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UnB: alunos da Casa do Estudante reclamam de isolamento e comida

Acadêmicos questionam qualidade da alimentação servida neste período de pandemia de coronavírus. Universidade estuda auxílio financeiro

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Fachada da Casa do Estudante da UnB
1 de 1 Fachada da Casa do Estudante da UnB - Foto: Michael Melo/Metrópoles

Desde o último dia 16, a Universidade de Brasília (UnB) tem tomado medidas no sentido de tentar evitar possível contágio pelo novo coronavírus dos 296 alunos em situação de vulnerabilidade social que moram na Casa do Estudante Universitário (CEU).

Além da proibição de visitas e pernoite no local, a principal opção de alimentação dos acadêmicos, o Restaurante Universitário, foi fechada e marmitas passaram a ser distribuídas. Em isolamento, os discentes pedem outra alternativa à comida.

O estudante de teoria, crítica e história da arte e morador da CEU Geraldo Luiz Costa Júnior, 34 anos, reclama da situação no local.

“Nós estamos com várias dificuldades. Inicialmente, teve uma preocupação da universidade de servir marmitas aqui na CEU. Teve a colaboração da empresa terceirizada e eles estão trazendo a comida, mas não é suficiente. Também estamos com restrição de visitas”, diz Júnior, que também é procurador-geral da Faspa-MG.

Ainda segundo ele, uma das maiores discussões, não só na Casa do Estudante, mas em toda a assistência estudantil, é a questão de a UnB não pagar o auxílio-alimentação em pecúnia.

“Os estudantes têm direito à alimentação, mas ela fica restrita à utilização do Restaurante Universitário. Estamos vivendo um tempo de calamidade. Já que a UnB tem de pagar a empresa terceirizada, o estudante que optasse receber o valor ao invés de usar o RU. Mas a universidade tem resistido à ideia”, disse Geraldo Júnior.

O universitário relatou que no local estão todos ansiosos. “O GDF também bloqueou o nosso passe livre e cobramos da Reitoria para que os assistidos que têm direito ao benefício pudessem ter o bilhete liberado. Muitos usam o transporte para conseguir se locomover e ir comprar alimentação. É uma situação bem difícil e preocupante”, desabafa.

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Quando uma estudante pediu leite de soja, foi entregue apenas meio copo
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Comida vegana é a principal reclamação: não há proteína

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Quando uma estudante pediu leite de soja, foi entregue apenas meio copo

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Maísa Farias, 25, é estudante de administração e revela que a falta de opção na hora das refeições tem feito com que a qualidade da comida seja baixa. “Eles não levam em consideração quem come mais ou menos. Às vezes, tem muito ou pouco. O desperdício tem sido enorme, até porque ninguém aguenta comer um alimento que vê que foi requentado. Até inseto já viram na marmita”, conta.

O problema, no entanto, é a opção que tem sido ventilada aos estudantes em situação de vulnerabilidade social em um momento delicado como o da pandemia de coronavírus. “Parece que querem nos dar R$ 150 por mês. Com nosso passe de ônibus bloqueado e o aumento do preço nos supermercados, vai ser impossível se manter dessa forma”, frisa.

Outra reclamação é a falta de apoio para a higiene no local. A estudante relata que já foram feitos pedidos para que embalagens de álcool em gel sejam disponibilizadas, mas nada foi entregue ainda. “Por enquanto, só isolaram a gente e ponto. Temos medo de esquecerem de nós”, pontua.

O aluno de letras Guibson Miranda, 25, revela um outro problema: a entrega de encomendas. “Os porteiros não estão autorizados a receber, tudo deve ir para a coordenação da Casa. Entretanto, eles estão em regime de plantão e, a depender da hora, ninguém recebe e o pacote volta”, lamenta.

Diretório Central dos Estudantes reclama

Procurado, o DCE Honestino Guimarães afirmou que a Universidade de Brasília “tem sido negligente com os estudantes participantes dos programas de assistência estudantil”. Entre as reclamações, está justamente o atendimento pelo RU. “Com o passe livre estudantil bloqueado, muitos estudantes não conseguem sair de casa nem fazer ou comprar suas refeições”, diz.

Segundo a nota, os estudantes têm negociado com a universidade para que o auxílio-alimentação seja realizado via pecúnia, evitando que os estudantes tenham que sair de casa constantemente. Os prazos, no entanto, não agradam. “Rondam em torno de 15 dias para que o edital possa sair.”

Universidade busca soluções

A titular da Diretoria de Desenvolvimento Social do Decanato de Assuntos Comunitários (DDS-DAC), Maria do Socorro Mendes Gomes, conta que, desde o primeiro decreto do GDF suspendendo as aulas, a UnB tem procurado soluções para atender aos moradores da CEU.

“Nossa primeira medida foi a suspensão do Restaurante Universitário. É um local onde se formam filas homéricas e poderia apresentar algum risco. A solução imediata foi entregar as marmitas”, explica.

Segundo a gestora, a empresa terceirizada responsável pela comida está ciente das reclamações que os estudantes fazem tanto da qualidade quanto da quantidade disponível nas quentinhas. A diretora diz que a tendência é melhorar o sistema.

Uma das propostas é, justamente, o pagamento em dinheiro do valor da comida aos alunos. Maria do Socorro pontua que, de fato, a ideia inicial era liberar R$ 150, mas foi achado um jeito de aumentar o valor oferecido.

“Será em torno de R$ 400. Nossa ideia é transferir o dinheiro pago à empresa terceirizada para essa bolsa-auxílio. O edital deve sair ainda nesta semana e irá priorizar alunos de outros estados, indígenas e aqueles que têm extrema dependência do RU”, garante.

A bolsa, no entanto, não se relaciona com o bloqueio do passe estudantil, revela a diretora. Ela diz que a UnB já havia pedido o desbloqueio do benefício àqueles alunos necessitados, mas a solicitação ainda não foi atendida.

Com relação à indisponibilidade de álcool em gel, Maria do Socorro lembra que essa questão tem sido uma dificuldade enfrentada não apenas pela UnB. “Estamos batalhando para conseguir. Já arrumamos para os porteiros e, junto ao Instituto de Química, tentaremos produzir o suficiente para consumo dentro da instituição”, assinala.

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