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“Monstruosidade”, diz promotor do MPDFT sobre chacina de família

MPDFT apresentou denúncia contra cinco suspeitos presos por envolvimento na maior chacina da capital do país nesta 5ª feira

atualizado

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Jonatas Martins
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1 de 1 chacina-df-mpdft - Foto: Jonatas Martins

“Um caso sem precedentes na história do DF. O que temos diante de nós situa-se no campo da monstruosidade.” Assim, o promotor de Justiça Nathan da Silva Neto definiu o caso do assassinato de 10 pessoas da mesma família, no Distrito Federal. A chacina é a maior da história da capital do país.

O Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT) denunciou, nesta quinta-feira (2/2), cinco suspeitos por envolvimento no caso.

Em coletiva de imprensa, na tarde desta quinta-feira (2/2), na sede do MPDFT, Nathan e o também promotor Daniel Bernoulli falaram sobre o crime. Os representantes do MP acreditam que os presos devem responder por, ao menos, 102 crimes — os delitos são multiplicados pela quantidade de vítimas.

Somadas, as penas podem variar de 211 a 380 anos. “Estamos diante do maior caso do complexo de crimes da história do DF”, afirma Daniel Bernouilli.

Para o MPDFT, Gideon Batista de Menezes, Horácio Carlos Ferreira e Carlomam dos Santos Nogueira são os “cabeças” do crime e, para os promotores, Gideon ocupava a chefia do grupo. Ainda de acordo com os representantes do MP, há 21 testemunhas relacionadas ao caso.

Confira a acusação levantada contra cada suspeito:

Gideon Batista de Menezes, 55 anos — Homicídio triplamente qualificado, homicídio duplamente qualificado, ocultação e destruição de cadáver, corrupção de menores, sequestro e cárcere privado, extorsão mediante sequestro, constrangimento ilegal com uso de arma, associação criminosa e roubo.

Horácio Carlos Ferreira, 49 anos Homicídio quadruplamente qualificado, homicídio triplamente qualificado, homicídio duplamente qualificado, ocultação e destruição de cadáver, corrupção de menores, extorsão mediante sequestro, sequestro e cárcere privado, constrangimento ilegal com uso de arma, associação criminosa, roubo e fraude processual.

Fabrício Silva Canhedo, 34 anos — Extorsão mediante sequestro, associação criminosa, roubo e fraude processual.

Carlomam dos Santos Nogueira, 26 anos — Homicídio quadruplamente qualificado, homicídio triplamente qualificado, extorsão mediante sequestro, corrupção de menor, ocultação e destruição de cadáver, sequestro e cárcere privado, ameaça com constrangimento ilegal com uso de arma e roubo. uso de arma, associação criminosa.

Carlos Henrique Alves, 27 anos — Homicídio duplamente qualificado e sequestro e cárcere privado.

Inquérito concluído: veja em detalhes a cronologia da maior chacina do DF

Após as investigações, a Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF) prendeu os cinco suspeitos de participar do crime. A corporação apreendeu, ainda, um adolescente de 17 anos. No entanto, ele não é alvo da denúncia do MPDFT.

A expectativa que a denúncia seja recebida até esta sexta-feira (3/2). À Justiça, caberá aceitar — integral ou parcialmente — ou recusar a denúncia. O processo corre no Tribunal do Júri de Planaltina.

Cronologia do crime

28 de dezembro

O plano começou na chácara, quando Marcos Antônio, a esposa dele, Renata Juliene Belchior, 52, e a filha do casal, Gabriela Belchior de Oliveira, 25, foram rendidos. O primeiro a ser morto foi Marcos Antônio, em 28 de dezembro.

Na data, o plano dos criminosos — Gideon; Fabrício Silva Canhedo, 34; Carlomam dos Santos Nogueira, 26; e um adolescente de 17 anos — era render Marcos Antônio, Renata Juliene e Gabriela na chácara.

Gideon permitiu a entrada de Carlomam e do adolescente, para simular um roubo à chácara. Horácio Carlos estava no local e fingiu ser vítima. No entanto, Marcos Antônio teria reagido ao suposto assalto e foi baleado na nunca por Carlomam.

