Motorista sobre concreto solto em viaduto no DF: “Caiu na minha frente”
A advogada Priscila Maranhão viu o momento em que os blocos de concreto despencaram. Segundo a Novacap, não há risco de desabamento
atualizado
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Motoristas do Distrito Federal que viram o momento em que as placas de concreto do viaduto que dá acesso à Ponte Costa e Silva caíram, e por pouco não atingiram veículos, detalham o susto que passaram, na manhã desta quarta-feira (23/9). Alheios à situação, condutores e motociclistas chegaram a passar por cima dos entulhos, que haviam caído minutos antes.
A advogada Priscila Maranhão, de 35 anos, passou pelo local por volta das 9h30 e relembra o momento em que quase teve o veículo danificado pelos pedregulhos que despencaram da estrutura.
“Não bateu no meu carro, mas estava caindo na minha frente, aí eu parei e fiquei meio sem entender. Aí o bombeiro correu e me guiou [para sair de lá]. Estava vindo carro atrás de mim, aí ele teve que me ajudar a passar o carro para o outro lado e depois ajudar os demais, que estavam atrás de mim”, detalha advogada.
Em áudios, os quais o Metrópoles teve acesso, outra condutora detalha que não ficou no prejuízo por questão de minutos.
“O viaduto está despencando. Quase caiu em cima do meu carro. Eu fui passar para entrar no Lago Sul e os bombeiros haviam fechado em cima e embaixo. Eu estava fazendo a voltinha da L2 e estava aberto ainda. Eu fui passar, começou a cair o viaduto em cima do meu carro. Eu tive de dar ré e eu não estava entendendo nada. Veio o bombeiro correndo, gritando. Foi uma loucura. Gente, pelo amor de Deus, o viaduto está caindo”, disse.
Um outro condutor parou o carro e gravou um vídeo. Ele flagrou momento em que motoristas e motociclistas passavam por cima dos pedaços de concreto já espatifados no chão.
“Desmoronou. O pessoal tá passando em cima e não tem nem como avisar. Isso aqui é a pista que vai para a L2, saindo da Ponte Costa e Silva. Olha aí o que aconteceu: o viaduto está despedaçando”, disse.
Susto
A Defesa Civil do Distrito Federal foi acionada na manhã desta quarta-feira para atender a ocorrência. Ao Metrópoles, o coronel Sinfônio Lopes, da Defesa Civil, informou que o estrago pode ter sido causado por algum caminhão com altura maior que aquela entre a pista e o teto do viaduto, que é de 4,5 metros.
“Possivelmente pode ter sido um caminhão que transporta contêiner de lixo e que empilhou um em cima do outro. Assim, passou raspando em cima”, avaliou.
Os primeiros a chegarem no local foram os militares do Corpo de Bombeiros do Distrito Federal (CBMDF). O trânsito precisou ser interditado no local, provocando lentidão nos dois sentidos da via.
“Retiramos as placas que estavam penduradas nas ferragens e vamos retirar os pedaços de madeira que ainda correm risco de cair. Depois que a Defesa Civil entender que não há mais dano estrutural, o local estará liberado”, explicou o Tenente Paulo Jorge, do Corpo de Bombeiros Militar do Distrito Federal (CBMDF).
Segundo a Novacap, apesar do susto, a estrutura não está comprometida. “Técnicos da Companhia estiveram na área durante a manhã e programam o serviço de recuperação para os próximos dias”, disse a companhia, em nota.
Veja vídeos :
O Secretário de Governo do DF, José Humberto Pires, esteve no local no início desta tarde e informou que a recuperação da área afetada será feita na manhã do próximo sábado (26/9). “Isso foi um acidente. Não tem nada de problema em relação à ponte, ela está absolutamente segura”, reforçou.
A obra para recuperar o elevado será feita diretamente pelo Departamento de Estradas de Rodagem (DER). Conforme Fauzi Nakfur Júnior, diretor-geral do DER, a manutenção deve começar no início da manhã de sábado e ser concluída até às 12h. Ele, porém, não soube especificar quanto deve ser gasto com a reforma.
“Faremos somente o fechamento do buraco. Será uma coisa rápida e terá um custo baixo, pois é só a parte superficial da laje do viaduto. Vamos paralisar o trânsito por algumas horas e colocar uma chapa mecânica para fechar”, explicou.
O diretor do DER fez ainda um alerta a motoristas de veículos como caminhões, para que observem a sinalização da altura de viadutos e pontes quando antes passar na pista abaixo. “Eles têm que observar as placas e ver se vai dar para seguir, pois isso foi um dano causado por essa falta de cuidado”, destaca.
Galeria dos Estados
Em 6 de fevereiro último, a queda do viaduto da Galeria dos Estados completou dois anos. Naquele dia, por volta das 11h50, um trecho do Eixo Sul desabou. Duas faixas do asfalto cederam. A estrutura atingiu quatro carros e um restaurante. Felizmente, ninguém saiu ferido.
A deterioração das estruturas já tinha sido alvo de relatório elaborado pelo Sindicato de Engenharia e Arquitetura (Sinaenco). Nove viadutos do Distrito Federal avaliados pela entidade entre os anos de 2009 e 2011 apresentaram problemas, além das pontes do Bragueto, das Garças e a JK. Foram detectadas desde infiltrações e ferros expostos até descolamento do concreto e fendas abertas.