“Me dá prazer”, diz acompanhante de luxo que atuava como advogada
Cláudia de Marchi, que largou a sociedade em um escritório de advocacia e o cargo de professora numa universidade, registra as histórias do novo ofício em um blog
atualizado
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Por Thais Antonio
Dona Joceli Marcondes estava no quintal da casa em que morava em Sorriso, no Mato Grosso, tomando um chimarrão, quando ouviu a filha única anunciar: “Eu tenho duas soluções na vida pela quantidade de azar que eu dei profissionalmente: ou eu me afogo nessa piscina ou eu vou virar puta”. Cláudia morava com a mãe desde a separação e havia acabado de perder o emprego de professora universitária e desfeito uma sociedade em um promissor escritório de advocacia.
Depois de Cláudia comunicar a decisão à mãe, ouviu: “Eu diria que esta é a decisão mais sensata da tua vida! Finalmente! Tu nunca simpatizaste com cargo público, concurso, enfim. Tu não tens paciência pra casar, não quer ter filhos, não tem saco pra comodismo de homem, é tarada que eu sei. Vai usar a tua beleza pra isso! Se eu tivesse a tua idade e beleza já tinha desistido dessa vidinha de recatada direitinha há tempos!”.A palavra puta, assim como prostituta, garota de programa e até a própria palavra programa, não fazem mais parte do vocabulário de Cláudia de Marchi, que se autointitula cortesã ou acompanhante de luxo. A decisão tomada naquela manhã, depois de uma noite sem dormir, foi colocada em prática. Para começar a nova carreira, Cláudia e dona Joceli se mudaram de Sorriso para Brasília em abril deste ano. Optar pela vida de cortesã teve a ver também com uma decisão anterior: “Desisti de casar e ter filhos”, diz Cláudia, que pondera: “Isso não significa desistir do amor”.
“Eu desisti do amor romântico, desse ideal que as pessoas têm de que precisa ter alguém para ser feliz. Do amor eu não desisto. Amo a vida, amo todo mundo que não me fizer mal algum. Amor é meu nome. Só que eu desisti daquele ideal, ao ponto de perceber que eu me basto sozinha. Se é pra ter um relacionamento razoável, com uma pessoa que se acomoda na relação, que acha que porque trocou ‘eu te amo’, ou uma aliança, ou um papel no cartório, tem a outra pra sempre e desiste de conquistá-la todos os dias, então isso eu não quero. Ciente dessa desistência do amor romântico, da minha maturidade, de meu ponto de vista mais feminista, foi que eu pensei: eu gosto de sexo”, conta, sobre o insight que mudou o rumo profissional dela.
Confira o blog crônicas de Simone Stefanni.
Quer ler a história completa da Cláudia de Marchi? Acesse o Projeto Lupa e veja o texto na íntegra.
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