Depois disso, o grupo criminoso enrolou Marcos Antônio em um tapete. A vítima estava ofegante e foi levada, com Renata Juliene e Gabriela, para a casa usada como cativeiro, em Planaltina (DF).

Na mesma noite, Marcos Antônio foi esquartejado, ainda vivo, por Gideon e Horácio Carlos. A dupla enterrou a vítima em uma cova improvisada no terreno.

“Colocaram as pessoas no chão, e o Horácio Carlos junto [delas], como se fosse vítima. Nesse momento, houve uma reação do Marcos Antônio, e o Carlomam o atingiu com um tiro na nuca. A vítima ficou no local, agonizando. Eles colocaram a Renata Juliene e a Gabriela dentro da casa. Lá, vendaram as duas, amordaçaram-nas e seguiram para o cativeiro, em Planaltina (DF). Levaram o Marcos enrolado em um tapete, no carro do Gideon”, detalhou Ricardo Viana.

Durante a madrugada, no cativeiro, o adolescente entrou em pânico ao ver a brutalidade da ação, pulou o muro e fugiu do local.

Infográfico com fotos de vítimas da chacina no DF e suas relações familiares bem como com os assasinos - Metrópoles

4 de janeiro

Os criminosos levaram Cláudia Regina e a filha dela, Ana Beatriz Marques de Oliveira, 19, para o local do cárcere.

O grupo conseguiu render a vítima ao simular — com o celular de Marcos Antônio — que Gideon e Horácio Carlos ajudariam na mudança para a nova casa de Cláudia Regina, pois ela havia vendido o imóvel anterior.

Quando Cláudia Regina e a filha Ana Beatriz entraram na casa nova, acabaram rendidas por Carlomam, enquanto os demais também fingiam ser vítimas.

As duas foram levadas para cativeiro: Renata Juliene e Gabriela ficaram em um cômodo; Cláudia Regina e Ana Beatriz, em outro.

12 de janeiro

Thiago Gabriel recebeu um bilhete que o chamava, com a esposa Elizamar da Silva, 39, e os filhos do casal, até a chácara no Itapoã. Os criminosos escreveram um termo usado por Marcos Antônio para tornar a mensagem convincente.

Lá, Thiago acabou rendido. A cabelereira Elizamar foi para o endereço só após sair do trabalho, à noite. Ao chegar, também foi feita refém.

Sem apoio do adolescente, que não quis mais participar do crime, o grupo precisou de um novo ajudante: Carlos Henrique Alves da Silva, 27, conhecido como “Galego”.

De lá, os criminosos seguiram para Cristalina (GO), com Elizamar e os três filhos dela, onde asfixiaram as vítimas e queimaram o carro da cabeleireira. Thiago Gabriel ficou no cativeiro.

“Sempre nas ações de queimar corpos e levá-los para fora do DF, estavam presentes Carlomam, Horácio e Gideon. O Fabrício ficava cuidando do cativeiro”, acrescentou o delegado do caso.

14 de janeiro

De madrugada, Carlomam, Horário Carlos e Gideon dirigiram com Renata Juliene e Gabriela, no carro de Marcos Antônio, até Unaí (MG). Lá, eles as asfixiaram e incendiaram o veículo com os corpos das vítimas dentro.

Devido às queimaduras, Gideon não participou dos outros assassinatos.

15 de janeiro

Thiago Gabriel, Cláudia Regina e Ana Beatriz deixaram o cativeiro, no Vale do Sol, em Planaltina (DF) ainda com vida. No entanto, foram levados com os criminosos para um terreno no Núcleo Rural Santos Dumont, a cerca de 5km de onde estavam, onde foram esfaqueados perto de uma cisterna. Em seguida, os assassinos jogaram os cadáveres das vítimas dentro do poço.

“Os criminosos sabiam exatamente o local onde esses corpos ficariam. A vítimas saíram da chácara com vida e, quando chegaram ao local dos assassinatos, foram mortas por objeto cortante”, afirmou o delegado Ricardo Viana.

“[Os corpos de] Ana Beatriz, Cláudia Regina e Thiago Gabriel foram jogados no interior da cisterna e, depois, cobertos com pedras, calhas e terra”, completou.

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