Moradores de casas destruídas pelas chuvas no DF cobram novos lares
Em protesto nesta 4ª feira, moradores do Sol Nascente acusam governo local de não tomar medidas de segurança necessárias à região
atualizado
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Após terem as casas destruídas pelo transbordo de uma bacia de contenção da água da chuva, no último sábado (19/11), famílias do Sol Nascente protestaram em frente à Administração Regional da cidade, para cobrar ajuda do poder público e novas residências.
A manifestação ocorreu nesta quarta-feira (23/11). Os participantes afirmam que o Executivo local tem parte da responsabilidade pelo ocorrido. Após a inundação do fim de semana, 20 casas tiveram de ser demolidas, por orientação da Defesa Civil.
Os manifestantes acusam o Governo do Distrito Federal (GDF) de não levar obras de drenagem à região administrativa e por supostas falhas na limpeza e manutenção da bacia de contenção hídrica que transbordou.
Assista ao protesto:
Sem imóveis, as famílias passaram a morar de favor com amigos e parentes.
Na noite de sexta-feira (18/11), o motoboy Francisco Silvam de Oliveira, 27 anos, estava em casa, com o cachorro Zeus, um pit-bull de 5 meses. Os dois acabaram levados pela enxurrada. “A água me carregou. Derrubou minha casa comigo e me arrastou”, relata.
Zeus pulou em cima do tutor, em busca de ajuda. O motoboy tentou segurar o cachorro com todas as forças, mas a corrente separou os dois, e o filhote ficou com uma das patas presas em uma árvore.
“Na hora, eu pedia ajuda a Deus e pensava no meu pai e na minha mãe”, completou Francisco, que conseguiu se agarrar a uma árvore, esperar a correnteza diminuir e se salvar.
Veja imagens do local:
Depois de pedir ajuda, o motoboy foi resgatado pelo Corpo de Bombeiros Militar do Distrito Federal (CBMDF). Ele se feriu e precisou ser hospitalizado. Após receber alta, descobriu que cachorro sobreviveu.
O reencontro se seguiu do sentimento de alívio. “Zeus cortou uma pata, mas está bem graças ao Senhor Jesus. Ele gritava por ajuda, e eu ouvia do outro lado. Eu estava com medo de a correnteza levar ele de novo”, desabafou o tutor.
Apesar do alívio, Francisco perdeu bens, documentos e teve de imobilizar a perna. “Fraturei as duas em dois lugares, e me cortei todo. Dependo dos outros para tudo. Eu não tenho família aqui, a minha é do Ceará. Eu fiquei pelado. Até a roupa do corpo que eu usava, a água levou. Não é fácil”, contou, em lágrimas.
“Praticamente todo mundo perdeu tudo. Foi tudo embora na correnteza. Queremos nossa moradia de volta. [Isso] é o mais importante. Mas, toda vez que durmo, acordo com a imagem da casa caindo em cima de mim e da água me levando”, acrescentou o motoboy.
Agora, Francisco espera superar o trauma e ter condições de trabalhar. Da mesma forma que outros moradores, ele cobra a oferta de apoio do Estado. “Chovia muito forte. E o que aconteceu? Não fizeram a limpeza da bacia neste ano. As saídas de água ficaram entupidas, e ela [a bacia] transbordou, carregando casas, motos”, detalhou.
Força-tarefa
O GDF montou uma força-tarefa para minimizar atender a população da área afetada e criou um grupo permanente, formado por 21 órgãos e estatais, para atuar em situações de emergência.
No Sol Nascente, as equipes mapearam outras áreas de vulnerabilidade e adotaram medidas para evitar novas tragédias. O governo local argumentou que prestará apoio às famílias atingidas, mas não detalhou as medidas tomadas.
O Metrópoles questionou o Executivo local sobre falhas na execução dos serviços de drenagem, limpeza e manutenção da bacia de contenção. No entanto, não teve resposta.