Mesmo com auxílio emergencial, extrema pobreza avançou no DF em 2020
Com o fim do benefício, pago pelo governo federal para frear efeitos da pandemia, a miséria deve aumentar em Brasília ao longo de 2021
atualizado
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Mesmo com auxílio emergencial pago pelo governo, a extrema pobreza avançou no Distrito Federal. Não há previsão de prorrogação do programa, criado para minimizar os impactos provocados pela pandemia do novo coronavírus. Por isso, o risco da aumento da miséria durante 2021 é real. Em Brasília, 793,9 mil pessoas sobreviveram apenas com o benefício.
Segundo a Secretaria de Desenvolvimento Social (Sedes), em 2018, 71.300 famílias viviam no DF em situação de extrema pobreza, com renda per capita abaixo de R$ 89 por mês. Ao longo de 2019, este número subiu para 76.699. No decorrer de 2020, a miséria avançou e atingiu 77.447 lares.
Na leitura das equipes socioassistenciais da pasta, a pandemia agravou a situação da extrema pobreza. Pois gerou a suspensão parcial das atividades econômicas, educacionais, culturais e esportivas. Ou seja, atingiu diretamente a capacidade de provimento de grande parcela da população.
Por outro lado, o auxílio conseguiu diminuir o quantitativo local de pessoas na faixa da pobreza, onde as famílias tinham renda mensal per capita de até R$ 178. Ao final de 2018, elas totalizavam 99.772 casas. Em 2019, somaram 98.535. Durante 2020, recuaram para 96.644.
Socorro de R$ 2,7 bilhões
Segundo dados do Ministério da Cidadania, o auxílio emergencial de R$ 600 investiu R$ 2,7 bilhões no DF. Entre as pessoas beneficiadas, 630,2 mil estavam fora do Cadastro Único de Programas Sociais do governo federal. Outros 60,6 mil estavam inseridas no cadastro. E 103 mil eram assistidas pelo Bolsa Família.
O Palácio do Planalto não planeja prolongar o benefício. Em 30 de dezembro de 2020, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) afirmou que a capacidade de endividamento do país com a concessão do auxílio “chegou ao limite”. Também criticou a decretação de novas medidas de lockdown para conter a disseminação da Covid-19.
Obras e programas sociais
Logo após a posse da nova Mesa Diretora da Câmara Legislativa (CLDF), o governador Ibaneis Rocha (MDB) reconheceu a ameaça do avanço da pobreza e do desemprego. O chefe do Executivo local prepara um pacote de obras e o reforço dos programas sociais locais para amortizar parte dos danos econômicos e sociais.
“A gente espera que tenha um empobrecimento muito grande em 2021, um desemprego muito grande também. E a nossa expectativa é que nós vamos precisar injetar muitos recursos, principalmente em infraestrutura, onde se cria muitos empregos. Vamos tentar gerar empregos por meio das obras que vamos colocar na praça”, pontuou Ibaneis.
O Governo do Distrito Federal (GDF) planeja ampliar o Cartão Prato Cheio. A Sedes também promete retomar a inclusão cadastral de pessoas no Cadastro Único. Nele, as famílias tem acesso a mais de 30 benefícios do governo federal e do DF. O atendimento presencial será retomado nos postos do Na Hora.
Além disso, vai investir na rede de proteção social do Sistema Único de Assistência Social (Suas). Esta iniciativa promove acompanhamento, inserção no mercado de trabalho e atendimento das famílias. A partir de segunda-feira (4/01), os restaurantes comunitários voltam a fazer refeições presenciais, mas manterá a oferta de marmitas.