Moradores comandam projeto de horta comunitária e preservação de nascentes em São Sebastião
Trabalhos são realizados há 10 anos em local que abrigava um lixão. São cinco mil metros quadrados de plantação e três mananciais preservados
atualizado
Compartilhar notícia
Hortaliças, banana, ingá, manga, araticum. Esses são alguns dos produtos encontrados na Horta Comunitária Girassol, na Quadra 12 do Morro Azul, em São Sebastião. O espaço, inaugurado em 2005, costumava abrigar um dos lixões da cidade. Hoje, o projeto que começou com dois canteiros já ocupa uma área de cinco mil metros quadrados e também ajuda na preservação de três nascentes próximas às plantações.
À frente dos trabalhos está Hosana Alves (na foto acima), de 44 anos. A dona de casa mora há mais de duas décadas na cidade e afirma que a principal motivação para o início do projeto foi acabar com o lixão que ficava ao lado de sua residência. “Eu adoro mexer com plantas, adoro o cerrado. Percebi aqui um grande potencial e a vantagem de se transformar algo ruim em um benefício para a sociedade. Se a gente não cuida, quem vai cuidar?”, diz.
O projeto é aberto à comunidade e doa alimentos a creches da região. Há pouco mais de dois anos, começou um trabalho para preservar três nascentes que abastecem a cidade. Hosana relembra que São Sebastião abrigava 16 mananciais, na época em que ela se mudou para lá – hoje restam apenas três. O sustento, conta, vem de doações da Administração Regional e da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Governo do Distrito Federal (Emater-DF).
Vimos que o nível da água estava abaixando, então fomos atrás dos motivos. Quando descobrimos que era por conta do desmatamento, entramos com o processo de adoção de nascentes junto ao Instituto Brasília Ambiental (Ibram) e começamos o trabalho de preservação por meio do reflorestamento
Hosana Alves
Entre os objetivos está a mudança na forma como a cidade é vista. “Queremos que São Sebastião seja conhecida como a cidade das águas. A região é muito rica em nascentes, queremos resgatar esse histórico e trazer ao conhecimento da população”, afirma.
Outro plano é transformar a área onde ficam os mananciais em um parque com trilhas e vegetação, a exemplo do que foi feito no Parque Olhos D’Água, na Asa Norte. No entanto, para 2016, a prioridade é a construção de um galpão na própria horta – local que servirá de abrigo para os cursos que o projeto oferece. Atualmente, os treinamentos são realizados em uma tenda improvisada entre as folhas.
Comunidade
Sandra Brito, de 45 anos, é formada em ciências biológicas e passa na horta a cada 15 dias para adquirir os produtos orgânicos cultivados. As frutas e hortaliças são vendidas a preços variáveis, dependendo da quantia que o comprador tem disponível para pagar. “É muito importante termos isso aqui em São Sebastião. Acho que todas as comunidades deveriam oferecer algo parecido”, defende.
O espaço beneficia uma média de 10 famílias e serve como terapia para alguns moradores. “É onde eu mantenho a minha saúde, a minha lucidez”, revela José Luiz Mesquita, de 88 anos. O aposentado trabalha todos os dias no cultivo das plantas e ajuda a manter o projeto desde que ele foi inaugurado.