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Medidas paliativas não aliviam estragos da chuva na Asa Norte

Com alagamentos, moradores, comerciantes e especialistas não viram melhoras na região após as últimas intervenções feitas pelo governo

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1 de 1 Alagamentos-na-Asa-Norte-1 - Foto: Igo Estrela/Metrópoles

A tempestade na manhã dessa quinta-feira (07/11/2019) causou estragos na Asa Norte. O Governo do Distrito Federal (GDF) divulgou nota comemorando o desempenho das lagoas de contenção construídas perto do Estádio Nacional de Brasília Mané Garrincha que, segundo o Palácio do Buriti, diminuiriam o impacto das águas na região. No entanto, a população não viu melhora.

A nota do GDF citou o “desempenho satisfatório” das obras na contenção de águas na 202, 402 e 907 Norte. O Metrópoles visitou as três vizinhanças na tarde dessa quinta-feira (07/11/2019) . Do ponto de vista de moradores, comerciantes, especialistas e órgãos de controle, as enxurradas causaram o mesmo desconforto dos anos passados. Ou seja, tiveram pouco efeito na retenção das águas.

Após a enxurrada, a 202 Norte ficou tomada por barro, pedras e placas de carros. Segundo Donizete Rosa, 28 anos, gerente de um restaurante da quadra, as obras não mitigaram o impacto das tempestades. Com 15 minutos chuva, a região ficou alagada. “Não melhorou nem um pouco. É prejuízo para o comerciante. Como a pessoa anda com água na cintura?”, criticou.

Entre novembro e março, a quadra costuma sofrer com alagamentos. Pedindo para ter o nome preservado, uma trabalhadora da região não concordou com o discurso do GDF. “Alagou com intensidade igual aos anos anteriores. Chegou a fechar a tesourinha. Ela ficou alagada. As obras não surtiram muito efeito. E eu estava até na expectativa de melhora”, desabafou.

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A água tomou a rua rapidamente, dificultando o acesso de comerciantes e clientes
A cada ano, a quadra sofre durante a temporada de chuvas
Segundo grande parte da população, as obras do GDF não surtiram efeito
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Pelas redes sociais, a população divulgou imagens do alagamento na 202 Norte

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A água tomou a rua rapidamente, dificultando o acesso de comerciantes e clientes

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A cada ano, a quadra sofre durante a temporada de chuvas

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Segundo grande parte da população, as obras do GDF não surtiram efeito

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Piora?

Dono de um restaurante na 402, João Carlos Gontijo, 26, também não testemunhou menor intensidade nos alagamentos. “Pelo que pude perceber, este ano continua a mesma coisa, continua tendo os alagamentos do ano passado”, pontuou. Sentimento compartilhado pelo comerciário Gelcianio Vieira de Freitas. Na verdade, para o trabalhador, a situação piorou.

“No ano passado, não presenciei e fiquei sabendo de casos iguais aos desta terça-feira. Acho que o GDF tem que fazer um estudo para a finalização dessas obras”, comentou. Neste contexto, Gelcianio e os colegas de loja não estão satisfeitos com a linha de ação do governo. “Tem que melhorar muito. E com providências urgentes”, arrematou.

Nos arredores da 907 Norte, críticas também foram disparadas. Segundo Márcio Borges, 47, porteiro de um prédio residencial na 706 Norte, ao longo de 26 anos a região sofre com alagamentos no período chuvoso, e neste ano não foi diferente. “Passou água do mesmo jeito”, resumiu. De acordo com Borges, as bocas de lobo ficaram entupidas pela sujeira. A água tomou tudo.

Elogios

As reclamações não foram unânimes. O atendente Daniel Soares, 18, empregado em uma lanchonete perto da 907, viu melhora. “Realmente, melhorou. Não foi grande, mas foi boa”, afirmou. Segundo o jovem, os transtornos foram menores na comparação com períodos chuvosos passados.

