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PCDF prende grupo que vendeu 700 lotes irregulares no Jardim Botânico

Grileiros conseguiram autorização para explorar “sítio arqueológico” que alegavam existir no local. Mas, na verdade, queriam lotear a área

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1 de 1 Michael Melo/Metrópoles - Foto: Michael Melo/Metrópoles

A Delegacia Especial de Proteção ao Meio Ambiente e à Ordem Urbanística (Dema) deflagrou, nesta terça-feira (10/10), operação para desarticular um grupo que agia invadindo terras no Distrito Federal. Foram cumpridos 10 mandados de prisão, 27 de busca e apreensão e 10 de condução coercitiva, quando se é obrigado a prestar depoimento.

Além da grilagem, a polícia investiga crimes como lavagem de dinheiro. Até as 8h30, cinco pessoas haviam sido presas. Os mandados são cumpridos em várias cidades do DF e em Unaí (MG).

Segundo a investigação, a organização criminosa arquitetava tomar posse de uma extensa área pública, pertencente à Terracap, localizada no Jardim Botânico. “Apesar de o loteamento irregular ainda não estar implementado, cerca de 700 lotes já foram vendidos, cada qual medindo aproximadamente 600m² e avaliados, em média, por R$ 60 mil. Verificou-se também a cobrança de condomínio e taxas extras no valor de R$ 740 por mês”, afirmou a delegada Marilisa Gomes.

Conforme laudo do Instituto de Criminalística, a área em questão possui aproximadamente 46 hectares e encontra-se na Área de Proteção Ambiental (APA) da Bacia do Rio São Bartolomeu. O desmatamento da vegetação nativa e a construção de arruamentos no local causaram danos ao meio ambiente.

Segundo a polícia, a operação foi batizada de Dinossauro porque os grileiros, por meio de um relatório apresentado ao Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), conseguiram autorização para exploração de um “sítio arqueológico” que alegavam existir no local, mascarando a sua real intenção de realizar obras voltadas para o empreendimento.

De acordo com a delegada Marilisa Gomes, a investigação surgiu a partir de uma denúncia feita pelo Instituto do Patrimônio Histórico Artístico Nacional (Iphan). A área pública que estava sendo comercializada em diversos terrenos é batizada de Condomínio Ville de Montagne 2.

“Nós conseguimos comprovar que esse grupo há muito tempo faz a grilagem de terra como profissão.  As provas estão robustas em relação aos crimes que eles praticam”.

Dos 14 mandados de prisões temporárias, dez foram cumpridos. O nome do condomínio não tem ligação com o Ville de Montagne original. Entre os presos, sete já haviam sido alvo da Operação Sacerdote (veja abaixo). Antônio Corradi, ex- advogado da Terracap e atual advogado do condomínio, também foi detido.

Confira a entrevista com a delegada-chefe da Dema, Marilisa Gomes:

Outros casos
Em setembro, sete pessoas acusadas de envolvimento com o crime foram presas durante a Operação Sacerdote. Entre elas, Randel Machado de Faria, síndico do condomínio Ville de Montagne II; Sérgio Rafael Alejara; e o servidor do Tribunal de Contas do DF (TCDF) cedido à Agência de Desenvolvimento (Terracap), Gustavo Adolfo Moreira, que ocupava o cargo de diretor de Gestão Administrativa e de Pessoas (Digap) da empresa.

A operação foi divulgada em primeira mão pelo Metrópoles. O grupo agia tentando vender terrenos em áreas verdes públicas no Setor de Mansões Dom Bosco, no Lago Sul, o que é proibido. Os lotes, que ocupavam 5,3 hectares, estão dentro de uma Área de Preservação Permanente, com nascentes nas proximidades. Em alguns casos, chegaram a receber dinheiro pelo negócio.

A polícia passou a investigar o caso porque a própria Terracap denunciou a tentativa de venda direta em uma área onde não era possível a comercialização. Foram cumpridos sete mandados de prisão temporária, cinco de condução coercitiva (em que a pessoa é levada a depor) e 15 de busca e apreensão.

Na casa do diretor da Terracap, agentes da Dema encontraram R$ 10 mil. Com Randel Machado, a PCDF apreendeu R$ 40 mil em espécie. Um dos endereços visitados pelas equipes foi a sede da Terracap.

Também em setembro, a PCDF deflagrou a Operação Terra Fria para desarticular um grupo criminoso que atuava invadindo terrenos públicos valiosos, de 20 mil m², localizados em uma das áreas nobres do Distrito Federal, o Setor de Mansões Park Way. Os lotes eram  avaliados em torno de R$ 3,8 milhões cada. Entre os envolvidos, estavam um advogado e um auditor fiscal de atividades urbanas da Agência de Fiscalização do DF (Agefis).

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