Mesmo autorizados, 15% dos bares e restaurantes do DF não reabriram
Empresários alegam fase de adaptação ao novo protocolo e, outros, creem que o cenário atual não é o mais favorável para o retorno
atualizado
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Nem todos os proprietários de bares e restaurantes do Distrito Federal decidiram aderir à retomada das atividades nessa quarta-feira (15/7). O comércio estava impedido de funcionar desde março como medida de controle ao novo coronavírus.
Segundo levantamento do Sindicato de Hotéis, Restaurantes e Bares (Sindhobar), 15% dos empresários optaram por não reabrir seus negócios.
A entidade defende que alguns estabelecimentos ainda estão se adaptando aos protocolos determinados pelo Executivo local. Outros comerciantes, entretanto, acreditam que o cenário atual não é o melhor para a retomada do trabalho.
Ainda de acordo com o Sindhobar, a restrição das atividades levou o setor a amargar grande prejuízo: foram 30 mil funcionários demitidos e três mil bares e restaurantes levados à falência.
Grande parte dos estabelecimentos comerciais da entrequadra 109/110 Norte, no Plano Piloto, optou por permanecer de portas fechadas, mesmo diante da autorização para a retomada econômica. Muitos preferiram continuar atendendo apenas por delivery.
Muitos clientes também não quiseram se arriscar sentando em mesas para comer ou beber. A educadora ambiental Vanessa Coelho, 28 anos, por exemplo, foi a um restaurante de comida japonesa na Asa Norte, mas sem intenção de ficar no local. “Não concordo com essa reabertura. Como moro aqui perto, preferi só descer, pedir e levar de volta para casa”, conta.
Segundo a jovem, é melhor continuar evitando locais com muito movimento. “Quem puder ficar em casa, fica. Acho ótimo que o movimento hoje ainda esteja baixo. Evita a aglomeração”, frisa.
Libanus
Bar tradicional de Brasília, o Libanus, na 206 Sul, não abriu para clientes nessa quarta. No local, funcionários trabalhavam apenas na modalidade delivery.
Segundo o gerente Carlos Henrique, a casa está se preparando para funcionar conforme as normas estabelecidas pelo decreto. “Estamos nos preparativos, demarcando as mesas e, amanhã, começaremos a limpeza e higienização. A gente podia até abrir agora, mas queremos estar mais preparados e com mais responsabilidade”.
Ele destaca que, quando isso ocorrer, o estabelecimento ofertará apenas 35 mesas durante o expediente.
Acostumado com grande público em dias de jogos e fins de semana, o Bar Piratas no Sudoeste também está entre aqueles centros comerciais que mantiveram as portas fechadas mesmo após a anuência do GDF.
Quem também procurou diversão no Boteco do Juca, na 404 da Asa Sul, teve que dar meia-volta, porque os donos não colocaram o estabelecimento em operação.
Veja fotos de bares que não reabriram nessa quarta-feira (15/7):
Regras rígidas
Entre as regras que precisam ser rigidamente obedecidas pelos comerciantes, está a limpeza das mesas. Ficou determinado que tudo seja rigorosamente higienizado antes e depois do uso dos clientes.
Outra exigência do governo para a retomada das atividades envolve a disposição das mesas, que devem ficar, no mínimo, a 2 metros de distância umas das outras. E elas não podem ter mais de seis pessoas. Caso contrário, o estabelecimento corre o risco de ser multado e ter a permissão de funcionamento vetada.
Para evitar aglomeração, o funcionamento deve ser limitado a 50% da capacidade total do bar ou restaurante. Não será permitido música ao vivo em nenhum desses ambientes.
Os donos dos estabelecimentos comerciais devem, também, priorizar a ventilação natural do local, evitando, assim, o uso de ar-condicionado. Caso seja necessário, a manutenção e limpeza dos filtros devem ser feitas diariamente.
Cardápios também devem ser higienizados após o uso de cada cliente. Inclusive, o bar ou restaurante fica obrigado a revestir os menus com material que possa ser limpo com álcool após cada refeição.
“Preferencialmente, evitar que os clientes realizem o autoatendimento”, diz o decreto. O ideal, diz o documento, é que um funcionário devidamente paramentado sirva cada consumidor individualmente, uma vez que deve estar utilizando máscara, luvas e touca.
Os clientes também devem ter acesso a luvas descartáveis de plástico, ou, se possível, guardanapos de papel na entrada do buffet. Embalagens de condimentos, como ketchup e mostarda, também devem ser higienizados adequadamente após o uso de cada cliente.
Filas, tanto na hora da entrada quando no pagamento, devem ser evitadas. Porém, quando inevitável, o estabelecimento é obrigado a monitorar e cobrar o distanciamento social, de dois metros por cliente.
O cafezinho, na saída, está proibido. Itens de degustação comum também não são permitidos. Fiscais da Diretoria de Vigilância Sanitária da Secretaria de Estado de Saúde e da Secretaria de Proteção da Ordem Urbanística do Distrito Federal (DF Legal) farão rondas periódicas por todo o DF para garantir que todas as regras estejam sendo cumpridas.
Segundo o presidente do Sindhobar-DF, Jael Antônio da Silva, os estabelecimentos da capital vêm seguindo rigorosamente as regras do decreto e estão preparados para atender os seus clientes.
“Acredito que, neste primeiro momento, o movimento vai ser mais lento, mas a maioria está reabrindo as portas. Cuidamos de tudo com esse objetivo. O sindicato fez um apelo e precisamos do apoio tanto dos estabelecimentos como dos frequentadores para que eles voltem com responsabilidade e seguindo rigorosamente todas as nossas regras.”
Bares cheios
Mas os que optaram por não reabrir foram minoria. Na noite dessa quarta, muitos bares ficaram lotados no Sudoeste, Taguatinga, Asa Norte e Asa Sul
No Sudoeste, o bar Abençoado estava cheio por volta de 21h15. No local, muitos clientes optaram por colocar mesas no meio da rua. Em determinados momentos, houve aglomeração. Em uma das mesas, por exemplo, havia oito pessoas, todas sem máscaras.
Veja um vídeo do local:
Veja fotos de bares do DF nessa noite de quarta:
Também no Sudoeste, o Fausto & Manoel estava cheio por volta de 21h30, mas, na hora em que a reportagem esteve no local, todos respeitavam o distanciamento. Muitos, no entanto, estavam sem máscaras.
Veja fotos do local:
Taguatinga e Asa Norte
Em Taguatinga, no bar Pontão do Pistão Sul, brasilienses pareciam não e importar com as medidas sanitárias. Aglomerados, excedendo limite de pessoas por mesa e desrespeitando o uso obrigatório da máscara de proteção, clientes comemoravam a reabertura do bar em clima de festa.
No Vale da Lua, na 408 da Asa Norte, das 70 mesas que cabem no local apenas seis tinham sido abertas. Segundo o gerente do bar, Adriano Amorim da Silva, essa será sempre a lotação máxima da noite, pois a operação desta quarta-feira seria um teste para a equipe.
“Abrimos hoje, mas ainda com insegurança, pois não sabemos se amanhã vão fechar tudo de novo”, observou.
Já na 410 Norte, a cena era diferente. No Fausto & Manoel, os clientes ocuparam quase todas as mesas disponíveis. Cada espaço tem marcações feitas com fita vermelha, uma medida para garantir a distância de 2 metros entre clientes.
“Mudamos tudo, fizemos medição, limpeza a cada hora. Tudo que foi pedido, fizemos. E estamos com apenas 50% das mesas no salão”, explicou Admilson Cavalcante, gerente do bar.