“Matei minha filha”, disse mãe ao lado do corpo da criança
Mulher foi presa em flagrante na madrugada desta quinta-feira na região de Vicente Pires
atualizado
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A madrugada desta quinta-feira (13/02/2020) foi marcada por uma barbárie na região de Vicente Pires. Vizinhos escutaram, por volta das 5h, um homem gritando que sua filha tinha sido assassinada. A vítima, Júlia Félix de Moraes, 2 anos e dois meses, foi esfaqueada duas vezes — entre a região do pescoço e o peito — e não resistiu aos ferimentos. A mãe, Laryssa Yasmim Pires de Moraes, 21, acabou presa em flagrante pelo crime.
A Polícia Militar foi acionada via Copom. Quando chegou ao local, uma equipe do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) estava no apartamento onde ocorreu o homicídio, mas não houve tempo para socorrer a pequena. A mãe, segundo a PM, encontrava-se sentada próximo ao corpo da filha, com a roupa suja de sangue.
Quando os policiais perguntaram o que tinha ocorrido, ela disse: “Não sei, não sei, não sei. Matei minha filha!”. E ainda teria emendado: “Tenho certeza que está num lugar melhor”. No local, também estava o pai da criança, Giuvan Félix, 26, que vestia apenas cueca. Ele também estava sujo de sangue. O rapaz contou que estava dormindo em um colchão no chão e acordou com a companheira golpeando seu rosto com uma faca.
Ele apresentava lesão no rosto e na mão. Disse ainda que não viu o momento em que a companheira esfaqueou a filha, porque estaria dormindo. Quando acordou, também estava sendo atacado por Laryssa. Ele disse ainda que viu a criança no chão do quarto com marcas de sangue e perguntou o que havia ocorrido. Percebeu que a menina ainda estava viva e ligou para o Samu.
Revelou também que a mulher estava morando em sua casa há pouco tempo e que, nesta quinta-feira (13/02/2020), iria sair do local. Ela foi encaminhada para a 12ª Delegacia de Polícia (Taguatinga Centro), onde presta depoimento.
Na delegacia, Giuvan disse que Laryssa era uma pessoa “difícil de lidar” e que “acordou com a faca na cara dele”. A jovem teria matado a menina após uma crise de ciúmes.
Chefe da 12ª DP, o delegado Josué Ribeiro da Silva, investiga o possível envolvimento do rapaz no caso. Isso por conta “tranquilidade do homem ao falar com a polícia”. “Ele chegou muito calmo, achei estranho. Apuramos que, ànoite, a criança chorou e ele não acordou, o que é suspeito. Estamos investigando uma possível contradição”, ressaltou.
Josué Ribeiro da Silva disse ainda que o casal tinha uma desavença sobre a guarda da criança. Laryssa havia informado para Giuvan que estava reatando um namoro homoafetivo com uma mulher e que iria levar a criança para morar com ela, algo que teria desagradado o rapaz.
“Laryssa era festeira, não tinha emprego e usava drogas. Por conta desse comportamento, a mãe a expulsou de casa. Ela foi para a residência do pai da criança. Lá, informou que estava reatando com sua ex-namorada. Giuvan não aceitava que sua filha convivesse com essa situação e avisou que tomaria a guarda da criança, fato que Laryssa não aceitou”, explicou o delegado. Ele teria inclusive procurado a Defensoria Pública para ter Júlia com ele.
Vizinhos chocados
Uma moradora do prédio que fica em frente ao da família disse não acreditar no que ocorreu. “Eu via a criança brincando na janela, sempre. Ela era linda. Gostava de cantar e brincava por horas. O pai é muito tranquilo. Trabalhador. Não estamos entendendo o que aconteceu”, disse a mulher, que preferiu não se identificar.
Maria Gilmaria Sousa Espíndola, 44, é a proprietária do apartamento onde o casal mora. Ela diz que alugava o imóvel para o rapaz havia mais de um ano.
“Ele é muito jovem. Gente boa e nunca tivemos reclamações. Ela morava com ele há pouco tempo. Nunca houve reclamações sobre o casal. Era um apartamento muito organizado. Ela vivia com a menina para cima e para baixo. Para a gente do prédio, é assustador. Os vizinhos nunca ouviram barulho e nem presenciaram brigas”, afirmou.
Caso Bernardo
No fim de 2019, um caso semelhante chocou o Distrito Federal. A vítima, Bernardo, de 1 ano e 11 meses, foi morta pelo próprio pai, o servidor do Metrô-DF Paulo Roberto de Caldas Osório, 45. O homem acabou preso na Bahia e confessou o crime.
Disse que, após pegar o filho na creche, na Asa Sul, deu um suco ao garoto com remédios controlados. Depois, seguiu pela BR-020 com o menino e desovou o corpo também na Bahia.