Missa para casal que morreu atropelado no Lago Norte causa comoção
Cerimônia reuniu amigos e parentes de Evaldo Augusto da Silva e Dulcinéia Rosalino da Silva, atingidos por veículo na noite de quinta (18/1)
atualizado
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Emoção foi a palavra de ordem durante a missa de homenagem a Evaldo Augusto da Silva, 75 anos, e Dulcinéia Rosalino da Silva, 70, na noite desta sexta (19/1). Familiares e amigos do casal lotaram a igreja Nossa Senhora do Lago, na QI 3 do Lago Norte, durante uma celebração que exaltou a vida e a obra das vítimas de um atropelamento na noite de quinta (18).
Antes do início da missa, parentes do casal – que estavam sentados na primeira fileira da paróquia – abraçaram e acolheram, emocionados, as condolências de quem foi à igreja.
Durante a celebração, o pároco relembrou o histórico de boas ações promovidas por Evaldo e Dulcinéia, que tinham papel ativo em diversos grupos da igreja. “A dor nos consome. Não há consolo para a perda de um ente querido. Mas existem as sementes de amor e de esperança que eles plantaram”, disse o padre.“É com um misto de tristeza, fé e esperança que nos unimos para glorificar e agradecer o convívio com um casal que pôde testemunhar o amor de Deus por meio do amor conjugal”, afirmou o padre colombiano Norbey Londoño Buitrago.
Perto do fim da cerimônia religiosa, o sacerdote também pediu orações para Luciana Pupe Vieira, 46 anos, motorista do carro que atropelou os idosos. Segundo o pároco, “acidentes podem acontecer com qualquer pessoa”.
Muito abalados, os familiares pediram privacidade. Colegas destacaram a atuação do casal. “Eram capazes de tirar a própria roupa do corpo e doar para quem precisasse”, lembrou uma amiga. De acordo com ela, Evaldo e Dulcinéia costumavam fazer muitas doações e ajudar os mais necessitados.
Crise de hipoglicemia
A Polícia Civil começou a investigar as causas do acidente. A motorista foi autuada por homicídio com dolo eventual (quando a pessoa assume o risco de suas ações). Ela está internada, em estado gravíssimo. Uma das linhas de apuração é que a condutora, diabética, teria sofrido uma crise de hipoglicemia, desmaiado e perdido o controle do veículo. A polícia vai analisar quais medicamentos ela tomou.
Luciana vai responder em liberdade. Para o juiz da 5ª Vara Criminal Aragone Fernandes, a condutora, por estar hospitalizada, “não representa risco à instrução criminal”. “Caso, durante o curso das investigações, descubra-se que a autuada estaria dirigindo sob efeito de álcool ou mesmo em outra conduta irregular (penal ou administrativamente), nada impede que seja decretada a prisão preventiva”, destacou o magistrado.
O velocímetro do veículo, um Mitsubishi ASX de placa JFT 6345, ficou travado em 120km/h – o limite de velocidade da via é de 60km/h. O acidente ocorreu à altura da QL 10 do Lago Norte, onde o casal caminhava. Eles estavam na calçada, no momento em que foram atingidos pelo automóvel.
“A perícia foi feita. Agora, aguardamos os laudos que constarão em que velocidade ela trafegava antes do acidente, se ingeriu alguma substância que possa ter desencadeado um possível mal súbito. Foi uma situação catastrófica que causou grande comoção no Lago Norte”, disse a delegada Mônica Ferreira, da 9ª Delegacia de Polícia. De acordo com ela, os laudos, que ficarão prontos em até 30 dias, poderão alterar a tipificação do crime.
Mesma igreja
A motorista trabalha na Câmara dos Deputados. Dulcinéia também trabalhou no local. Evaldo era aposentado da Receita Federal. As famílias frequentavam a mesma igreja. A reportagem esteve na casa de Luciana, também no Lago Norte, e confirmou que a motorista toma insulina por conta da diabetes. Ela é casada e tem dois filhos, de 17 e 22 anos.
Imagens registradas por câmeras de segurança mostram o momento em que o carro invade a calçada e atinge o casal. Os dois morreram na hora. No vídeo, compartilhado nas redes sociais, é possível ver outras duas pessoas caminhando no local escaparem do veículo, pulando no gramado.
O Metrópoles apurou que o carro está devidamente licenciado, e a Carteira de Habilitação da motorista, em dia. Devido à violência da colisão, um dos corpos foi arremessado a vários metros de distância do local da tragédia.