Motorista é mais um possível caso de reinfecção pelo coronavírus no DF
Gésio Saraiva, 38 anos, voltou a ter um teste positivo para a Covid-19 cinco meses após manifestar a doença pela primeira vez
atualizado
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A reportagem do Metrópoles recebeu, neste sábado (14/11), mais um relato de um morador da capital que afirma ter adquirido a Covid-19 duas vezes. Desta vez, trata-se de um motorista particular que recebeu um segundo resultado positivo pouco mais de cinco meses após o primeiro teste. A Secretaria de Saúde do Distrito Federal afirma, entretanto, que ainda não há casos de reinfecção de Covid-19 confirmados no DF.
Gésio Saraiva, 38 anos, conta que descobriu por acaso quando pegou o vírus pela primeira vez, em junho. “Como eu trabalho com uma senhora idosa fizeram o teste para garantir e o meu deu positivo. Eu só tinha sentido mesmo uma dor de garganta”, afirma.
A segunda vez, agora em novembro, foi pior. Ele conta que passou a se sentir muito mal, com o nariz ardendo, espirros, dor no corpo e diarreia. “Já fui no hospital e o médico disse que deveria ser o coronavírus de novo. Se eu quisesse ter certeza, era para ir atrás de um teste”, relata.
O resultado apenas confirmou o que Gésio esperava: novamente o vírus foi detectado. Mais uma vez ele ficou afastado do trabalho, mas espera voltar já na próxima segunda-feira (16/11). “Só o olfato e o paladar que ainda não estão 100%, mas estou bem melhor e já passaram as duas semanas”, conta.
Confira os testes:
Médico do HFA também teve novamente a doença
Testes de um médico do Hospital das Forças Armadas (HFA) recebidos pelo Metrópoles indicam que o servidor voltou a ter resultado positivo para a doença cinco meses após ter sido considerado livre do vírus.
De acordo com os exames, o médico teve a confirmação de Covid-19 em 2 de junho. Após duas semanas, realizou novo teste, que não detectou mais a presença do vírus. Assim, o servidor voltou a trabalhar normalmente.
Em agosto, o profissional de saúde sentiu-se mal outra vez. Estava com sintomas parecidos com os relacionados ao novo coronavírus. Uma nova verificação foi feita e o resultado do exame foi negativo.
No início de novembro, no entanto, o homem apresentou novo mal-estar. Sem olfato, com tosse e sentindo-se muito cansado, o médico foi submetido a mais um teste para detecção da Covid-19. Desta vez, veio o segundo resultado positivo. O servidor está afastado do trabalho e se recupera em casa.
A identidade do paciente não foi revelada para garantir a privacidade.
Confira a sequência de exames feitos pelo profissional de saúde:
Acionado pela reportagem, o HFA garantiu realizar, “periodicamente, a testagem dos seus servidores para o novo coronavírus e reitera que, até o momento, não foi possível constatar, cientificamente, qualquer caso de reinfecção”.
Ainda conforme nota enviada ao Metrópoles, o hospital destacou: “No momento, há poucos médicos afastados pela Covid-19. Todos estão em bom estado de saúde e em tratamento domiciliar”.
Procurada, a Diretoria de Vigilância Epidemiológica da Secretaria de Saúde do DF informou que, até o momento, não há confirmação de casos de reinfecção por Covid-19 no DF.
A pasta diz que, em caso de suspeição, devem ser enviadas as fichas de notificação digitalizadas e um relatório de investigação do caso para o e-mail da Vigilância Epidemiológica do DF: gripedf@gmail.com.
As duas amostras positivas serão levadas ao Lacen-DF, que as enviará para um dos laboratórios referências no Brasil: Fiocruz/RJ, Instituto Adolfo Lutz ou Instituto Evandro Chagas. Após as devidas investigações epidemiológicas e laboratoriais, o resultado será informado via Ministério da Saúde.
Caso em Aracaju (SE) deve ser o primeiro do Brasil
Os casos de reinfecção pelo coronavírus levantam dúvidas sobre quanto tempo dura a imunidade à doença. Essa é uma das questões mais importantes tanto para o desenvolvimento de vacinas como para as medidas que deverão ser seguidas para controlar novas ondas da Covid-19. Até agora, apenas cinco casos de reinfecção foram comprovados no mundo: em Hong Kong, Bélgica, Holanda, Equador e Estados Unidos.
A comprovação se dá por uma comparação entre o código genético do vírus da primeira infecção e o da segunda – caso sejam diferentes, está confirmado que o paciente pegou a Covid-19 duas vezes. A dificuldade dos cientistas na investigação das suspeitas acontece porque, em boa parte das vezes, o material genético do vírus não é preservado pelos laboratórios, o que dificulta a comparação.
O primeiro caso de reinfecção de Covid-19 comprovado no Brasil será enviado para avaliação e publicação na revista científica The Lancet, uma das mais importantes da área. A paciente é uma técnica de enfermagem de 40 anos de Aracaju (SE), que teve dois resultados positivos para o coronavírus com 54 dias de intervalo. Ela apresentou sintomas leves e não precisou ser internada.
As amostras genéticas foram sequenciadas pelo virologista Gubio Santos e analisadas por uma equipe da Universidade Federal da Bahia (UFBA) – o vírus da segunda infecção era de uma linhagem diferente e passou por seis mutações.