Médicos que atuam no Iges criticam realocação para SES-DF: “Tumulto”
Servidores que atuam no Iges farão ato nesta quarta (8/2) no Hospital de Base contra a realocação para unidades da SES-DF
atualizado
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Servidores da Secretaria de Saúde do Distrito Federal (SES-DF) que atuam em unidades do Instituto de Gestão Estratégica de Saúde (Iges-DF) criticaram a ordem para que fossem realocados para unidades da SES.
Em decreto publicado no dia 26 de janeiro no Diário Oficial do DF (DODF), o GDF determinou a volta de todos os servidores da Secretaria de Saúde que trabalham no Iges. Atualmente, 1.640 profissionais da pasta atuam em unidades da instituição. As exceções são os médicos especialistas lotados no Hospital de Base ou no Hospital Regional de Santa Maria.
Para alguns profissionais de saúde, porém, o decreto é vago, uma vez que não especifica quais servidores serão devolvidos. Uma médica do Hospital de Base que não será identificada disse temer ser realocada para onde o serviço não é bem estruturado.
“Nós fomos concursados pela Secretaria de Saúde e lotados no Base. Só que quando mudou para o instituto, perguntaram a nós quem tinha interesse de continuar no Base. Aí, ficaram aqueles que quiseram e foi assegurado o direito de permanecer ali”, conta.
“Agora, querem contratar outros médicos do Iges e querem que nós saiamos do Base. Isso implica em nos colocar em outro serviço que não é tão estruturado. A nossa experiência com emergência, com serviço de residência médica, por exemplo, estão deixando de lado”, reclama a servidora.
Os servidores marcaram um protesto no Hospital de Base, na manhã desta quarta-feira (8/2), contra a decisão. A manifestação deve ocorrer no estacionamento do Pronto-Socorro.
SindMédico é contra mudança
Segundo Gutemberg Fialho, presidente do SindMédico-DF, a entidade é contra a mudança anunciada no DODF. “No Hospital de Santa Maria e no Hospital de Base trabalham profissionais que têm uma curva de conhecimento de mais de 20 anos de formação. Com a devolução destes servidores sem um bom planejamento, há serviços que podem fechar”, comenta.
“Não dá para substituir um médico por outro que não tem a mesma experiência. Temos profissionais no Base que não existem no mercado”, completa.
Impacto para residentes
Fialho acrescenta que os médicos temem o fechamento do programa de residência nos hospitais de Base e de Santa Maria. “A SES precisa especificar quem serão os servidores devolvidos. Se os preceptores forem devolvidos, quem é que vai orientar os residentes?”, questiona.
No último dia 30, o sindicato se reuniu com representantes de Secretaria de Saúde e do Iges. Na ocasião, médicos pontuaram que caso os programas de residência médica sejam encerrados, haverá perda da força de trabalho de 400 residentes somente no Hospital de Base.
Para o presidente do SindMédico-DF, “foi um decreto genérico que criou angústia e tumulto entre os servidores em vez de resolver o problema de falta de profissionais”. A entidade segue tentando conversar com os órgãos para que seja lançado outro decreto, com mais detalhes da decisão.
Outro lado
A reportagem procurou a Saúde e o Iges. Em nota, a secretaria disse que os servidores que não são de especialidades exclusivas do Hospital de Base irão para os locais onde há déficit na assistência daquele profissional. A pasta informou que vai considerar a área de atuação dos servidores e a proximidade de suas residências.
Ainda conforme a SES-DF, a residência médica não terá nenhuma alteração. “Os residentes continuarão a atuar em seus cenários de ensino sem qualquer prejuízo. Além disso, não haverá desassistência ou dissolução dos serviços prestados nas unidades administradas pelo Iges-DF. A Secretaria visa, com esse retorno, a recomposição da força de trabalho e a melhor assistência à população.”
O Iges não havia se pronunciado até a publicação desta matéria. O espaço fica aberto para manifestação.