Ministério de Moro diz que só GDF reclama de presídio federal
Afirmação integra nota pública divulgada após mais uma investida de o Palácio do Buriti argumentar contra transferência de criminosos ao DF
atualizado
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Comandado por Sergio Moro, o Ministério da Justiça e Segurança Pública respondeu, nesta quarta-feira (22/01/2020), o ofício do Governo do Distrito Federal (GDF) sobre a presença de detentos de alta periculosidade no Presídio Federal de Brasília.
O órgão voltou a assegurar que não há riscos para a população do DF devido à presença de integrantes da cúpula de organizações criminosas, como Marcos Willians Herbas Camacho, o Marcola – um dos líderes do Primeiro Comando da Capital (PCC). “Os criminosos ficam recolhidos dentro dos presídios, não fora”, argumenta a pasta.
Ainda de acordo com a nota divulgada pelo ministério, “não há qualquer reclamação da permanência desses presos em Brasília, salvo do próprio Governo do Distrito Federal”.
“Nos outros estados nos quais são mantidos presídios federais com outras lideranças criminosas, não há qualquer reclamação. De outro lado, são normais providências para reforço da segurança dos presídios, não havendo motivos para que elas gerem qualquer espécie de alarme desnecessário”, registra a pasta.
O documento também responde ao titular do Palácio do Buriti sobre as escoltas de presos que precisam realizar algum procedimento de saúde fora do complexo de segurança nacional.
“São mantidas em sigilo por questão de segurança, sendo essa uma praxe em todos os presídios federais. O Ministério da Justiça e Segurança Pública tem promovido políticas de integração e de intercâmbio de informações com as todas as forças de segurança estaduais e distritais, e sempre esteve à disposição para o diálogo com a Secretaria de Segurança”, conclui.
Reclamação
Conforme noticiou a coluna Grande Angular, o secretário de Segurança Pública do DF, Anderson Torres, enviou, na terça-feira (21/01/2020), documento ao ministro Sergio Moro no qual afirma que “não se justifica esse ‘silêncio’ dos órgãos federais” sobre o perigo do Presídio Federal de Brasília.
No texto, o titular da pasta local pedia esclarecimentos sobre o grau de ameaça ao qual a população da capital da República está exposta em razão da permanência de líderes do crime no presídio.
“A segurança pública nas ruas e avenidas do Distrito Federal é nossa atribuição e por essa razão não se justifica esse ‘silêncio’ dos órgãos federais que, em última análise, pode ensejar um incidente extremamente grave caso haja uma situação de emergência que as polícias locais precisem agir”, diz o ofício.
Na avaliação do GDF, a transferência de líderes do crime para a unidade penitenciária de Brasília é um “erro estratégico”, porque a capital da República abriga a sede dos Três Poderes e embaixadas de outros países.
O documento diz, ainda, que “se depreende de tudo que a imprensa tem divulgado” que o Distrito Federal está próximo de “um incidente que extrapola os muros da unidade prisional federal e tem a capacidade de expor a sério risco a vida, a tranquilidade e o patrimônio dos cidadãos que aqui residem”.
Operação
No início de janeiro, uma megaoperação foi deflagrada para coibir a consolidação do PCC no DF. Segundo as investigações, o grupo era dividido em núcleos específicos. Uma parte se dedicava às práticas criminosas e a outra tentava estabelecer condições para o desenvolvimento e a permanência na capital federal, uma vez que a alta cúpula da facção está no Presídio Federal de Brasília.
Entre os presos que fugiram na madrugada de domingo (19/01/2020) do presídio Pedro Juan Caballero, no Paraguai, há comparsas de líderes do PCC detidos na unidade do DF.
Em 20 de dezembro de 2019, o Metrópoles noticiou, com exclusividade, que um plano de resgate de Marcola levou o governo federal a intensificar a segurança no complexo.