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Racionamento impõe ganhos e perdas para comerciantes do DF

Enquanto donos de salões e restaurantes amargam prejuízo, os que vendem tonéis e caixas d’água estão faturando alto

atualizado

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Racionamento DF
1 de 1 Racionamento DF - Foto: Michael Melo/Metrópoles

Além dos transtornos, o racionamento começa a afetar o bolso de alguns comerciantes. Com a crise hídrica que não tem data para acabar, há aqueles que estão restringindo atendimento e esperam a ajudinha de São Pedro para estocar água. De outro lado, donos de estabelecimentos que vendem caixas d’água e tonéis estão faturando alto com o corte no abastecimento que começou a valer nesta segunda-feira (16/1) em três cidades: Riacho Fundo II, Recanto das Emas e Ceilândia Oeste.

Dono de um salão na QNN de Ceilândia, Zildomar Santos Lima garante que o começo da semana será de bolso vazio. Sem água nas torneiras e nos lavatórios, ele decidiu atender somente homens nesta segunda. “Não tem como fazer os serviços para o público feminino. Só corte masculino”, lamentou o microempresário, enquanto lavava um recipiente para tentar captar água da chuva.

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Zildomar Santos Lima só está atendendo homens em seu salão nesta segunda (16)

 

O dono de lava jato Francisco da Costa Santana também depende do clima. “Tenho que torcer para a água da chuva cair na madrugada para abastecer a caixa que usamos. Ao mesmo tempo, precisamos de sol para que as pessoas queiram lavar o carro”, ressalta. Segundo ele, caso não chova, será preciso colocar a mão no bolso e contratar um caminhão-pipa.

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Diretora de creche, Viviane estuda reduzir horário de atendimento

 

Diretora de uma creche instalada na QNP 17, Viviane Viana estuda reduzir o horário de atendimento. “A maioria dos pais deixa as crianças em horário integral. Por enquanto, temos água na caixa, mas, caso acabe, não temos condições de oferecer o serviço”, garante. O local atende cerca de 35 crianças e usa água para banho dos pequenos, alimentação e limpeza.

Dono de um restaurante na mesma região, Francisco Miranda (foto em destaque) teve de se adaptar a uma nova rotina. “Estocamos água em baldes para lavar a louça. Compramos copos descartáveis e até restringimos o uso dos banheiros”, relata o empresário. Segundo ele, os gastos serão maiores no mês e ele teme quando a interrupção no fornecimento ocorrer em um fim de semana, dias de maior movimento no estabelecimento comercial.

No Recanto das Emas, outra região afetada pelo racionamento, o comerciante Raimundo Nonato, 60 anos, não tem do que se queixar. Ele está contente com as vendas de tonéis, usados para coleta de água da chuva e armazenagem. “Perdi as contas de quantos vendi. É uma alternativa para quem não tem caixa d’água”, afirma. Os barris vazios custam de R$ 110 a R$ 130.

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Raimundo Nonato perdeu as contas de quantos tonéis vendeu nos últimos dias

Em uma das maiores lojas de materiais de construção de Ceilândia, apenas no último fim de semana, foram comercializadas 700 caixas de 500 litros, sendo que a média mensal é de 110 vendas. Segundo o gerente de compras do local, Joaquim Evangelista, o estoque já acabou e o próximo virá com aumento. “Um novo pedido chegará na quarta-feira. Nós vamos passar a caixa, que custava R$ 134,90, para R$ 159,90. Nossa intenção era manter o preço, mas não será possível”, disse.

O presidente da Federação do Comércio do Distrito Federal (Fecomércio), Adelmir Santana, diz que alguns setores serão mais afetados que outros pelo racionamento, como o de gastronomia. Entre eles, padarias e restaurantes.

Adelmir confirma que os gastos a serem feitos pelos comerciantes serão repassados para o bolso dos consumidores. “Esse racionamento é resultado do descaso e da falta de planejamento dos gestores.”

Mais de 500 mil pessoas estão sendo afetadas nesta primeira fase do racionamento, que ocorrerá por etapas. Elas ficarão um dia sem abastecimento, seguido de dois para religação e estabilização do sistema, e três dias de situação normalizada.

As áreas impactadas pela mudança são aquelas que dependem do Reservatório do Rio Descoberto, que nesta segunda está com 19,12% de sua capacidade. São elas: Águas Claras, Candangolândia, Ceilândia, Gama, Guará, Núcleo Bandeirante, Park Way, Recanto das Emas, Riacho Fundo I, Riacho Fundo II, Santa Maria, Samambaia, Taguatinga e Vicente Pires. Ao todo, cerca de 1,8 milhão de pessoas serão atingidas pela medida.

Confira aqui o cronograma do racionamento no Distrito Federal.

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