Motoboy do DF agredido por PM usa veículo clonado e é preso
Segundo a Polícia Militar, a motocicleta original está registrada em Aparecida de Goiânia
atualizado
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O motoboy envolvido em uma discussão com um policial militar em condomínio de Taguatinga foi preso nesta segunda-feira (20/01/2020). Segundo a PMDF, a moto que ele dirigia era clonada. O veículo original está registrado em Aparecida de Goiânia (GO).
A proprietária da motocicleta registrou um boletim de ocorrência na Delegacia de Repressão a Furtos e Roubos de Veículos de Goiânia em 23/07/2019, depois que começou a receber multas.
Acompanhado de policias militares, o motociclista, de 21 anos, foi dirigindo o veículo até a 27ª Delegacia de Polícia (Recanto das Emas). Ele responderá por receptação e uso de documento falso. Diante do flagrante, a Polícia Civil do DF (PCDF) decidiu prendê-lo.
Ele estava detido na 27ª DP até a última atualização desta reportagem. A confusão entre o motoboy e o militar ocorreu na noite de domingo (19/01/2020) e é apurada pela 17ª Delegacia de Polícia (Taguatinga Norte). Nesta segunda, colegas de profissão estiveram na frente do prédio para cobrar punição ao militar pelas agressões.
Em entrevista ao Metrópoles, o síndico do condomínio, Rafael Curinga, conta que o entregador recebeu diversos pedidos para que saísse do lugar em que estava estacionado, pois atrapalhava os pedestres. De acordo com o administrador, ele foi xingado várias vezes, assim como o PM.
Segundo o síndico, o motoboy chegou à entrada do prédio às 20h26 e estacionou em frente à passagem utilizada pelos moradores. “O porteiro pediu para que ele estacionasse em outro lugar, mas o entregador disse que ia ficar ali mesmo até terminar o serviço.”
Pouco depois, às 20h30, o motoqueiro voltou, segundo Rafael. “Em vez de ir embora, acendeu um cigarro e ficou sentado em cima da moto.” Novo pedido teria sido feito para ele sair do local, mas, de novo, houve recusa.
Nesse meio-tempo, o PM estava chegando em casa, viu a confusão e perguntou o que acontecia. “O policial militar pediu para ele tirar [a moto] e foi xingado também. Depois disso, é o que aparece nas filmagens que outra moradora fez”, afirma.
Rafael desceu à portaria depois de o PM ter sacado a arma. “Mesmo com aquilo tudo, o motoboy não quis sair. Fui xingado e, só quando as viaturas da polícia chegaram e fomos à delegacia, ele saiu”, explica.
Um morador do condomínio, que preferiu não se identificar, confirmou que o entregador se recusou a tirar a moto da frente do prédio, mesmo tendo recebido vários pedidos. “Ele xingou o porteiro, falou que não ia sair dali. Desceu o síndico, que também falou para ele tirar, mas o motoboy não tirou”, afirma.
Na versão do vizinho, porém, foi o próprio condomínio que pediu a ajuda do PM para resolver a situação.
Vídeos
Imagens circularam em diversas redes sociais e aplicativos de mensagem. Nos vídeos, o PM, sem farda, e o motoboy discutem. Em determinado momento, o policial saca um revólver da cintura e ameaça o entregador. O caso foi registrado na 12ª DP (Taguatinga Centro).
A PMDF informou, por meio de nota, que vai “analisar as imagens e verificar a situação”. Também disse que o PM foi chamado pelo porteiro e pelo síndico do prédio, devido à “atitude agressiva e suspeita” do entregador.
A corporação diz que, na delegacia, foi constatado que o motoboy “possui várias passagens pela polícia, entre elas, por porte ilegal de arma de fogo, receptação e desacato”.
O próprio PM registrou a ocorrência na PCDF. Foram ouvidas testemunhas, e os envolvidos seguiram para o Instituto de Medicina Legal (IML).
Veja as imagens:
“Grosseria”
Abel dos Santos, 28, representante da Associação de Entregadores por Aplicativo, apresenta uma versão diferente. Segundo ele, foram os porteiros quem começaram com a falta de educação. “Ele respondeu à ignorância. Foram grosseiros com o entregador, que respondeu com grosseria”, diz.
De acordo com Abel, o entregador não achou um lugar melhor para estacionar a moto e acabou parando ali, achando que seria algo rápido. “Acontece com todo motoboy. São poucos os prédios que têm lugar para moto. Aí, a gente para onde consegue”, alega.
Para ele, o PM demonstrou descontrole durante a discussão. “O entregador não oferecia nenhum tipo de ameaça. O militar que se alterou, não teve controle.”
Devido a casos como esse, Abel defende a união entre os entregadores: “A gente criou a associação por causa disso. Queremos mais respeito das empresas de aplicativo, dos restaurantes e dos moradores”.