Moradora da 110 Norte chora ao ver apartamento destruído: “Terrível”
Segundo a Defesa Civil, se o prédio não tivesse uma margem de segurança para suportar mais peso, teria desabado
atualizado
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O grande incêndio que atingiu o sexto andar do Bloco M da 110 Norte só não derrubou o prédio porque a construção é de alto padrão e foi erguida para suportar mais peso do que o normal – a margem de segurança é de 400kg. A informação é do tenente-coronel Sinfrônio Lopes, engenheiro da Defesa Civil. O profissional esteve no local na tarde desta terça-feira (15/5).
“O prédio foi projetado para aguentar mais peso do que o normal. Não fosse de alto padrão, a prumada toda teria desabado”, disse Lopes. De acordo com Lopes, o calor de 700ºC acarretou o rompimento de 18 cabos de aço. Todos eles sustentam a laje – comprometida e, portanto, interditada. Segundo o engenheiro, a estrutura é perfeitamente recuperável.A empresa de escoramento foi acionada e, nesta quarta (16), deve começar o trabalho pelo quinto andar. Só depois a perícia poderá ser feita. A partir do reforço da estrutura, os moradores poderão voltar aos seus apartamentos, garantiu a Defesa Civil.
Com base em informações do engenheiro da Defesa Civil, os apartamentos têm varandas com 3 metros de distância entre uma e outra, mas apenas um ponto de apoio, que, se rompesse, provocaria uma queda em sequência de todas elas.
Um dia depois do incêndio, a moradora do apartamento 604 subiu ao imóvel e ficou chocada com a cena. Muita abalada, Marilda (ela não informou o sobrenome) disse que tudo está destruído em sua casa. “As paredes estão todas trincadas. O estado do andar é péssimo. Terrível”, narrou, em meio ao choro e à solidariedade dos vizinhos.
Conforme contou Marilda, ela foi liberada para subir e pegar alguns pertences, como roupas. Ao descer com as sacolas, percebeu estar com as mãos manchadas de fuligem. Marilda, que mora com o marido e a filha, vai ficar temporariamente na casa de amigos, no prédio ao lado.
O fogo começou no apartamento 603 e se espalhou pelo 604. A fumaça chegou ao 602, onde estavam as duas mulheres resgatadas pelo Corpo de Bombeiros. Uma é a síndica, identificada como Míriam. A outra, uma idosa de 90 anos. O cachorrinho que estava com ela, um shih Tzu, de 11 anos, chamado Uísque, morreu intoxicado.
Subsíndico do edifício, Luiz Antônio Tizoco Melgaço, 54 anos, também está ficando na casa de amigos. “Ficamos preocupados mesmo é com o estado de saúde dos demais moradores. Soubemos que já receberam alta e estão alocados em hotéis. Ainda bem que nada de mais grave aconteceu”, disse.
O coronel do Corpo de Bombeiros José Fernandes Mota Júnior ressaltou que o trabalho não pode ser realizado no apartamento 603 porque a estrutura está muito danificada e há risco de queda.
Veja vídeo do momento em que o apartamento pega fogo:
Provavelmente, uma equipe maior do que a de rotina será enviada ao local, com seis peritos, a fim de analisar a área. A suspeita é de que a estrutura esteja extremamente danificada e a zona de origem do fogo tenha sido muito extensa.
A psicóloga Sônia Serpa mora com o seu cachorrinho no apartamento 204 há oito meses. Ela conta que o animal foi salvo pela secretária no momento do incêndio. Segundo a moradora, a funcionária estava limpando o banheiro quando observou uma fumaça preta saindo da janela de ventilação do cômodo.
Ao perceber que poderia ser um incêndio no andar, a empregada desceu com o cachorro e acionou o Corpo de Bombeiros. O animal teria inalado parte da fumaça e ficou imóvel durante um tempo por conta da intoxicação.
Sobre a possibilidade de não conseguir subir para pegar os pertences, ela comenta: “Só saio com alguma coisa. É um absurdo estarmos sendo impedidos de subir. Fui barrada e meu apartamento não teve nenhum dano. Os bombeiros têm demonstrado uma inabilidade absurda”.
Sônia foi acolhida por um amigo que mora no Sudoeste e voltou ao prédio na intenção de descobrir o atual estado de seu imóvel. A previsão é de que a perícia saia entre 10 a 15 dias. O prédio tem 72 apartamentos, 24 por prumada, ou quatro apartamentos por andar.