“Minha vida acabou”, diz homem inocentado de acusação de estupro
Alan de França, 27 anos, ficou quase cinco dias preso por um crime que não cometeu e se mostra preocupado com o futuro
atualizado
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O auxiliar de serviços gerais Alan Venceslau de França, 27 anos, pôde respirar um pouco mais aliviado neste sábado (3/6). Após passar quase cinco dias preso na Papuda por um estupro, que segundo a Polícia Civil ele não cometeu, Alan voltou para a casa da família no Jardim Roriz, em Planaltina. No entanto, ainda está preocupado com o futuro: “Minha vida acabou”.
Na segunda-feira (29), ele foi acusado por uma adolescente de 14 anos como o autor de um suposto estupro sofrido por ela. Aos policiais, a jovem disse que foi raptada por três rapazes e violentada por um deles. Depois, apontou o auxiliar de serviços gerais como o responsável pela violência. A partir daí, teve início uma busca pelo suspeito que terminou no fim da noite de segunda, quando Alan foi preso, na porta de casa.
Ele chegava do trabalho, em uma escola pública no mesmo bairro onde mora, quando foi abordado por policiais militares. “Eles me disseram que eu estava sendo acusado de um estupro. Eu disse que não tinha feito nada e que não estava entendendo a situação. Mas os policiais falaram que não precisavam me explicar nada e que ia entender na delegacia”, afirma o rapaz.Alan então foi levado até a 31ª Delegacia de Polícia (Planaltina), onde prestou depoimento. Ele alega que foi hostilizado pela família da jovem e também que foi pressionado pelos investigadores a confessar o crime. No entanto, manteve sua versão da história. “Eu não ia admitir uma coisa que não fiz. Sabia que era inocente”, explica.
O auxiliar permaneceu detido na delegacia até a manhã do dia seguinte, quando foi levado à carceragem do Departamento de Polícia Especializada da PCDF. Na sexta (2/6), passou por uma nova transferência, desta vez para o complexo da Papuda. O rapaz afirma que, até então, nunca havia sido preso: “Foram os piores dias possíveis. Só tinha entrado em delegacia antes para tirar documentos”.
A sorte de Alan começou a mudar na sexta, quando os investigadores da 31ª DP começaram a desconfiar da versão apresentada pela suposta vítima. Após analisarem os depoimentos de outras testemunhas e provas físicas como vídeos de câmeras de segurança, os policiais perceberam que a história não poderia ser verdadeira.
A adolescente foi então chamada para prestar um terceiro depoimento. Ao ser confrontada com as provas, ela assumiu que havia inventado toda a situação. Na verdade, no dia do suposto crime, a garota teria ido para a casa de um namorado sem a autorização dos pais. Como demorou no local, teria decidido inventar o enredo.
Alan é quase vizinho da vítima que o acusou, mas afirma que não a conhece. Diz também que não tem a mínima ideia do porquê ela pode ter decidido fazer o que fez, mas alega não manter ódio pela garota. Agora, em casa, ele afirma estar mais tranquilo. No entanto, a sombra dos últimos dias continua a pesar. “Estou um pouco mais aliviado. Mas não sei o que vai ser da minha vida”, finaliza.
Segundo a Polícia Civil, as peças do inquérito serão remetidas à Delegacia da Criança e do Adolescente (DCA) para que sejam tomadas as medidas cabíveis com relação a conduta da adolescente.