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Movimento internacional Me Too celebra condenação de dono do Bambambã

Gabriel Mesquita, acusado de praticar violência sexual contra 12 mulheres, foi sentenciado a oito anos de prisão, mas pode recorrer livre

atualizado

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Reprodução/ Redes sociais
Dono do Bambambã
1 de 1 Dono do Bambambã - Foto: Reprodução/ Redes sociais

A organização internacional Me Too, por meio de representantes no Brasil, publicou, nesta quarta-feira (17/7), nota celebrando a condenação do dono do bar Bambambã, na 408 Norte, por estupro de vulnerável. Gabriel Ferreira Mesquita, acusado de praticar violência sexual contra 12 mulheres, foi sentenciado a oito anos de prisão, mas pode recorrer em liberdade.

Na decisão, o juiz pontuou que a vítima estava em situação de inconsciência e que o empresário, sabendo da possível recusa da moça, se aproveitou para forçar uma relação anal.

“É com satisfação e alívio que o Me Too Brasil recebe a notícia da condenação a oito anos da prisão de Gabriel Ferreira Mesquita, dono do bar Bambambã, em Brasília, por estupro de vulnerável contra uma das 12 mulheres que o acusam de violência sexual”, afirmou a organização, em nota.

Para as representantes do movimento, a sentença é uma “vitória importante na luta contra a impunidade e na defesa dos direitos das vítimas de violência sexual”, porém, segundo elas, o Judiciário demonstrou “despreparo para lidar com crimes de gênero”, uma vez que invalidou “provas e testemunhos das outras mulheres vítimas”.

“O Me Too Brasil esteve ao lado dessas mulheres corajosas, oferecendo apoio ao coletivo ’12 Mulheres Importam’, cuja perseverança e determinação foram essenciais para alcançar esta vitória. Queremos também destacar a atuação incansável e valente da advogada Manuela Paes Landim, que lutou bravamente para assegurar que a justiça prevalecesse, e de forma pro bono. Esperamos que a condenação seja concretizada de forma célere e o agressor seja de fato preso”, completaram.

A sentença com a condenação do empresário foi publicada nessa segunda-feira (15/7). No documento, o juiz responsável pelo caso declarou que Gabriel agiu de forma articulada e violenta.

“A vítima se encontrava em evidente situação de entorpecimento, muito certamente decorrente do uso de bebida alcoólica, e que o réu tinha plena ciência disso, já que este conduziu sua ação de forma bem articulada, impondo à ofendida a realização de prática sexual que ela nunca havia experimentado, e com a qual não consentira, de maneira abrupta e violenta”, destacou o magistrado.

Para o juiz, Gabriel ofereceu bebida como estratagema para dar vazão ao seu desejo sexual. Nesse sentido, o magistrado entendeu que a jovem, de 22 anos na época, foi abusada sexualmente sem condições de reagir.

Troca de mensagens

O juiz ainda considerou uma troca de mensagens após a violência, em que a vítima perguntou o que teria acontecido na última noite e o empresário detalhou a sequência de agressões. Ela ainda questionou se houve o uso de preservativo, mas o homem informou que não precisava pois usou lubrificante.

Para o magistrado, essa sequência foi significativa para comprovar que Gabriel estava consciente enquanto a vítima se encontrava em situação de vulnerabilidade.

O juiz ainda acrescentou que o homem tem tendência “à dominação e à subjugação completa dessas suas parceiras que, desavisadas, se dispunham a se relacionar sexualmente com ele”.

Segundo a decisão do magistrado, a pena deve ser cumprida em regime fechado, por envolver crime hediondo. Gabriel, porém, pode recorrer a outras instâncias e vai aguardar em liberdade o trânsito em julgado da sentença.

Relembre o caso

Ao menos 12 mulheres denunciaram Gabriel Mesquita. Elas conversaram com a reportagem e detalharam histórias de horror e traumas provocados pelo acusado, que supostamente cometia os crimes após dopá-las.

“Aconteceu em uma noite após o aniversário de um amigo. Ele me levou até o quarto, onde, inicialmente, consenti a relação. Quando terminamos, e após certo tempo, adormeci. No meio da madrugada, no entanto, fui acordada de forma extremamente violenta, com ele me virando de bruços e forçando sexo anal”, relatou Maria*, uma das vítimas.

Amigos do dono do Bambambã também ressaltaram o suposto perfil hostil do empresário. “Conheci o Gabriel ainda na juventude; inclusive, chegamos a morar juntos. Ele era uma pessoa envolvente e agradável, mas agressivo e violento quando confrontado”, descreveu um colega, que não quis se identificar.

“Ele [Gabriel] falou uma ou duas vezes sobre ter tido relação sexual consentida com uma mulher e, no meio do ato, ter partido para o sexo anal sem permissão da parceira. E [ele] teria achado o máximo”, completou o conhecido.

Em agosto de 2022, a 2ª Vara Criminal de Brasília condenou Gabriel a seis anos de prisão por um processo de 2018. Na denúncia, o réu foi acusado de forçar sexo com a vítima, aproveitando-se do fato de que ela estaria embriagada e sem condições de reagir. No entanto, ele foi absolvido após apelação da defesa na segunda instância do TJDFT.

Defesa

Por meio de nota, a defesa de Gabriel informou que vai recorrer da decisão “para restabelecer a total inocência” do condenado. O advogado do empresário ainda apontou a acusação como “injusta”.

Leia nota na íntegra:

“A Justiça tem sido feita. Em verdade, Gabriel Ferreira, foi absolvido de mais duas injustas acusações. É válido lembrar que 12 denúncias foram feitas e, corretamente, a Justiça do Distrito Federal já o absolveu de 11 delas.

Por esse motivo, encaramos com serenidade essa única condenação. Entendemos que houve um grande erro e vamos recorrer ao Tribunal de Justiça para restabelecer a total inocência de nosso cliente.”

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