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Morta no DF: TCC de Pedrolina tratou da violência contra mulher negra

Amigos e vizinhos estão chocados com o assassinato da auxiliar de serviços gerais. Ela foi arrastada de uma parada de ônibus na L4 Sul

atualizado

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1 de 1 PEdrolina-2 - Foto: Reprodução

Um dia após Pedrolina Silva (foto em destaque), 50 anos, ser encontrada morta em um matagal às margens da L4 Sul, vizinhos e amigos ainda tentam entender tamanha crueldade. Até agora, nenhum suspeito foi preso. Uma colega de faculdade chamou atenção para o fato de a vítima ter tratado sobre a violência contra a mulher negra no trabalho final do curso (TCC) de serviço social na Universidade Católica de Brasília.

O Metrópoles esteve no endereço onde a auxiliar de serviços gerais morava havia cerca de três anos, na Quadra 3 do Paranoá Parque. O apartamento da vítima, no quarto andar, está vazio. Na porta, trancada por grade, há um tapete com a palavra inglesa welcome (bem-vindo, em português). As janelas estão fechadas. Após a notícia da tragédia, um familiar apareceu no local, mas os vizinhos não souberam dizer de quem se trata.

Os moradores do mesmo bloco de Pedrolina receberam a notícia com profunda tristeza. “Ficamos muito surpresos. Ela era amigável, trabalhadora. Pouco ficava na rua de conversa. Vivia só e não era de receber visitas. Saía todo dia cedo e voltava à noite. A rotina, pelo que nós percebíamos, se resumia a de casa para o trabalho e vice-versa”, disse Rosimar Lopes Coelho, 66, morador do segundo andar do prédio da vítima.

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O cadáver estava em um matagal atrás do Centro Universitário Unieuro, na L4 Sul
Familiares esperam por mais informações
Polícia pede para os familiares se afastarem, para preservar o local do crime
Familiares no local do crime
Perícia da Polícia Civil chega ao local do crime
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Agentes da PCDF encontraram, na tarde de terça-feira (03/09/2019), o corpo de uma mulher identificada como Pedrolina Silva, 50 anos

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O cadáver estava em um matagal atrás do Centro Universitário Unieuro, na L4 Sul

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Familiares esperam por mais informações

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Polícia pede para os familiares se afastarem, para preservar o local do crime

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Perícia da Polícia Civil chega ao local do crime

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Familiares e amigos da vítima aguardam a identificação do corpo

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Delegada Jane Klébia, da 6ª DP, consola os parentes da vítima

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Assassino arrasta a vítima por cerca de 800 metros

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A cunhada de Pedrolina procurou a 6ª DP para informar aos investigadores que havia conseguido rastrear o telefone da vítima

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Outro vizinho, do bloco da frente, o vigia João Vargas Teixeira, 53, comentou que, na última semana, falou rapidamente com a auxiliar de serviços gerais enquanto ela saía de casa para ir ao mercado. “Todos se conhecem na região. Ela passou e eu estava na rua conversando. A Pedrolina me cumprimentou e logo voltou com as compras. Era uma mulher tranquila. Nunca a vimos em nenhuma confusão. Também queremos entender o que aconteceu com ela”, ressaltou.

Cunhada de Pedrolina, Ivanete de Sena Cavalcante, 47, disse que a família está muito triste. “Não estamos acreditando no que aconteceu. É um momento difícil”, ressaltou. Ela disse que os parentes vão nesta quarta-feira (04/09/2019) pela manhã ao Instituto Médico Legal (IML) liberar o corpo e que ainda não há informações sobre o sepultamento.

Pedrolina vivia o melhor momento da vida. Há dois meses, havia pegado as chaves do seu apartamento, no Paranoá Parque, e, no final de 2018, formou-se em serviço social pela Universidade Católica de Brasília. Funcionária de uma farmácia em Taguatinga Norte, alimentava muitos outros sonhos, que acabaram interrompidos de forma brutal.

O assistente social Cláudio Alves de Almeida, 48, conhecia Pedrolina há cerca de oito anos. Os dois cursaram juntos serviço social na Católica e se formaram no ano passado. Ao Metrópoles, ele, que tinha contato próximo com a vítima, disse que todos estão chocados com a morte da amiga.

