Seca agrava situação de reservatórios e racionamento deve ser ampliado
Nesta sexta, Descoberto operava com 49,76% da capacidade e Santa Maria, 49,96%. Caso não melhore, rodízio passará para dois dias semanais
atualizado
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Com a chegada da seca no Distrito Federal, os brasilienses devem se preparar para enfrentar um período ainda mais difícil em relação ao abastecimento d’água nas regiões administrativas. Apesar dos esforços da população para economizar no consumo durante o racionamento imposto pelo governo desde o início do ano, a previsão é de que os índices dos reservatórios fiquem mais baixos a cada dia de estiagem. Assim, não está descartada a ampliação do racionamento – de um para dois dias por semana – no segundo semestre.
O rodízio no abastecimento entrou em vigor em 16 de janeiro. Mesmo com a medida, o volume útil dos reservatórios do Descoberto e Santa Maria/Torto, que guarnecem o DF, vem caindo desde o começo de junho.Nesta sexta-feira (23/6), os reservatórios estavam com menos da metade de sua capacidade. O sistema do Rio Descoberto marcava, às 8h30, 49,76%. O de Santa Maria, 49,96%.
Com esse cenário, a Companhia de Saneamento do Distrito Federal (Caesb) informou que continuará adotando as providências necessárias, autorizadas por Resolução da Agência Reguladora de Águas do DF (Adasa), para garantir que a população siga abastecida.
“Tais medidas, como a redução de pressão noturna e o plano de rodízio, são acompanhadas semanalmente pela Caesb e Adasa, de acordo com a curva de acompanhamento estabelecida pela Agência” afirmou a companhia, em nota.
Vai piorar
Na semana passada, a Adasa divulgou a curva de acompanhamento dos reservatórios para os próximos meses. E as notícias não são nada boas. Até o fim de junho, o índice no Santa Maria deve ser igual ou superior a 46%. Abaixo desse índice, a situação fica crítica e os gestores do setor podem adotar medidas mais duras, como passar o racionamento de um para dois dias semanais.
Segundo a curva de acompanhamento, a bacia Santa Maria/Torto seguirá em queda até novembro, quando deve atingir a menor marca de sua história: 22% do volume útil. Como o prognóstico negativo se repete na barragem do Descoberto, um grupo de acompanhamento formado pela Adasa e Caesb deve se reunir semanalmente para verificar se o nível do manancial está dentro do patamar estabelecido.
De acordo com o diretor-presidente da Adasa, Paulo Salles, caso as projeções mensais não sejam alcançadas, a agência deve reduzir a captação dos agricultores no Descoberto e o valor da vazão média que a Caesb está autorizada a recolher das bacias, que é de até 1,85m³/s no sistema Santa Maria.
Veja abaixo as curvas de acompanhamento dos dois reservatórios:
Captação emergencial
Segundo a Caesb, já foram executadas 16% das obras para captação emergencial de água do Lago Paranoá. A da estação de tratamento de água vai ocorrer perto do fim dos trabalhos, previsto para setembro. A estrutura vai captar cerca de 700 litros de água por segundo, com tecnologia de ponta, a fim de desafogar o sistema do Descoberto. O valor da intervenção ficou em R$ 42 milhões.
A água coletada do Lago Paranoá ajudará a guarnecer a população de Itapoã, Asa Norte, Lago Norte, Paranoá, parte de Sobradinho II e Taquari. Regiões hoje abastecidas pelo sistema Santa Maria/Torto, que, por sua vez, com o reforço do lago, assumirá o abastecimento em Águas Claras, Candangolândia, Colônia Agrícola Águas Claras, Guará I e II, Lucio Costa, Núcleo Bandeirante e Setor de Mansões Park Way (quadras de 1 a 5). As áreas que ficarão com o sistema Santa Maria hoje são atendidas pelo Descoberto.
Também estão em andamento as obras do Subsistema do Bananal, no Parque Nacional de Brasília. Os trabalhos estão 28% executados. A previsão é de que a estrutura comece a operar em setembro e beneficie cerca de 170 mil habitantes. O investimento no Bananal é de R$ 20 milhões.