Moradores do Jardins Mangueiral reclamam de água turva e com alta concentração de ferro
Segundo a Caesb, no entanto, abastecimento é de excelente qualidade. Especialistas afirmam que a característica é comum em solo como o do DF
atualizado
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Moradores do condomínio Jardins Mangueiral, em São Sebastião, têm reclamado da água que abastece a região. Eles começaram a desconfiar de que havia algo de errado quando notaram uma coloração diferente e turva no líquido que sai das torneiras do condomínio. O problema não é novo. No entanto, nada foi feito para solucioná-lo.
Rômulo Rosa de Araújo (foto principal), 37 anos, é síndico do condomínio. Ele conta que entrou em contato com a Companhia de Saneamento Ambiental do Distrito Federal (Caesb) há alguns meses, mas a resposta foi que não havia nada de errado com a água. “Sabemos que a realidade não é essa, então testei a água por conta própria em um laboratório. Fiz até uma denúncia para a Agência Nacional de Águas (ANA), mas ainda não recebi uma resposta”, relata.
O teste solicitado por Araújo foi realizado com amostra coletada em 8 de junho — prova, segundo ele, de que o problema não é de hoje. Os resultados apontaram uma concentração de 0,97 miligramas de ferro por litro de água do condomínio, quando o recomendado é algo em torno de 0,3 mg/L. Também foi registrada redução de transparência muito acima do valor de referência: 26,1 unidades de turbidez (uT), quando o padrão seria de 5 uT.
“A água sai com cor de terra. Fiz um orçamento para instalar um filtro no condomínio e evitar problemas, mas ele ficou em R$ 137 mil”, alega o síndico. “Pagamos uma fortuna de água por mês e não deveríamos ter que nos preocupar com isso”.
Resposta
Em nota, a Caesb afirmou que a água que abastece o condomínio Jardins Mangueiral é a mesma que alimenta os sistemas do Lago Sul e de São Sebastião. A companhia frisou que a qualidade da água é excelente e acrescentou que, se houvesse problemas, teriam sido registradas queixas de moradores de todas as localidades.
A companhia afirma que a água fornecida pela Caesb segue os critérios estabelecidos nas Resoluções 357/2005 (adotada para água bruta superficial) e 396/2008 (água bruta subterrânea) do Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama), e na Portaria nº 2.914/2011 do Ministério da Saúde (água tratada) e “tem proporcionado à companhia um completo controle da qualidade da água em todas as suas etapas, desde a produção até a distribuição ao usuário”.
Solo
Geraldo Boaventura, doutor em química analítica ambiental da Universidade de Brasília (UnB), explica que o tipo de solo da capital favorece concentrações de minerais como o ferro. “Boa parte das águas do DF tem essa característica físico-química. Não conheço nenhuma região que apresente quantidades absurdamente altas a ponto de prejudicar a população”, explica Boaventura. “Em Brasília, a água sempre vai ter uma mais ferro que em outros locais, justamente pela geologia que temos aqui”.
Saúde
No entanto, a população deve ficar atenta a índices muito elevados. Daniel Salomão, um dos coordenadores de clínica médica dos hospitais do Grupo Santa, alerta que o ferro em alta concentração pode acarretar na proliferação de alguns tipos de bactéria. “O consumo dessas bactérias pode resultar em malefícios para a saúde. Mas a ingestão do ferro, em si, não causa intoxicações para o organismo”, explica. “O corpo humano é preparado para absorver o mineral”.