MP confirma 3ª vítima de maníaco: jovem atacada após morte de Letícia
Digitais da moça, de 21 anos, foram encontradas na Blazer do cozinheiro. Ela conseguiu escapar do homem, que confessou dois assassinatos
atualizado
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O Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT) confirmou, nesta quarta-feira (18/09/2019), que o cozinheiro Marinésio dos Santos Olinto, 41 anos, fez outra vítima além da advogada Letícia de Sousa Curado,26, e da diarista Genir Pereira de Sousa, 47. Trata-se de uma jovem que foi atacada pelo maníaco em 24 de agosto, um dia após a morte de Letícia, como noticiou o Metrópoles.
A moça, de 21 anos, estava com a irmã de 18 na Rodoviária de Planaltina quando ambas decidiram pegar carona com Marinésio. No caminho, o maníaco obrigou a mais velha a pegar nas partes íntimas dele. Quando ele parou o carro, as duas fugiram – o caso é investigado pela 31ª DP (Planaltina). Letícia e Genir não tiveram a mesma sorte e foram assassinadas pelo cozinheiro, que confessou as duas mortes.
A informação do MPDFT foi revelada em coletiva de imprensa na tarde desta quarta-feira (18/09/2019). Segundo o promotor de Justiça Otávio Binato Júnior, que atua no Tribunal do Júri de Planaltina, as impressões digitais da moça foram encontradas pela perícia da Polícia Civil (PCDF) feita na Blazer do maníaco. O veículo foi o mesmo usado no ataque à advogada Letícia Curado.
Além das impressões digitais da jovem e de Marinésio, a PCDF identificou as de outra mulher: uma garota de programa com quem o cozinheiro manteria relações com frequência, segundo o Ministério Público. Ela prestou depoimento à polícia, mas não é considerada vítima.
Homicídio quintuplamente qualificado
Marinésio, contudo, é suspeito de atacar outras mulheres no Distrito Federal e deve responder por vários crimes. Apenas no caso de Letícia de Sousa Curado, o MPDFT o denunciou, na terça-feira (17/09/2019), por homicídio quintuplamente qualificado.
As qualificadoras incluem motivo torpe, porque a vítima se negou a manter relações sexuais; meio de execução (esganação); dissimulação, por fingir ser loteiro; feminicídio; e por ele tentar manipular a cena do crime para disfarçar uma tentativa de estupro.
O cozinheiro foi denunciado ainda por tentativa de estupro, ocultação de cadáver e pelo furto dos pertences da Letícia, uma vez que foram encontrados, dentro do carro do assassino confesso, fichário, celular e bens da vítima. A denúncia de feminicídio será oferecida ao Tribunal do Júri de Planaltina. Apenas em relação à morte de Letícia, ele pode pegar 46 anos de prisão, caso condenado, segundo estimativa do MPDFT.
Letícia foi assassinada no dia 23 de agosto, em Planaltina. Ela desapareceu após sair de casa para ir ao trabalho, na Esplanada dos Ministérios. Marinésio a pegou em uma parada de ônibus e depois a estrangulou. O corpo da funcionária terceirizada do Ministério da Educação foi encontrado dentro de manilha localizada às margens da DF-250, na mesma região.
Confissão
Além de Letícia, o cozinheiro também confessou ter matado Genir Pereira de Sousa, 47. Desde que o caso envolvendo Letícia veio à tona, 17 mulheres ou familiares de desaparecidas procuraram a Polícia Civil do DF (PCDF) para denunciar Marinésio. A corporação ainda aguarda resultados de exames de DNA para saber se ele tem relação com pelo menos outros sete casos de estupros e assassinatos (veja lista abaixo).
Os testes estão sendo realizados a pedido de delegacias que investigam crimes possivelmente ligados ao cozinheiro. Além de material genético do próprio acusado, foram recolhidas amostras na Blazer prata que ele teria usado nos crimes.
