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Motorista de app sequestrado por 20h: “Só pensava na família”

Samuel disse que não vai mais trabalhar como condutor de aplicativo após ter sido sequestrado, esfaqueado e deixado amarrado em carro

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motorista de aplicativo Samuel Veras dos Santos, sequestrado no df
1 de 1 motorista de aplicativo Samuel Veras dos Santos, sequestrado no df - Foto: Reprodução

O motorista de aplicativo Samuel Veras dos Santos (foto em destaque), 41 anos, passou momentos de terror entre a manhã de quarta-feira (29/01/2020) e de quinta-feira (30/01/2020). Ele ficou 20 horas nas mãos de bandidos, após atender a uma corrida para a Estrutural, onde mora. “Senti muito medo e achei que algo pior fosse acontecer comigo”, disse ao Metrópoles, na manha desta sexta-feira (31/01/2020).

Muito abalado, ele deu mais detalhes do drama que enfrentou e é taxativo: não vai mais rodar como motorista de aplicativo. Na manhã do crime, ele disse que foi abordado pelo casal suspeito, que logo anunciou o assalto.

Primeiro, entrou o homem. Depois, a mulher. “Achei suspeita a entrada deles e acionei duas vezes o botão de pânico, mas a empresa não ligou para a polícia. De imediato, eles anunciaram o assalto. No começo, pediram para eu ficar calado, dizendo que não devia fazer nada. Ainda consegui ligar para PM, ouvi a voz do policial, mas tive que desligar o celular”, contou.

Segundo Samuel, o homem não o agrediu em nenhum momento. Entretanto, a mulher o empurrava e batia em sua cabeça com uma arma. “Rodamos cerca de 250 km. Ficamos quase 20 horas juntos. Em muitos momentos, eu dirigia para eles e em outros era colocado no porta-malas. Não conseguia ver o que eles faziam direito”, ressaltou.

Samuel disse que não teve coragem de reagir. “Só pensava nos meus filhos, na minha mulher e na minha família. Tinha uma boneca da minha filha no carro, que ficou cheia de sangue. Eu pensava muito na minha família”, desabafou.

Samuel foi achado em uma linha férrea ao lado da Estrutural, na manhã de quinta-feira (30/01/2020). “Durante todo o percurso, tinha medo de acontecer algo pior. Quando estávamos entrando no cerrado, temi que eles fossem fazer algo pior comigo. Foi aí que vi uma poça de lama e joguei o carro nesse local. Os dois ficaram com muita raiva de mim e me deram uma facada na cabeça e outra no braço. Após isso, eles me amarraram e colocaram uma mochila na minha cabeça. Me deixaram lá até que fui encontrado pela polícia”, contou.

A Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF) procura o casal acusado de render e sequestrar a vítima. Eles a deixaram amarrada dentro do próprio carro.

Os suspeitos desferiram facadas na cabeça e nos braços de Samuel e roubaram pertences dele. “Foram levados R$ 1,1 mil e um frasco de perfume, mas o celular ficou com ele”, afirmou o delegado-chefe da 8ª DP (SIA), Rodrigo Bonach.

 

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Samuel Veras, motorista de aplicativo sequestrado

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Na fuga, os bandidos ainda amarraram a cabeça de Samuel no encosto do banco de motorista e ataram braços e pernas.

Agora, a 8ª DP aguarda o resultado dos laudos periciais do carro e tenta encontrar vestígios dos dois sequestradores. “Está sendo feita uma análise detalhada do veículo para encontrarmos esse casal”, finalizou o delegado.

O veículo da vítima passará pela câmara de fumigação de cianoacrilato, máquina que revela digitais em veículos usados em crimes.

Em nota, a Uber lamentou o episódio e disse que colaborou com a investigação da Polícia Civil, fornecendo as informações solicitadas, nos termos da lei. “Segurança é prioridade para a Uber e a empresa está sempre buscando, por meio da tecnologia, fazer a plataforma a mais segura possível de uma forma escalável. Hoje uma viagem pelo aplicativo já inclui diversas ferramentas de segurança antes, durante e depois de cada viagem”, explicou.

Informou ainda que a empresa está sempre avaliando e estudando novas medidas que possam aprimorar a segurança. “Entre as ferramentas, por meio da Central de Segurança do aplicativo, usuários e motoristas têm a opção de ligar para a polícia em situações de risco ou emergência diretamente do app”, ressaltou.

Dois mortos

Na manhã do dia 23 de janeiro, o corpo de um motorista de aplicativo foi encontrado no Condomínio Núcleo Rural Boa Esperança ll, na região da Granja do Torto. A Polícia Militar do Distrito Federal (PMDF) esteve no local, por volta das 7h, e achou também um carro Renault Logan de cor branca.

O cadáver estava de bruços dentro de uma poça de água. O veículo estava em outra vala. O lugar fica próximo ao Condomínio Boa Esperança. Havia também duas facas onde o homem foi achado.

Maurício Cuquejo Sodré, 29, morava em Santa Maria. Ele era formado em gastronomia e sonhava em montar seu próprio restaurante. Horas depois, a Polícia Civil prendeu três adultos e um adolescente suspeitos de envolvimento no assassinato do motorista de aplicativo. O rapaz levou diversas facadas.

Neste começo de ano, outro motorista de app foi assassinado. A vítima era Aldenys da Silva, 29. Nessa quarta-feira (29/01/2020), a Polícia Militar prendeu Natanael Pereira Barros, 19, no centro de Taguatinga, acusado pelo crime.

Segundo levantamento da Secretaria de Segurança Pública do DF (SSP-DF), em dois anos, a capital teve 145 ocorrências de roubo com restrição de liberdade em que as vítimas trabalhavam como condutores de apps. O balanço expõe o crescimento da prática criminosa: o montante saltou de 38 registros em 2018 para 107 episódios no último ano.

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