metropoles.com

A pior crise hídrica no DF não tem data para acabar

Para especialistas, a situação crítica enfrentada pelos brasilienses vem sendo anunciada há pelo menos 15 anos e foi negligenciada pelo poder público

atualizado

Compartilhar notícia

Google News - Metrópoles
Tony Winston/Agência Brasília
corumbá 4
1 de 1 corumbá 4 - Foto: Tony Winston/Agência Brasília

A pior crise hídrica do Distrito Federal registrada nos últimos 30 anos está longe de acabar. Apesar das chuvas dos últimos dias, os reservatórios do Descoberto e de Santa Maria, que abastecem 85% da população, estão com níveis muito baixos. Se não controlarem as torneiras, os brasilienses vão pagar até 20% a mais na fatura mensal cobrada pela Companhia de Saneamento Ambiental do DF (Caesb). A situação extrema, de acordo com especialistas ouvidos pelo Metrópoles, é resultado do cochilo do poder público sobre uma tragédia anunciada há pelo menos 15 anos e de investimentos tardios na geração de água para capital federal.

O Lago Paranoá, por exemplo, poderia ser uma fonte de captação. Em dezembro de 2015, a Caesb recebeu autorização para tirar água do espelho d’água, mas a empresa ainda aguarda a liberação de recursos na Caixa Econômica Federal (CEF) para iniciar as obras. As outras duas apostas para tirar o Distrito Federal da crise são o sistema Corumbá IV, que está com obras em andamento e trará água do manancial goiano para o DF, e o subsistema Bananal, que também não fica pronto antes de 2017.

Não existe, portanto, solução a curto prazo para ampliar a captação de água para o DF. E a crise vinha dando sinais de que uma hora chegaria. É o que destaca o especialista em Economia Ambiental e professor da Universidade de Brasília (UnB) Gustavo Souto Maior. Segundo ele, os dois reservatórios do Rio Descoberto e Santa Maria vêm baixando a capacidade a cada ano.

“Em 2001, o Tribunal de Contas da União (TCU) fez uma auditoria operacional no sistema dos recursos hídricos de todo o país e, à época, chegou-se à conclusão de que o DF tinha a terceira pior situação em todo o Brasil, em termos de disponibilidade hídrica por habitante/ano. A capital só estava melhor que Pernambuco e Paraíba”, ressalta. “Essa situação já é de conhecimento dos governantes há muito tempo e nunca fizeram nada para combater essa crise”, acrescenta.

Souto Maior afirma que a crise é, portanto, resultado da falta de ação do poder público, de investimentos em novas fontes de geração de água e de transparência. “Se a população aumenta, o consumo cresce e a oferta não acompanha. Mesmo com Corumbá IV, os problemas não terão solução. Quando começaram a divulgar o assunto (em 2004), dizia-se que o recurso abasteceria a região por 100 anos. Mas a verdade é que, até hoje, não veio um litro de água para cá. Além disso, o compartilhamento da água entre a usina hidrelétrica e o consumo humano também deve ser analisado”, ressalta.

A ambientalista e funcionária de carreira da área de meio ambiente Eulália Machado de Carvalho diz que, apesar das obras, inevitavelmente o DF vai precisar de recursos hídricos de outros estados para a demanda futura. “O sistema de Corumbá IV é uma cooperação entre DF e Goiás e não vai resolver a situação. Existiam soluções que deveriam ter sido feitas lá atrás, quando identificaram 26 captações a fio d’água. Mas, infelizmente, o poder público demorou para tomar uma atitude. Além disso, a conscientização do consumo é uma alternativa para preservação dos recursos disponíveis”, destacou

Segundo o diretor Financeiro e Comercial da Caesb, Marcelo Antônio Teixeira, desde 2000, a empresa vem fazendo estudos para a implantação de novos sistemas produtores de água potável. Ele também afirmou que a previsão do início da atividade de Corumbá IV está atrasada e que as instalações devem começar a funcionar somente em 2018.

As obras são executadas de forma conjunta com a Saneago (empresa de saneamento do estado de Goiás), o que permitiu reduzir os investimentos sob a responsabilidade do DF. O impacto nos cofres públicos é de R$ 275 milhões. “O sistema beneficiará inicialmente cerca de 600 mil habitantes de Santa Maria, do Gama e do Entorno (Valparaíso, Novo Gama e Luziânia). A parte da obra que cabe à Caesb está em pleno andamento. A conclusão no prazo previsto dependerá do aporte de recursos do GDF”, garantiu Teixeira.

Saiba mais sobre os três novos mananciais de abastecimento:

Sistema Corumbá
Em construção, principalmente na área próxima à fronteira do Distrito Federal, onde vai funcionar a Estação de Tratamento de Água Corumbá. As obras são executadas de forma conjunta entre a Saneago e a Caesb, com valor previsto de R$ 275 milhões. Numa primeira etapa, deverá produzir 1.400 l/s e, posteriormente, 2.800 litros/s. Beneficiará, inicialmente, 600 mil moradores de Santa Maria, do Gama e do Entorno (Valparaíso, Novo Gama e Luziânia). O início da operação do sistema está previsto para o segundo semestre de 2018. A parte da obra que cabe à Caesb está em pleno andamento.

Sistema Paranoá
Encontra-se em fase final de licitação. As obras devem começar nos primeiros meses de 2017 e incluem a captação, o tratamento, o armazenamento e a distribuição de água. Devem custar R$ 477 milhões. A capacidade de vazão é de 2.100 litros/s, devendo beneficiar cerca de 600 mil habitantes das regiões de Paranoá, de São Sebastião, do Lago Norte, de Sobradinho I e II, dos condomínios do Grande Colorado e de Planaltina. Como o sistema é interligado, trará benefícios para o abastecimento de todo o Distrito Federal. Prevê-se a conclusão das obras no final de 2019. A Caesb aguarda liberação de recursos da Caixa.

Subsistema Bananal:
O contrato já foi assinado e a Caesb recebeu a ordem de serviço. Os trabalhos terão início ainda nesta semana. As obras incluirão captação de água bruta e bombeamento para a ETA Brasília, tendo um valor previsto de R$ 20 milhões. Esse conjunto de obras terá capacidade para uma vazão média de 726 l/s, devendo beneficiar cerca de 170 mil habitantes das regiões do Plano Piloto, Cruzeiro e Lago Norte. Também será interligado ao sistema Santa Maria/Torto, ampliando o rol de regiões beneficiadas. Prevê-se a conclusão das obras para o final de 2017.

Cinco dicas para economizar água:

5 imagens
1 de 5

2 de 5

3 de 5

4 de 5

5 de 5

Quais assuntos você deseja receber?

Ícone de sino para notificações

Parece que seu browser não está permitindo notificações. Siga os passos a baixo para habilitá-las:

1.

Ícone de ajustes do navegador

Mais opções no Google Chrome

2.

Ícone de configurações

Configurações

3.

Configurações do site

4.

Ícone de sino para notificações

Notificações

5.

Ícone de alternância ligado para notificações

Os sites podem pedir para enviar notificações

metropoles.comDistrito Federal

Você quer ficar por dentro das notícias do Distrito Federal e receber notificações em tempo real?