Me Farei Ouvir: documentário sobre mulheres na política estreia no DF
Com direção de Bianca Novais e Flora Egécia e roteiro de Dandara Lima, Me Farei Ouvir estreou nesta quarta (21/9), no Cine Brasília
atualizado
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Com a plateia lotada e muitos aplausos, estreou nesta quarta-feira (21/9), no Cine Brasília, o documentário Me Farei Ouvir. Com direção de Bianca Novais e Flora Egécia, e roteiro de Dandara Lima, o filme investiga a sub-representação de mulheres na política brasileira. A produção, com duração de 30 minutos, aborda os gargalos e labirintos que a democracia brasileira produz para dificultar o acesso de mulheres entrevistando candidatas eleitas ou não.
O curta-metragem foi realizado exclusivamente por mulheres e filmado no segundo semestre de 2019. A produção é fruto de um projeto sem fins lucrativos e não teve apoio de recursos públicos. Para financiá-lo, foi necessário fazer uma campanha de arrecadação que até mesmo ultrapassou a meta. Foram mais de 800 doadores.
Veja como foi a estreia:
Me Farei Ouvir cruza a trajetória de mulheres diversas, com experiência ou militância política, notórias ou estreantes. Há depoimentos inéditos das deputadas federais Benedita da Silva, Áurea Carolina, Luísa Canziani, Joênia Wapichana, da deputada estadual Erica Malunguinho, da cientista política Flávia Biroli, a advogada Gabriela Rollemberg, a administradora do Plano Piloto Ilka Teodoro, da ex-governadora do DF Maria Abadia e ex-prefeita de São Paulo Marta Suplicy.
Ilka Teodoro destacou a relevância do documentário para o debate atual a respeito da participação das mulheres na política.
“Fiquei muito feliz com o convite. É uma temática necessária. Precisamos discutir a representatividade de gênero e raça na política. O documentário vem como instrumento para fazer esse debate público. Ele é um fator para estimular esse debate, pois vivemos um momento de muitas mudanças e questionamentos no processo eleitoral”, comentou.
Além do filme, a meta se estendeu para produção, elaboração gráfica e de conteúdo, publicação e distribuição da cartilha “Manual da Mulher Candidata”. Trata-se de um material que ensinará o passo a passo burocrático para que mais mulheres possam se candidatar.
A diretora da Faculdade de Comunicação (FAC) da Universidade de Brasília (UnB), Dione Moura, prestigiou o evento ao lado da família e celebrou a produção dirigida por ex-alunas da instituição.
“Vim acompanhar o evento como professora e, também, mulher negra e mãe de uma das diretoras, a Flora Egécia. No momento em que a universidade pública precisa ser valorizada, a minha certeza é que a sociedade brasileira vai receber um produto de altíssima qualidade”, comemorou.
Lançado a duas semanas das eleições, o documentário surgiu a partir da necessidade de refletir sobre os espaços ocupados por mulheres no cenário político brasileiro e entender quais são as dificuldades encontradas por meio de um material educativo.
“Queremos mudanças e mais mulheres qualificadas na política, não só para cumprir cota de partidos. Queremos trazer toda essa informação de maneira acessível, tanto para as candidatas e, através do filme, para que toda a população se conscientize a curto e longo prazo da importância de mais mulheres nessa cena”, destaca a diretora de fotografia, Bárbara Rodarte.
Bárbara ressaltou, ainda, o aprendizado que a direção do produto a proporcionou como fotógrafa. “Trouxe o meu conhecimento político de comunicação para dentro. Estive ali para aprender muito com essas mulheres que atuam em espaços masculinizados e misóginos. Todo esse estudo da costura das entrevistas foi excepcional e foi um trabalho bastante minucioso”, contou.
A partir dessas figuras diversas, com experiência ou militância política, o documentário sai em defesa da paridade de gênero e da promoção de mais mulheres na política, principalmente mulheres negras que são o maior grupo demográfico do País, segundo o Instituto Brasileiro e Geografia e Estatísticas (IBGE).