Cid repete discurso de CPMI em CPI, mas tira trecho sobre GSI; veja anotações
Trecho de depoimento escrito por defesa sobre remuneração foi retirado de último texto lido na CPI do DF
atualizado
Compartilhar notícia
O tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), leu o mesmo discurso nas duas CPIs que participou. Porém, um parágrafo do texto escrito pela defesa dele foi retirado.
Nesta quinta-feira (24/8), diante dos deputados do Distrito Federal, Mauro Cid escolheu não afirmar que sua vinculação administrativa era estabelecida pelo Gabinete de Segurança Institucional (GSI), como disse na Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI), em 11 de julho.
O discurso de defesa do ex-ajudante de ordens de Bolsonaro tem uma introdução e trajetória de Mauro Cid. O trecho retirado na CPI do DF dizia: “Minha vinculação administrativa era estabelecida pelo Gabinete de Segurança Institucional, inclusive, por meio de onde provinha minha remuneração”.
Ele fez anotações à mão sobre o discurso escrito para a CPMI. Confira as alterações na galeria abaixo.
Cid foi o depoente ouvido nesta quinta pela Comissão Parlamentar de Inquérito dos Atos Antidemocráticos, em andamento na Câmara Legislativa do Distrito Federal (CLDF).
Veja como foi:
Já no pronunciamento inicial, ele disse que iria permanecer em silêncio durante toda a sessão. Com isso, ele repete o comportamento que teve na CPMI.
Na ocasião, Cid também fez uso do direito ao silêncio, em praticamente toda a oitiva. Ele se recusou a responder perguntas em mais de 40 ocasiões, e se calou durante mais de sete horas. O depoente se recusou, inclusive, a responder questões básicas, como informar a própria idade (veja aqui).
Braço direito de Bolsonaro
Preso desde maio no âmbito de investigação sobre falsificação de cartões de vacina, Cid foi o braço direito de Bolsonaro ao longo do último governo, que acabou não sendo reeleito. A Polícia Federal cumpriu o mandado de prisão dentro da operação que investiga uma associação criminosa acusada pelos crimes de inserção de dados falsos de vacinação contra a Covid-19 nos sistemas do Ministério da Saúde.
As inserções de dados falsos ocorreram entre novembro de 2021 e dezembro de 2022 e tiveram como consequência a alteração da verdade sobre a condição de imunizado contra a Covid-19 dos beneficiários. O próprio Bolsonaro teria o cartão de vacina adulterado, além da filha mais nova dele, Laura, 12 anos; Mauro Cid, a esposa e a filha dele.
“Com isso, tais pessoas puderam emitir os respectivos certificados de vacinação e utilizá-los para burlarem as restrições sanitárias vigentes impostas pelos poderes públicos (Brasil e Estados Unidos) destinadas a impedir a propagação de doença contagiosa, no caso, a pandemia de Covid-19”, diz a PF.
O objetivo do grupo seria manter coeso o elemento identitário em relação às suas pautas ideológicas, no caso, sustentar o discurso voltado aos ataques à vacinação contra a Covid-19. Ao Metrópoles, na segunda-feira (21/8), o advogado de Mauro Cid negou preocupação com Bolsonaro: “Ele se preocupa com ele”.
“Ele tem muitos problemas para se preocupar com o outro lado. Ele se preocupa com ele, com a família dele, só. É indiferente [com Bolsonaro]. Não tem preocupação com o outro lado. Não sou contra nem a favor do Bolsonaro, nem ele”, afirmou Cezar Bitencourt. Desde que assumiu a defesa de Cid, na semana passada, Bitencourt tem falado que Cid vai admitir a venda do relógio Rolex nos Estados Unidos.
Além disso, no início da semana foi revelado que mensagens no celular do tenente-coronel indicam que Bolsonaro sabia da venda e do resgate das joias.
Apesar de versões conflitantes, o advogado de Cid tem mostrado que pode complicar a vida de Bolsonaro, ao afirmar que o tenente-coronel cumpriu ordens do então chefe.