Moradores deixam prédio que ameaça desabar em Vicente Pires
Segundo a Defesa Civil, o edifício tem problemas graves na estrutura e pode ser demolido, caso as falhas não sejam corrigidas
atualizado
Compartilhar notícia
Moradores de um prédio interditado pela Defesa Civil na rua 8, chácara 210, lote 2, de Vicente Pires, tiveram de deixar o local nesta sexta-feira (27/10). A construção corre o risco de desabar e pode ser demolida. Tem problemas graves, como fissuras em vigas e lajes.
A Defesa Civil deu prazo para que os moradores desocupassem o edifício até as 8h. Mas ampliou o limite para as 10h, até que todos pegassem seus pertences. Trata-se de uma evacuação emergencial. Assim que o prédio for todo esvaziado, o local será lacrado e os moradores serão impedidos de entrar.De acordo com a publicitária Suellen Rocha, 35 anos, que reside com o marido e dois filhos em um dos apartamentos do edifício, as famílias estão assustadas e foram pegas de surpresa. “Estamos todos desesperados. Após a avaliação nos últimos dias, eles (fiscais) informaram que teríamos que deixar o local por segurança à nossa integridade física. Mesmo assim, ainda não sabemos o que fazer”, disse a mulher, que reside no quinto andar do prédio.
Ao todo, 20 famílias foram afetadas. “Não nos deram nenhum tipo de informação sobre o que ocorrerá. Queremos ter a certeza de que poderemos voltar. Aqui está todo o investimento da minha família”, acrescentou Suellen. Ela reside no local há mais de um ano e conta que foi autorizada pelo proprietário a se mudar mesmo com o prédio ainda em obras.
“Temos consciência de que a construção precisa passar por diversas melhorias estruturais”, destacou a publicitária. De acordo com a Agência de Fiscalização do DF (Agefis), o dono do prédio já foi autuado 30 vezes. São 20 multas até o momento, que somam R$ 123 mil.
Depois que um homem morreu em uma construção irregular na sexta-feira (20), a Agefis e a Defesa Civil intensificaram a fiscalização na cidade e interditaram o prédio.
A balconista Mirian Silveira, 58 anos, deixou o local na quarta-feira (25). Ela foi para a casa da irmã. Na manhã desta sexta (27), voltou para buscar roupas de cama, panelas e últimos objetos pessoais. “Não resistimos à evacuação. Só queremos saber o que acontecerá com as nossas casas e os nossos investimentos”. A família de Mirian aplicou R$ 530 mil, há cerca de dois anos, na compra de um apartamento de quatro quartos no endereço agora condenado.
A autônoma Dagmar Maria de Oliveira, 52, disse que está muito abalada com toda a situação. Ela mora no edifício com dois filhos desde dezembro de 2016. “Não imaginávamos que o prédio tinha tantos problemas. Graças a Deus, temos familiares que nos abrigaram e teremos onde ficar, mas eles podiam ter dado um tempo maior para sairmos com dignidade da mesma maneira como entramos para morar aqui”, disse.
Problemas graves
O coronel Sérgio Bezerra, subsecretário da Defesa Civil, explicou que os fiscais fizeram uma vistoria no local, a pedido da Administração Regional de Vicente Pires, e perceberam diversos problemas estruturais. “Houve uma ocupação irregular do prédio ainda em construção e isso não poderia ter ocorrido. Esta semana, durante a nossa vistoria, percebemos um somatório impressionante de problemas estruturais que nunca tínhamos visto antes”, disse.
Segundo ele, há fissuras nas vigas e nas lajes com iminência de desabamento.
É uma estrutura que a Defesa Civil sequer entende porque está em pé . Estamos interditando para que não haja nenhum risco para a vida destas famílias, pois sabemos que essas estruturas matam.
Sérgio Bezerra, subsecretário da Defesa Civil
Segundo Bezerra, para resolver o problema, o prédio teria de ser praticamente reconstruído. “O retorno e a conivência são quase inviáveis em função dos inúmeros problemas identificados”, afirmou. Ele disse ainda que, se o proprietário não apresentar o plano de emergência até o início da semana que vem, a edificação pode ser demolida.
Justiça
O presidente da Associação de Moradores do edifício, Cléber Alves dos Santos, informou que o dono da edificação não atende as ligações dos moradores. “Ele nos deixou sem nenhum amparo. Hoje (sexta), havíamos marcado uma reunião com advogados e ele sequer deu sinal. Vamos acionar a Justiça para garantir os nossos direitos e resolver os problemas deste prédio. Não queremos a demolição. Vamos até o fim para que tudo seja resolvido”, disse Cléber.
O Metrópoles tentou contato com o dono do edifício, mas ele não foi localizado até a última atualização desta reportagem.