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Moradores de rua se espalham pela cidade à espera de solidariedade

As festas estão chegando e, com elas, cresce a expectativa por ajuda. Pessoas se abrigam em barracos de lona no DF em busca de doações

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Doações de final de ano para moradores de rua
1 de 1 Doações de final de ano para moradores de rua - Foto: Rafaela Felicciano/Metrópoles

Cerca de 3 mil pessoas vivem em situação de rua no Distrito Federal. Como acontece todos os anos com a proximidade das festas de Natal e Réveillon, esse contingente tende a aumentar. Muitas vêm de outras cidades em busca de doações e espalham moradias improvisadas especialmente nas áreas mais nobres da capital.

Os pedintes estão abrigados sob árvores, em terrenos abandonados, viadutos, marquises e nas proximidades de prédios residenciais. Há duas semanas, a família de Francisca Guedes Pereira, 52 anos, que possui casa própria, se instalou no fim do Eixinho Norte, em frente ao viaduto da Ponte do Bragueto, para conseguir ajuda.

“Sou natural do Piauí, mas vim com meus filhos e netos para Brasília há alguns anos. Na minha família, estamos todos desempregados. Costumo catar latinhas e, nessa época, estamos aqui para conseguir roupas, alimentos e brinquedos”, diz. Francisca garante precisar de todo tipo de ajuda e revela um sonho: conseguir doações para fazer uma ceia de Natal.

Girliane Pimenta da Silva, 29, trabalha como catadora de recicláveis na “Invasão da Colina”, altura da 610/611 Norte. Ela está na região há aproximadamente cinco anos e conta que, no Natal, leva a mãe, os irmãos e os cinco filhos ao local para que todos recebam doações.

Outro dia veio uma senhora aqui e deixou cestas básicas. Tem arroz, feijão, macarrão e alguns biscoitos para as crianças. Apesar de levarmos uma vida difícil, tenho saúde e a minha família sempre ao meu lado. Sou feliz assim.

Girliane Pimenta da Silva

Segundo ela, quando as pessoas percebem que é uma família, elas costumam ajudar. Para atrair a atenção e comover os brasilienses, Girliane fez uma árvore de Natal e colocou uma placa para pedir auxílio. “Com o meu trabalho, comprei um terreno e o meu próximo objetivo é conseguir materiais para construir a minha casa. Estamos com uma boa expectativa. Esperamos que pessoas boas de coração apareçam em nossas vidas”, acrescentou a catadora.

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Há duas semanas, a família de Francisca Guedes Pereira, 52 anos, se instalou no fim do Eixinho Norte, em frente ao viaduto da Ponte do Bragueto
O Distrito Federal tem, hoje, cerca de 3 mil pessoas que vivem em situação de rua
A família de Girliane precisa de doações
Girliane Pimenta da Silva, 29 anos, trabalha como catadora de recicláveis na “Invasão da Colina” localizada à margem da L3 Norte, na altura da 610/611
"Comprei um terreno e quero construir a minha casa"
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Moradores de rua esperam doações de final de ano

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Há duas semanas, a família de Francisca Guedes Pereira, 52 anos, se instalou no fim do Eixinho Norte, em frente ao viaduto da Ponte do Bragueto

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O Distrito Federal tem, hoje, cerca de 3 mil pessoas que vivem em situação de rua

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A família de Girliane precisa de doações

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Girliane Pimenta da Silva, 29 anos, trabalha como catadora de recicláveis na “Invasão da Colina” localizada à margem da L3 Norte, na altura da 610/611

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"Comprei um terreno e quero construir a minha casa"

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Girliane tem cinco filhos

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Crianças brincam enquanto aguardam os presentes de Natal

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“Fizemos a nossa árvore de Natal e colocamos uma placa para informar que precisamos de ajuda"

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Placa em frente ao acampamento onde a família está

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Na quinta-feira (30/11), eles ganharam cestas básicas

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Perigos
Essa população recebe solidariedade, mas também enfrenta agruras. No dia 29 de novembro, um morador de rua identificado como Janes Brito, 53, morreu em uma parada de ônibus em frente ao Hospital Regional da Asa Norte (Hran). Testemunhas disseram à Polícia Militar que ele passou mal após se queixar de dores no peito. O socorro foi acionado, mas, quando chegou ao local, o homem já estava morto.

Até o início deste mês, nenhum familiar havia sido identificado e reclamado o corpo de Janes no Instituto Médico Legal (IML). A morte do morador de rua ocorre num momento em que não há, no Governo do Distrito Federal, nenhuma abordagem social para pessoas que vivem em situação de vulnerabilidade.

De acordo com a Secretaria do Trabalho, Desenvolvimento Social, Mulheres, Igualdade Racial e Direitos Humanos (Sedestmidh), o serviço não funciona desde junho de 2017, quando o contrato vigente venceu e a Justiça mandou suspender licitação que contrataria empresa para desempenhar a função. O resultado da concorrência pública apontou o Instituto Ipês como vencedor e foi questionado pelo segundo colocado da disputa, a Casa Santo André.

Agora, o Tribunal de Justiça do DF e Territórios (TJDFT) decidiu cassar a liminar. “A pasta está dando continuidade à contratação da empresa vencedora do Edital 04/2016 (Instituto Ipês). A previsão de assinatura da nova parceria é para este mês”, informa a nota da Sedestmidh. O objetivo é atender 3 mil pessoas por meio de 30 equipes.

Além de abordar os moradores de rua, o serviço de encaminhamento tem como objetivo conduzir  essas pessoas até abrigos ou outros locais de proteção.

De acordo com o socioeconomista e professor da Universidade de Brasília (UnB) Luís dos Santos, uma pesquisa realizada por alunos de sociologia da instituição de ensino superior com pessoas em situação de vulnerabilidade no DF revelou que mais de 85% dos moradores de rua usam drogas.

A recomendação é evitar dar esmolas para não estimular a permanência dessas pessoas em situação de risco. “A generosidade acaba estimulando os moradores de rua a pedir e isso não é o ideal. É preciso haver estratégias a longo prazo, educação da população e que o poder público esteja mais atento, acompanhando a situação de perto para garantir apoio e orientação aos que estão em situação de vulnerabilidade”, afirma.

Acolhimento
Segundo a Sedestmidh, os locais com a maior concentração de pessoas em situação de rua no DF são: asas Sul e Norte, Taguatinga, Gama e Ceilândia.

Ainda de acordo com a pasta, existem centros, unidades de acolhimento e casas conveniadas que oferecem vagas, mas as famílias recusam a ajuda do governo. As equipes de abordagem explicam a todos os serviços de proteção social prestados pelo governo de Brasília e orienta a procurarem os Centros POP – Centro Especializado em Atendimento à População em Situação de Rua.

“Nos centros, temos café da manhã, almoço, cursos, banheiros, locais para lavar roupa e descansar, horta comunitária, além de atendimentos social e psicológico. As pessoas em situação de rua podem recorrer também aos Cras e Creas, onde são oferecidos auxílio vulnerabilidade, benefício excepcional, acesso ao cadastro da Codhab, Bolsa Família e DF Sem Miséria”, informou a secretaria.

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