Medicina é o curso superior do DF com a menor inclusão de estudantes negros
Pesquisa traça mapa da presença de negros nas faculdades públicas e privadas. Veja os cursos onde eles são mais e menos presentes
atualizado
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A quantidade de estudantes negros que conseguem cursar uma faculdade no Distrito Federal ainda está distante do desejado. No Dia da Consciência Negra, celebrado nesta sexta-feira (20/11), o Metrópoles teve acesso a uma pesquisa mostrando que apesar de alguns avanços, em muitos cursos a presença de alunos negros ainda é tímida, como na medicina.
Segundo levantamento do Quero Bolsa – plataforma de inclusão no ensino com bolsas de estudo -, em 2019, apenas 33,78% dos universitários de faculdades públicas e privadas de medicina do DF se autodeclararam negros. Situação semelhante foi constatada em arquitetura. Neste curso, o percentual ficou em 35,61%.
O estudo analisou a edição 2019 do Censo da Educação do Ensino Superior, produzido pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep). Ou seja, a análise é anterior à pandemia do novo coronavírus. Conforme a pesquisa, a taxa de inclusão de negros em todas as faculdades do DF é de 47,65%.
De acordo com a pesquisa, na média, universitários negros estão mais presentes nas instituições públicas. Entre 40.971 alunos, 19.918 se autodeclaram negros. Representam, então, 48,61%. As universidades particulares apresentaram 183.483 estudantes. Deste total, 87.029 se reconheceram como negros. Percentualmente, são 47,43%.
Por outro lado, os números locais superam as taxas nacionais. No Brasil, a presença de estudantes autodeclarados negros cursando medicina foi de 25,47%. No caso da arquitetura, o percentual ficou em 29,28%. Considerando todos os cursos, a média de inclusão de negros é de 38,2%.
Cotas
A pesquisa mapeou a presença dos negros nas instituições de ensino superior entre 2012 e 2019. No primeiro ano do estudo, as faculdades tinham apenas 12,32% alunos negros, representando 21 mil estudantes. Em 2019, esse número saltou 106 mil. Trata-se de um crescimento de 388,3%.
Na leitura dos pesquisadores, o avanço ocorreu entre 2013 e 2016, justamente no período de implantação das cotas. Neste recorte, os percentuais de estudantes negros avançaram de 22,58% para 41,18%. Em outras palavras, a política das cotas foi determinante para a inclusão.
Apesar do avanço, a taxa ainda é inferior à quantidade de negros residentes no DF. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), 56,2% da população da capital do país é negra.