Marina Silva compartilha vídeo de centro com macaca apreendida no DF
Macaca-prego Anne foi apreendida por fiscais do Ibama em um shopping do DF e levada a centro para interagir com outros animais da espécie
atualizado
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A ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva, compartilhou nas redes sociais um vídeo de macacos-pregos no Centro de Triagem de Animais Silvestres (Cetas) do Distrito Federal com a frase “reabilitação”. O Cetas foi foco na última semana por abrigar a macaca Anne, apreendida em um shopping no DF.
Na publicação, os macacos interagem e brincam. O vídeo foi publicado na manhã deste domingo (22/12) e pode ser visto neste link.
O caso veio à tona após o Tribunal Regional Federal da 1ª Região (TRF-1) determinar que a primata seja devolvida às tutoras. A Justiça deu como prazo ao Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) até esta segunda-feira (23/12).
Na decisão, o desembargador alegou que o centro do vídeo compartilhado pela ministra apresentava supostas deficiências estruturais e de pessoal, comprometendo a capacidade operacional do local. O analista ambiental Roberto Cabral, um dos fiscais que abordaram Vitória Gabriela Rodrigues, 24 anos, no shopping do DF rebateu o argumento.
“O Cetas passou por reforma há pouco tempo. Na questão estrutural, ele está totalmente adequado. Em relação ao pessoal, contamos com biólogos e veterinários que trabalham nesse centro de triagem, além de cooperações técnicas com o hospital veterinário da Universidade de Brasília”, afirmou.
Em entrevista, ele também destacou que a macaca foi bem inserida com outros animais da espécie. “Conseguimos colocá-la em um grupo que a aceitou e interage com ela. Voltar [Anne] para essa pessoa [a antiga tutora], na verdade, também é eliminar a relação que ela tem com indivíduos da própria espécie”, ressaltou.
Passeio no shopping
Um vídeo disponibilizado pelo Ibama registrou a macaca-prego Anne minutos antes de ser abordada por dois fiscais da autarquia, em um shopping do Distrito Federal. O episódio ocorreu em 16 de novembro.
Dias depois, o animal acabou apreendido pelo instituto por suspeitas de falsidade documental. Na última quarta-feira (18/12), porém, o TRF determinou que o animal fosse devolvido às tutoras que estavam com ele no centro comercial.
“Ela estava no shopping, que estava lotado por causa das festas de fim de ano, passeando com a macaca e a passando de mão em mão. Inclusive, no colo de pessoas com crianças”, contou Roberto.
“Felizmente, esse macaco ainda é filhote. Um animal desse adulto, se permanecer com esse tipo de comportamento, de ser levado [a centros de compras] e exposto a outras pessoas, pode chegar a morder e causar dano em alguém, ou até mutilar. Estar no shopping não faz parte das necessidades do macaco. É questão de capricho do dono”, destacou.
Justiça determinou devolução às tutoras
A Justiça concluiu que os documentos apontados como falsos não passaram por perícia técnica. Entretanto, Roberto Cabral contestou esse entendimento e disse que a idoneidade ficou comprovada por meio do Sistema de Gestão de Fauna (SisFauna), que valida esses tipos de registros.
“Afirmamos com 100% de segurança que o documento é falso. Ele não aparece na hora em que entramos com o código do documento na plataforma. É como se eu entrasse no sistema do Detran [Departamento de Trânsito], colocasse o número de uma placa, e ela não aparecesse. Então, a autarquia sabe que aquela placa é falsa, porque ela não consta no sistema”, comparou.
O valor da compra também é motivo de estranhamento para o analista ambiental. “Esses animais valeriam cerca de R$ 80 mil, e elas compraram por R$ 30 mil. Na hora que você tem um macaco-prego comprado por esse valor, é óbvio que tem alguma coisa errada. Muitas informações precisam ser explicadas”, resumiu Roberto.