Crise hídrica no DF: 35% da água distribuída pela Caesb se perdem
Problema é causado por inadequações no sistema de distribuição e pelas ligações clandestinas. Por ano, 86 bilhões de litros são perdidos
atualizado
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A crise hídrica que atinge o Distrito Federal chegou a um de seus pontos mais críticos com o início do racionamento em 14 regiões administrativas do DF. Diante desse quadro, um dado choca: 35% da água bombeada pela Companhia de Saneamento Básico do DF (Caesb) se perdem e não chegam ao consumidor final. Por ano, 86 bilhões de litros escapam no sistema de distribuição.
“Se tivéssemos essa água toda para distribuir, talvez o racionamento fosse mais suave. Com certeza, ia ajudar muito a situação atual”, explica a gerente de Gestão de Perdas da Caesb, Ieda Duarte. De acordo com a gestora, em cada uma das unidades consumidoras do DF são perdidos, diariamente, 396 litros de água. A quantidade quase seria suficiente para encher uma caixa d’água de 500 litros, por exemplo, em cada residência ou prédio.
“Em São Sebastião, por exemplo, temos um problema de vazamento muito grande porque a rede foi construída sobre uma área de pedregulho e com canos de qualidade duvidável. Por isso, o material foi sendo perfurado e há perda de água”, explica a gestora. Ainda de acordo com Duarte, a alta pressão hídrica aumenta ainda mais o problema já que, quanto mais água é bombeada, maior é a perda.
Já as perdas aparentes são aquelas em que a água é consumida, mas não é contabilizada pela Caesb. Nessa categoria entram as ligações clandestinas e a submedição em hidrômetros. De acordo com o levantamento mais recente da empresa, existem no DF cerca de 38 mil ligações de água clandestinas. Para a gerente de Perdas, a questão também agrava a crise hídrica.
“As ligações clandestinas não causam só danos à empresa, mas também à população. Como o usuário não paga pelo consumo, ele é induzido a desperdiçar”, explica. As perdas reais representam 57% do total, enquanto as perdas aparentes são 43%.
Soluções
Atualmente, as principais medidas tomadas pela Caesb para diminuir o número de perdas de água são a busca por vazamentos invisíveis e a substituição de hidrômetros. De acordo com Ieda Duarte, os aparelhos têm vida útil de cinco anos e, após esse período, passam a ter problemas de submedição de consumo.
No entanto, a gestora afirma que já foi assinado o contrato para a realização de um projeto de setorização do sistema de distribuição de água. De acordo com ela, o projeto vai atingir 67% das unidades consumidoras e deve facilitar a fiscalização de vazamentos.
“Com sistemas que têm menos ligações, é mais simples identificar e corrigir perdas. Os transtornos de desligamento da rede para a realização de reparos também serão reduzidos, já que o número de consumidores é menor”, afirma. De acordo com Ieda, a implementação do projeto deve ser finalizada até o mês de outubro de 2019.