força Aérea Brasileira (FAB) com o líder da facção pousou por volta das 13h20 na capital federal e chegou à penitenciária, ao lado do Complexo da Papuda, por volta das 14h20
Segundo diligências policiais, a história do PCC em Brasília começou em 5 de março de 2001, após o chefe máximo da organização desembarcar no DF. Depois de peregrinar por diversos presídios do país, Marcos Herbas Camacho, o “Marcola”, foi recolhido ao Centro de Internação e Reeducação (CIR), na Papuda, complexo gerido pelo governo local
Ele foi trazido ao DF em 2019
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Chefe máximo do PCC, Marcola é escoltado para fazer exame em hospital do DF, em janeiro de 2020

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Já estão na Penitenciária Federal de Brasília Alejandro Juvenal Herbas Camacho Júnior, o Marcolinha, irmão de Marcola; Antônio José Müller, o Granada; e Reinaldo Teixeira dos Santos, conhecido como Funchal ou Tio Sam

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Além de Marcola, outros três integrantes do PCC vieram no mesmo voo e vão ficar em Brasília: Cláudio Barbará da Silva, Patrik Wellinton Salomão e Pedro Luiz da Silva Moraes, o Chacal

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O avião Hércules da Força Aérea Brasileira (FAB) com o líder da facção pousou por volta das 13h20 na capital federal e chegou à penitenciária, ao lado do Complexo da Papuda, por volta das 14h20

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Segundo diligências policiais, a história do PCC em Brasília começou em 5 de março de 2001, após o chefe máximo da organização desembarcar no DF. Depois de peregrinar por diversos presídios do país, Marcos Herbas Camacho, o “Marcola”, foi recolhido ao Centro de Internação e Reeducação (CIR), na Papuda, complexo gerido pelo governo local

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Ele foi trazido ao DF em 2019

JORGE SANTOS/AE CONTEÚDO
Investigação

Em 13 de fevereiro de 2019, a cúpula da organização criminosa foi transferida de São Paulo e distribuída entre as penitenciárias de Porto Velho (RO), Brasília (DF) e Mossoró (RN). A remoção tinha como objetivo central impedir que os chefes da facção continuassem a transmitir ordens de dentro dos presídios.

Com o propósito de contornar a incomunicabilidade decorrente da remoção, o investigado identificado como B.F.L.F, vulgo Armani, recebeu da chamada “Sintonia Final” poderes para assumir o comando nacional da célula batizada como “Setor do Universo”.

Com dinheiro do tráfico de drogas, Armani contratou advogados, com atuação em diversas regiões do território nacional, com a finalidade de permitir que os chefes do PCC, presos, continuassem a se comunicar com integrantes da facção em liberdade.

Por meio de atendimentos presenciais, os advogados contratados levavam informações aos líderes e recebiam ordens que deveriam ser transmitidas a outros criminosos.

Segundo o Ministério Público, um dos mais relevantes traficantes da Baixada Santista, por exemplo, surpreendido pela operação de transferência para o sistema federal, nomeou sucessores, com apoio de uma advogada, que atuou como mensageira. A prática deu origem à Operação Colorido, também deflagrada nesta quarta-feira.

De acordo com as investigações, os defensores intermediavam o pagamento de propinas para policiais, transmitiam cobranças de dívidas e até ameaças de morte a mando da organização criminosa.

Não raro, os próprios advogados se envolviam em disputas que eram solucionadas pelo sistema de disciplina da facção, mediante o exercício de poderes de decisão por Armani, indicando inserção na estrutura hierárquico-piramidal do PCC, afirmaram os promotores.

Tratamento milionário

Outra função de Armani na gestão do “Setor do Universo” era custear tratamentos médicos milionários para os membros de cúpula do PCC. Diante de um problema oftalmológico apresentado por um dos líderes da organização, o criminoso autorizou pagamento de R$ 72 mil. O “Setor do Universo” providenciava, igualmente, estadia e casas de apoio para familiares de presos nas penitenciárias federais.

O Gaeco identificou, ainda, uma célula da facção denominada “Setor CDHU” ou “Setor dos APs”. Distorcendo os programas de habitação popular do estado e do município de São Paulo, o Primeiro Comando da Capital assumiu a posse e a propriedade de dezenas de imóveis vinculados à Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano (CDHU) e à Companhia Metropolitana de Habitação de São Paulo (Cohab).

Destinados exclusivamente a familiares de presos ou egressos que sejam filiados à organização criminosa, os apartamentos estimulam novos recrutamentos e garantem a perpetuação do vínculo entre o integrante da facção e o Primeiro Comando da Capital. Sob um discurso falso de assistencialismo, o “Setor CDHU” tem como propósito não assegurar o bem-estar de pessoas menos favorecidas, mas garantir a permanência da estrutura criminosa da base do PCC.

Criminosos que detinham a função de gerir os apartamentos atuavam ativamente na busca por novas unidades e, identificando-se um apartamento vazio, este era imediatamente ocupado, até que o PCC buscasse meios de associá-lo a um terceiro, que funcionaria como laranja. Síndicos de unidades do CDHU espalhadas por todo o estado auxiliavam a organização criminosa na localização e na aquisição de imóveis.

Em diálogos interceptados, foram captadas diretrizes específicas para que se impedisse a ocupação de apartamentos por “famílias necessitadas”, especialmente com crianças. No diagnóstico da facção, “se família entrar com criança, não sai mais”, motivo pelo qual as investidas dos integrantes da célula deveriam ser sempre rápidas.

 

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