“Conversávamos diariamente. O nosso grupo da faculdade nunca se afastou. O mais impressionante nisso tudo é que ocorreu com ela exatamente o tema que nós mostramos no nosso trabalho de conclusão de curso: ‘A violência contra a mulher negra no DF’. Assim que eu soube do desaparecimento, disponibilizei meu número para receber notícias sobre o paradeiro da Lina. Estávamos angustiados sem notícias e, infelizmente, recebemos a pior delas”, comentou.

Cláudio afirmou ainda que Pedrolina estava solteira e não se relacionava com ninguém atualmente. “Não sabemos o que pode ter motivado essa crueldade que fizeram com a nossa querida Lina. Acreditamos que, nesse caso, foi um bandido que encontrou naquele momento uma oportunidade. É ruim saber que essa violência existe e está tão próxima a nós”, destacou.

Ainda segundo Cláudio, a família está muito abalada. “Conversei com a dona Alice, mãe da Lina, por telefone, mas ela está desolada. Não conseguia falar. O filho que denunciou o desaparecimento da mãe no domingo mesmo também está procurando forças para seguir.” O assistente social descreveu a amiga como uma pessoa feliz e guerreira. “Tinha o coração enorme. Muito humana. Falar dela é fácil. Sempre preocupada com o bem-estar dos que a cercavam. Tinha uma maneira linda de levar a vida e sua alegria era contagiante. Já nós faz uma falta imensa”, acrescentou.

Atacada na parada de ônibus

Atacada e rendida no domingo (01/09/2019) em um ponto de ônibus da L4 Sul, Lina foi encontrada morta por agentes da Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF) em um matagal atrás do Centro Universitário Unieuro nessa terça-feira (03/09/2019).

Ao Metrópoles, uma amiga e colega de trabalho de Pedrolina Silva chorou ao se lembrar da amiga. Claunice Telles, 49, havia combinado de buscar Pedrolina na parada entre 10h15 e 10h30. “Ela morava sozinha e acabava passando muitos fins de semana sem companhia. Eu a convidei para passar o dia comigo e minha família no clube e, como moro no Gama, marquei de buscá-la na L4 Sul”, contou.

Claunice diz que chegou ao local no horário combinado e não a viu. “Liguei três vezes, e só dava caixa postal. Pensei que ela tivesse desistido de última hora e não conseguiu me avisar por falta de bateria.” Instantes antes, Pedrolina enviou áudio pelo WhatsApp para Claunice, dizendo que havia chegado à parada.

Ouça:

Ao tomar conhecimento da morte da amiga, Claunice entrou em choque. “De certa forma, me sinto culpada, porque, se eu não tivesse feito o convite, nada disso teria acontecido. Ela vivia o melhor momento, havia conquistado muitas coisas”, disse, emocionada. Pedrolina era separada e mãe de um homem de 30 anos, casado e morador de Ceilândia.

Corpo em matagal

A execução de Pedrolina ocorre no momento em que a cidade acompanha em choque os desdobramentos do caso do maníaco Marinésio Olinto, 41 anos, que confessou ter matado duas mulheres e é suspeito de ser o autor de outros homicídios.

No caso de Pedrolina, após as investigações, policiais tiveram acesso a imagens de câmeras de segurança que mostram um homem, às 9h43, correndo e subindo um barranco rumo ao ponto de ônibus onde ela estava. O criminoso agarra e imobiliza a auxiliar de serviços gerais. Ela tenta resistir, mas é rendida. Na sequência, o suspeito a arrasta para um matagal.

 

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O corpo de Pedrolina foi encontrado de bruços, apenas de calcinha e com uma camiseta listrada manchada de sangue. Ainda não há confirmação se houve violência sexual.

Celular rastreado

Na manhã de terça-feira (03/09/2019), a cunhada de Pedrolina procurou a 6ª Delegacia de Polícia (Paranoá) para informar aos investigadores que havia conseguido rastrear o telefone dela. A localização indicava que o aparelho estava dentro do Lago Paranoá. De posse dessa informação, os agentes iniciaram as buscas na margem, onde localizaram a universitária sem vida e seminua. O caso é investigado pela 1ª DP (Asa Sul).

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