No fim do mês de agosto, Marinésio foi reconhecido por uma garota de 17 anos e por uma dona de casa de 43. Elas contam terem sido abordadas em paradas de ônibus e estupradas. O reconhecimento facial foi feito no Departamento de Polícia Especializada (DPE), no Parque da Cidade.
A lista de acusações contra Marinésio inclui crimes como assassinato, estupro e assédio sexual. Entre as semelhanças que o colocam como suspeito dos casos, está o modus operandi adotado por ele.
Aos investigadores da PCDF, o maníaco revelou que tinha o hábito de pegar o carro nos dias de folga e circular pela cidade atrás de mulheres. Contou que costumava abordar as que estavam sozinhas em paradas de ônibus. Na versão dada aos policiais, ressaltou que oferecia carona para a rodoviária e, no trajeto, assediava as vítimas.
Confira os casos que aguardam resultados de exames de DNA:
1) Gisvania Pereira dos Santos Silva, 34 anos – Ela foi filmada pela última vez às 4h40 do dia 6 de outubro de 2018 por câmeras de segurança de um posto de gasolina em Sobradinho, região onde morava com os pais e a filha, de 15 anos. No vídeo, Gisvania estava acompanhada de um homem. Ele foi identificado à época, mas a polícia descartou a participação dele no sumiço da mulher, pois ela saiu sozinha do posto;
2) Adolescente de 17 anos – Jovem diz ter sido estuprada, abandonada e chamada de “lixo”. Ela também foi abordada pelo cozinheiro em parada de ônibus. Para que entrasse no carro, o maníaco a ameaçou de morte com uma faca. A vítima foi levada à região de pinheirais, no Paranoá, onde foi abusada pelo suspeito. A adolescente foi a primeira a denunciar que Marinésio usava carro diferente da Blazer prata apreendida;
3) Moradora do Paranoá, de 43 anos – Segundo a vítima, que pediu para não ter o nome divulgado, ela chegou a tentar o suicídio duas vezes devido ao trauma causado pela violência sofrida: afirma ter sido estuprada e espancada. A vítima parou de trabalhar e fez acompanhamento psiquiátrico. Hoje, tem depressão e síndrome do pânico. O caso ocorreu em 2017. Naquele ano, Marinésio teria ameaçado a mulher de morte após ela tentar escapar do veículo do algoz. Aos investigadores, a vítima relatou que o maníaco estava em um carro vermelho;
4) Babá moradora da Fercal – Antonia Rosa Rodrigues Amaro está desaparecida há um ano e meio após ter se dirigido a uma parada de ônibus. Ela era babá em uma casa do Lago Sul. A Polícia Civil do DF acredita que o cozinheiro tenha envolvimento com o sumiço dela;
5) Marília de Lurdes Ferreira – Desaparecida em agosto de 2012, ela foi achada morta um mês depois, na linha férrea dos arredores do Setor de Indústria e Abastecimento (SIA). De acordo com familiares, Marília desapareceu após deixar o local de trabalho em direção a uma parada de ônibus para pegar transporte até agência da Caixa Econômica Federal, mas nunca chegou ao destino. A família acredita que ela tenha sido sequestrada por um motorista de transporte pirata;
6) Caroline Macêdo Santos – A adolescente de 15 anos foi encontrada morta no Lago Paranoá em maio do ano passado. A jovem era amiga da filha de Marinésio dos Santos Olinto e morava a 800 metros da casa do cozinheiro, no Vale do Amanhecer. Caso foi reaberto após prisão do maníaco;
7) Fabiana Santa Alves, 27 anos – Trabalhava como garçonete em um estabelecimento na Estrutural e teria sido deixada pelo namorado dentro de um ônibus rumo ao Paranoá. Após o desaparecimento, em 2013, a família passou a desconfiar do rapaz, mas nunca teve retorno da Divisão de Repressão a Sequestro (DRS), onde o inquérito segue em aberto.