Moradores fazem cordão e cercam construções para evitar derrubada
Objetivo é retardar operação da Agefis no condomínio Estância Quintas da Alvorada, enquanto tentam conseguir uma liminar na Justiça para suspender retirada
atualizado
Compartilhar notícia
Moradores do condomínio Estância Quintas da Alvorada tentaram impedir a derrubada de casas nesta quarta-feira (17/8). Um grupo chegou a se trancar em uma das residências que seria demolida, ocupando cômodos e até o telhado. Desta vez, a manifestação foi pacífica. Após horas de negociação, os ocupantes deixaram o local e a residência foi colocada abaixo.
A intenção dos moradores era ao menos atrasar a operação enquanto tentavam uma liminar suspendendo a ação da Agência de Fiscalização. (Agefis) no condomínio, que fica no Altiplano Leste, entre o Lago Sul e o Paranoá.Mais cedo, no início da manhã, eles tentaram interditar novamente a DF-001. Com restos de construção e entulhos, atearam fogo num trecho da pista, impedindo o tráfego de veículos. Desta vez, porém, equipes dos bombeiros e da Polícia Militar agiram rapidamente, apagaram as chamas e liberaram a via.
Os moradores tentam evitar a derrubada de casas, iniciada pela Agefis na segunda (15). Segundo a presidente do órgão, Bruna Pinheiro, apenas os imóveis em construção serão alvo da operação. De acordo com ela, são cerca de 80 construções novas, não habitadas. Um levantamento do GDF revela que o condomínio tem 1.970 lotes, dos quais apenas 34% estão edificados.
Área pública
Segundo a Agefis, os imóveis foram construídos em área pública, de propriedade da Terracap. Os moradores se mobilizam para tentar uma liminar da Justiça capaz de interromper a derrubada. Nesta primeira fase, imóveis em construção ou vazios estão sendo derrubados. Duas casas de dois andares e área de lazer em construção foram ao chão.
A agência alega que a operação cumpre determinação judicial decorrente da ação civil pública 29.041/94. Aproximadamente 200 outras construções no condomínio realizadas após julho de 2014 também devem ser derrubadas.
A Agefis explicou que a identificação das construções irregulares é feita por geoprocessamento utilizando imagens de satélite. De acordo com o órgão, o terreno, de 2.313.122 metros quadrados, vinha sendo ocupado irregularmente desde 2008.
A agência garante que nenhuma das residências chegou a ser habitada. A maioria ainda está na fase de obras de alvenaria. Há três liminares judiciais: uma delas destinadas a garantir a construção de duas portarias de acesso ao condomínio, e duas para habitações.
Vídeo
Os moradores estão indignados com a operação. Eles alegam que em novembro de 2014, Rodrigo Rollemberg, então candidato ao governo do DF, esteve no local e prometeu que não haveria a derrubada de casas na região. Divulgaram, inclusive, um vídeo da promessa.
Na ocasião, Rollemberg afirmou que era preciso diferenciar os grileiros dos moradores e que usaria o “bom senso” para não deixar as famílias desabrigadas. “Eu posso garantir a vocês que nós não vamos ensejar a derrubada de casa nenhuma. Isso aqui tem que ser regularizado. Isso é óbvio, questão de bom senso. Temos que parar com esse lenga lenga que virou a regularização de condomínios”, prometeu na gravação de mais de sete minutos.
“Nos sentimos traídos. Quando era candidato, Rodrigo Rollemberg esteve aqui e nos prometeu que não haveria derrubada. Agora, de forma arbitrária, ele mandou a Agefis aqui, sem nos dar sequer o direito de defesa”, desabafou Lila Paula de Souza, servidora pública, 37 anos, que mora desde 2010 no Estância Quintas do Alvorada.
Cordão e spray de pimenta
Na terça, os moradores conseguiram interditar a DF-001 por mais de sete horas, causando um grande transtorno no trânsito. Depois de retirados da via, fizeram um cordão de isolamento na entrada do condomínio para evitar a derrubada. A Polícia Militar usou spray de pimenta para desmobilizar os manifestantes.