O chapeiro Bruno Alves, 19, também aprovou as obras. A tempestade chegou a danificar a lanchonete onde trabalha, perto da 907, mas o fluxo das águas correndo pelas ruas foi menos intenso, do ponto de vista do trabalhador. Morador do Paranoá, Alves espera que o GDF continue a fazer obras de contenção e drenagem das chuvas não apenas na Asa Norte, mas em todo o DF.

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Grande parte da população não viu melhora na contenção das águas
A tesourinha alagou rapidamente durante a chuvarada
Segundo o gerente Donizete Rosa, o alagamento tomou a pista, prejudicando o comércio
O empresário João Carlos Gontijo não testemunhou melhora na contenção das águas
Segundo a população, bocas de lobo e bueiros não estavam limpos
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Após a tempestade, as ruas da 202 foram tomadas por barro e placas de carro

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Grande parte da população não viu melhora na contenção das águas

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A tesourinha alagou rapidamente durante a chuvarada

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Segundo o gerente Donizete Rosa, o alagamento tomou a pista, prejudicando o comércio

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O empresário João Carlos Gontijo não testemunhou melhora na contenção das águas

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Segundo a população, bocas de lobo e bueiros não estavam limpos

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Do ponto de vista de Bruno Alves, as lagoas de contenção conseguiram mitigar o impacto da chuva

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O porteiro Márcio Borges defende uma campanha para a limpeza efetiva de bocas de lobo e bueiros

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Paliativo

Segundo a presidente do Conselho Regional de Engenharia e Agronomia do DF (Crea-DF), Fátima Có, as bacias de contenção são soluções para as inundações, mas devem ser executadas em todo o percurso até o Lago Paranoá.

“Ao que nos parece, foram feitas pequenas intervenções, como a limpeza das bocas de lobo e outras. Mas tais intervenções são paliativas, não resolvem definitivamente o problema”, ponderou. Fátima destacou problemas em outras regiões, como a 511 Norte, completamente alagada. Existe um veio d’água na região, dificultando ainda mais a penetração da água no solo.

Ineficientes

Na leitura do professor de arquitetura e urbanismo da Universidade de Brasília (UnB) Frederico Flósculo, as obras do GDF não foram eficientes. Neste sentindo, classifica como “embaraçoso” o desempenho do projeto de drenagem na Asa Norte e em todo o DF. Para o especialista, as construções pecam pela falta de diagnósticos técnicos.

“O GDF gasta sem saber. E o meio ambiente não mente, com alagamentos e enxurradas”, sentenciou. As chuvas também causaram estragos em escolas e hospitais públicos.

Versão do GDF

Procurado pela reportagem, o GDF reafirmou a avaliação positiva das intervenções, realizadas pela Secretaria de Obras em conjunto com a Companhia Urbanizadora da Nova Capital do Brasil (Novacap). Segundo o diretor de Urbanização da estatal, Luciano Carvalho, na Asa Norte, as obras pontuais não são a solução definitiva, mas funcionaram satisfatoriamente.

Além da construção de duas lagoas de contenção e curvas de nível perto do depósito do Departamento de Trânsito do DF (Detran-DF), o governo concertou pontos de captação de água da chuva, limpou e desobstruiu bocas de lobo e bueiros.  “Nossa avaliação é que os impactos foram bem menores do que aqueles que vimos nas últimas chuvas”, declarou.

Novo Drenar DF

Segundo a Secretaria de Obras, o programa Drenar DF, antigo Águas do DF, está em fase de atualização. A versão original data de 2008, e o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) exige mudanças, como a troca de bacias a céu aberto por cobertas. A estimativa é de que o novo custo da obra fique em torno de R$ 350 milhões.

Nesse contexto, não há previsão de execução das obras. Na fase atual, o programa é dividido em duas etapas. Uma com foco no Plano Piloto e outra, em Taguatinga.

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