Perto das chuvas, GDF não tirou do papel ações para evitar alagamentos
Drenar ainda está “em processo de análise de questões jurídicas” e medidas tomadas atualmente são paliativas
atualizado
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Faltando pouco mais de um mês para o início do período de chuvas no Distrito Federal, o brasiliense pode se preparar. Com a chegada dos temporais, o clima seco ficará melhor, mas os alagamentos virão como brindes nada agradáveis. Isso porque praticamente nenhum dos projetos que visam a drenagem pluvial para facilitar a saída da água das chuvas foi tirado do papel pelo Governo do Distrito Federal (GDF).
Há mais de 10 anos são anunciadas obras de ampliação do sistema de captação e escoamento de águas no DF. Mas, até agora, muito se disse e pouco se fez. Em junho de 2015, o GDF obteve um empréstimo de R$ 258 milhões referentes à segunda parcela de um financiamento feito com o Banco do Brasil. Os recursos seriam destinados à execução de 80 projetos em diversas regiões administrativas, incluindo obras de drenagem de águas pluviais.
Outra parte da obra abrangeria o restante da Asa Norte e a Asa Sul, mas ainda está em negociação com o Instituto Brasília Ambiental (Ibram). Está prevista ainda uma segunda etapa do Drenar, que melhoraria a área de Taguatinga. O projeto também prevê a melhoria da qualidade da água pluvial descarregada no Lago Paranoá, por meio da retenção dos resíduos em bacias de contenção. O problema é que a obra levaria dois anos para ser finalizada. Isso após a assinatura do contrato, o que ainda não aconteceu.
Em resumo, o Drenar permanece como um plano para o futuro. Para as próximas chuvas, o que o GDF vem fazendo é a limpeza das bocas de lobo das tesourinhas do Plano Piloto, ação que começou na segunda-feira (12/9). O objetivo do trabalho é evitar alagamentos em pontos críticos durante o período de chuva. A Sinesp informou ainda que há obras de drenagem e pavimentação em andamento no Sol Nascente, Vicente Pires, Porto Rico (Santa Maria) e Buritizinho (Sobradinho II). O problema é que tais medidas são mais paliativas.
Para o urbanista Frederico Flósculo, essas medidas não resolvem o problema. “O governo deve diagnosticar com rigor os problemas e planejar obras e medidas eficazes para solucioná-los. Em vez disso, os últimos governadores acabaram por contribuir com a ocupação desordenada do solo, causando prejuízos para a drenagem, o saneamento e para o meio ambiente”, afirma.
Intervenções recentes também são indicadas por ele para o agravante do problema. “Grandes construções, como o estádio Mané Garrincha, levam a uma impermeabilização do solo. O resultado é que as águas que escoem no Plano Piloto ganham mais velocidade na descida, dificultando a absorção e acumulando em alguns pontos. Isso pode ser claramente visto na quadra 202 norte”.