Menino que viralizou jogando tênis com a avó foi campeão em 2019
Pablo Nunes Maia ficou conhecido em todo o país após disputar partida contra a avó em uma quadra improvisada no quintal de casa
atualizado
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Pouco mais de um ano após viralizar em todo o Brasil num vídeo em que aparece jogando tênis com a avó, em quadra improvisada no quintal de casa, o tenista mirim Pablo Nunes Maia, hoje com 11 anos, conseguiu acumular medalhas em torneios infantis no Distrito Federal em 2019.
A pequena casa no Sol Nascente, onde mora com a avó, a tia e os dois primos, continua a mesma – em uma rua de terra onde as fortes chuvas de dezembro e janeiro tornaram difícil o acesso mesmo de carro.
Mas as medalhas espalhadas pelo quarto e pela sala mudaram a decoração do local. “Poderia ter sido mais”, afirma a avó, dona Maria Brasilene Maia, 51 anos, não fosse a falta de dinheiro para pagar as inscrições e passagens para as competições.
“Esse menino vai longe” foi a frase que o pequeno tenista mais ouviu no último ano. O sonho é de ir longe mesmo, mais precisamente ao Aberto de Tênis dos Estados Unidos.
“É o torneio que eu mais tenho vontade de disputar”, conta Pablo, que é fã do suíço Roger Federer e não consegue pensar em outra profissão que não seja se tornar um tenista profissional.
Após a repercussão, o menino ganhou calçados novos e adequados para a prática do esporte, raquetes, bolinhas e até uma rede nova, para que pudesse aposentar aquela improvisada com tela e paus no quintal de casa.
Em 2019, Pablo foi campeão em duas competições em dupla, venceu a do Clube do Exército e ficou com a segunda colocação em outros dois campeonatos: um saldo de cinco medalhas.
No torneio promovido pela academia onde treina, Pablo acabou derrotado por um colega e ficou com o troféu de vice. “A gente já jogou várias vezes, eu sempre ganhava. A primeira vez que ele ganhou de mim foi na final”, lembra o menino, ainda inconformado por não ter levantado mais um caneco.
Rotina de treinos
Pablo é diferente de outros meninos de sua idade. Prestes a reiniciar as aulas no 6º ano do ensino fundamental, não gosta de férias porque o recesso significa não ir aos treinos e ficar sem ver os amigos do colégio. “Nas férias eu só fico em casa, não tem muito o que fazer. Gosto muito mais de ir para os treinos e para a escola.”
Vivendo na área mais periférica de uma das maiores favelas brasileiras, com altos índices de criminalidade, a avó aposta no esporte para dar um futuro melhor ao neto. “O esporte mudou a vida dele e, assim como o Pablo se apaixonou pelo tênis, outras crianças, em outras comunidades no Brasil, podem ter as vidas transformadas se investirem mais em esporte”, opina Maria Brasilene.
“Gostei de ficar famoso”, lembra Pablo sobre a repercussão após aparecer jogando com a avó em todos os canais de esportes e redes sociais de celebridades.
A fama rendeu um convite para que neto e avó fossem ao Rio de Janeiro assistir ao Rio Open, em fevereiro de 2019. Durante a passagem por terras fluminenses, Pablo conheceu o tenista Gustavo Kuerten, recebeu uma mensagem de seu ídolo – Roger Federer – e jogou na quadra da competição com o tenista canadense Felix Auger.
Neste último ano, além do bom desempenho em quadra, o pequeno tenista melhorou as notas na escola, ficou mais disciplinado e aprendeu a controlar o próprio temperamento. “Antes, quando ele perdia uma bola, já ficava nervoso, jogava a raquete. Agora, aprendeu a se controlar, já não faz mais isso, melhorou também na escola”, conta a avó.
Pablo faz parte do projeto Maria Esther Bueno, do Instituto de Tênis, voltado para o ensino do esporte a crianças de baixa renda. O jovem tenista conta que gostaria de participar de mais competições, mas a avó, que o pegou para criar desde os 15 dias de vida, não consegue arcar com as despesas de passagem, hospedagem e inscrições nos eventos.
Como diarista, Maria Brasilene consegue uma renda pouco maior do que um salário mínimo. “Seria bom se ele conseguisse um patrocínio ou incentivo para ajudar nas competições”, comenta a avó.