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Moradora do DF que fingia ter câncer enganou marido e filhos, diz PCDF

Para a Polícia Civil, Telma Cristina Saraiva, 44 anos, mentiu para receber ajuda financeira e outras doações. Ela não quis se manifestar

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1 de 1 - Foto: RAYAN RIBEIRO/DIVULGAÇÃO

Telma Cristina Saraiva, 44 anos, que fingia ter câncer para receber ajuda financeira e outras doações, também enganou o marido e os três filhos, informou a Polícia Civil do DF nesta terça-feira (12/3). A moradora do Guará foi indiciada por estelionato continuado (quando há mais de uma vítima). Caso seja condenada, poderá pegar pena de um a cinco anos de prisão. Ela começou dizendo que tinha câncer nos seios, depois no intestino e, por último, no reto.

A Coordenação de Repressão aos Crimes Contra o Consumidor, a Propriedade Imaterial e a Fraudes (Corf), que investigou a denúncia contra Telma, pede que outras vítimas dela registrem ocorrência. De acordo com  polícia, a mulher deu início à fraude há quatro anos, quando o marido decidiu se separar. Após o anúncio da doença, o homem permaneceu com a família.

Segundo a polícia, tanto o companheiro quanto os três filhos, que têm idades entre 15 e 20 anos, acreditaram na mentira. Alguns parentes chegaram a raspar o cabelo em solidariedade a ela.

A polícia ainda não estimou o valor arrecadado pela mulher ao longo dos anos, mas confirmou que as doações ocorriam em dinheiro, transferências bancárias, além de cestas básicas e até tratamentos estéticos em SPA.

O coordenador da Corf, delegado Wisllei Salomão, contou que no ano passado o marido teria descoberto a mentira e se separado dela. O homem, no entanto, não denunciou o crime à polícia. A denúncia foi feita em fevereiro pela Organização Não Governamental (ONG) Vencedoras Unidas, responsável por acolher mulheres diagnosticadas com a doença. Telma procurou a entidade pedindo ajuda financeira e oferecendo palestras motivacionais.

Procurada pelo Metrópoles, Telma chegou a atender o telefone, mas disse que não iria se manifestar.

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Telma já promoveu várias palestras
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Telma ganhou o prêmio de Miss Superação

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Telma já promoveu várias palestras

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Uma das diretoras da ONG, Lilian Kelly de Oliveira, 41, disse que o Vencedoras Unidas trata o assunto com cautela e prefere aguardar o resultado das investigações. Mas contou que Telma teria chegado à ONG informando que já havia se curado de três cânceres – dois de mama e um no intestino – e estaria em tratamento de um terceiro, no reto.

Além disso, segundo afirmou, Telma alegou ter sofrido também um AVC no passado. A história lhe rendeu o prêmio de Miss Superação no DF no ano passado.

Sem plano de saúde
De acordo com a denúncia feita à Polícia Civil, Telma teria pedido ajuda a participantes do grupo e ao “público em geral”. Teria dito que passava por enormes dificuldades financeiras, inclusive com falta de alimentos, e, ainda, que estava prestes a perder o plano de saúde por causa de seu ex-marido.

A princípio, diz Lilian, ninguém suspeitou de nada. “Muita gente abraçou a causa dela”, garante. Com a visibilidade adquirida, algumas pessoas teriam prestado ajuda financeira. “Nós nos consideramos vítimas”, disse a diretora da ONG Vencedoras Unidas.

As suspeitas começaram em dezembro de 2018. “O comportamento dela não condizia com o de quem está em tratamento. Quando a questionávamos, entrava em contradição. Começamos a reparar que ela raspava o cabelo”, completa a representante do Vencedoras Unidas.

Depois, segundo contou Lilian, Telma teria dado o nome falso do médico que fazia o tratamento. “Disse também que precisava fazer quimioterapia manipulada em farmácia. Perguntamos ao oncologista se esse procedimento existia e a resposta foi ‘não’. Ficamos dois meses tentando entender a história”, acrescentou Lilian Kelly de Oliveira.

 

Após a desconfiança, Telma teria apagado suas contas nas redes sociais e fotos e saído do grupo de WhatsApp do Vencedoras Unidas, sem aviso prévio. “Nunca imaginamos que alguém pudesse mentir sobre isso. Estamos todas revoltadas”, lamenta Lilian.

A organização publicou uma nota em que “reitera o compromisso de continuar seus trabalhos, primando sempre pela credibilidade das informações e o respeito à vida, que são os pilares da ONG desde sua criação, em 2017”.

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