Dois em cada três brasilienses culpam GDF pela crise hídrica
Pesquisa encomendada pelo Metrópoles aponta que 66% da população responsabiliza o governo por não tomar medidas para evitar a falta d’água
atualizado
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Desde o início do ano, o Distrito Federal enfrenta uma crise hídrica de proporções nunca antes vistas na capital. Entre o racionamento de água e a preocupação com os níveis dos reservatórios de Santa Maria e do Descoberto, surge uma questão: de quem é a culpa? Para 66,6% dos brasilienses, a resposta objetiva é o governo local.
Uma pesquisa encomendada pelo Metrópoles ao Instituto Dados mostra que, quando questionados sobre a culpabilidade pela crise hídrica, dois terços da população responsabilizam o governo, porque “não buscou alternativas para evitar a falta d’água”.
Em segundo lugar (12,2%), os entrevistados apontaram a própria população como a culpada pela crise hídrica, por não ter sido “educada para fazer economia de água”.Os reservatórios, “que parecem furados porque chove e eles não enchem”, foram indicados como responsáveis, de acordo com 2% das pessoas. Até São Pedro, considerado pelos católicos como o encarregado por mandar o aguaceiro, foi citado como culpado, por 1,8% dos entrevistados. Para eles, o santo “não faz chover o suficiente”.
O levantamento foi realizado entre os dias 6 e 12 de dezembro e ouviu 1,2 mil habitantes da capital federal. As entrevistas foram feitas pessoalmente e abrangeram moradores de 30 regiões do DF. A margem de erro da pesquisa é de 2%, e o nível de confiança, de 95%.
A crise hídrica que atinge o Distrito Federal teve início ainda no ano passado, quando os índices pluviométricos ficaram abaixo do esperado e levaram os reservatórios utilizados para o abastecimento da capital a terminar 2016 com níveis baixos. Durante os primeiros dias do ano, a situação se agravou e, em 16 de janeiro, teve início o racionamento de água, ainda sem prazo para acabar.
Falta de planejamento
Especialistas ouvidos pela reportagem à época afirmaram que o desabastecimento era previsto há pelo menos 12 anos, por isso o Governo do Distrito Federal deveria ter tomado medidas para resolver o problema.
“Na época, o governo decidiu apostar todas as fichas na captação em Corumbá. Mas o projeto, grandioso, demandou alto investimento e, devido a problemas diversos, não começou a funcionar até hoje”, disse o especialista em recursos hídricos e professor da Universidade de Brasília (UnB) Sérgio Koide.
Com o objetivo de reduzir os impactos do problema, o Executivo local inaugurou, em outubro, serviços de captação de água no Lago Paranoá e no Subsistema Bananal. As obras de Corumbá, no entanto, continuam, e a entrega está prevista para dezembro de 2018.