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Marca do DF cancela negócio após empresa americana fazer comentário racista

A Cilindro Açaí expôs no Instagram a conversa e alertou sobre como o Brasil precisa lutar mais pelo fim do racismo

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Em meio a tantas manifestações contra o racismo acontecendo ao redor do mundo, motivadas pela morte de George Floyd, nos EUA, uma marca de Brasília demonstrou como o preconceito racial ainda pode ser algo explícito. Em uma publicação no Instagram feita nessa segunda-feira (15/06), a Cilindro Açaí contou de que modo um personagem que existe para divulgar a marca foi capaz de escancarar a discriminação de uma empresa americana.

“Vocês conhecem o Djalma, personagem negro que vem em todas nossas embalagens? Ele era um jovem negro que trabalhava informalmente vendendo dindins de açaí de porta em porta em Brasília. Ele faleceu em dezembro de 2008 e foi nossa real fonte de inspiração para dar início na criação do nosso negócio. Mas hoje não viemos fazer storytelling, viemos falar sobre preconceito velado”, diz o texto. 

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O racismo do agente de exportação
O desenho é uma homenagem
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O personagem nas embalagens

Reprodução/ Instagram
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O racismo do agente de exportação

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O desenho é uma homenagem

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Na publicação, há um print de uma conversa entre a empresa e um agente de exportação americano, que diz sobre o personagem negro usado nas embalagens da Cilindro Açaí: “Essa embalagem não vai funcionar com o consumidor americano, porque tem um negro na capa. Eu poderei criar nossa própria embalagem para distribuir isso, certo?”, escreve o homem. 

A empresa, então, afirma que o negócio não foi fechado e aproveita para comentar sobre o falso mito da democracia racial que existe no Brasil. “Este é um problema histórico do Brasil, diferentemente de outros países em que o racismo é escancarado. Aqui, não é! Ele está em camadas tão profundas, que o racista não se vê como um. Quando se sabe contra quem estamos lutando, a briga se torna mais fácil”. 

 

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Bom dia queridos clientes. ? Vocês conhecem o Djalma, personagem negro que vem em todas nossas embalagens? Em nenhum momento pensamos em criar um personagem negro para combater o preconceito, ganhar visibilidade ou espaço na mídia. Essas são as dúvidas de vários dos nossos clientes e amigos que nos perguntam sobre o personagem da embalagem. Bem, o Djalma era um jovem negro que trabalhava informalmente vendendo Dindins de açaí de porta em porta em Brasília. Ele faleceu em Dezembro de 2008 e foi nossa real fonte de inspiração para dar início na criação do nosso negócio. Mas hoje não viemos fazer Storytelling, viemos falar sobre PRECONCEITO VELADO. Na segunda foto, expomos um print do trecho de uma conversa que tivemos com um agente de exportação americano. Na imagem ele diz claramente. “- Essa embalagem não vai funcionar com o consumidor americano, porque tem um negro na capa. Eu poderei criar nossa própria embalagem para distribuir isso, certo?” Do ponto de vista comercial parece sensato, considerando que o mercado e o povo americano ainda vivem uma forte segregação racial e social, certo? ERRADO! Obviamente não fizemos negócio com esse rapaz. Este é um problema histórico do Brasil, diferentemente de outros países em que o racismo é ESCANCARADO. Aqui, não é! Ele está em camadas tão profundas, que o racista não se vê como um. Quando se sabe contra quem estamos lutando, a briga se torna mais fácil. Que tal olharmos pra dentro de nós e nos percebermos e buscarmos mudanças reais? #vidasnegrasimportam #cilindroacai #acaicilindro

Uma publicação compartilhada por Cilindro Açaí (@cilindroacai) em

Episódio como exemplo

Em conversa com o Metrópoles, o proprietário da Cilindro Açaí, Igor Fonseca de Oliveira, não escondeu o abalo que aquilo lhe causou. “Foi realmente chocante. Eu sei que a cultura americana sofre bastante com a segregação racial e social, mas quando nos deparamos com pessoas que colaboram para a continuação dessa separação, é realmente chocante. Dá vontade de gritar socorro!”. Segundo ele, Djalma já havia incitado preconceitos, mas nunca de forma tão escancarada, e a decisão de tornar isso público serve também para mostrar que o combate à segregação racial também envolve não fazer negócios com empresas racistas.

“O que pude perceber foi que o racismo é tão vivo, mas tão vivo, que pessoas muito próximas a mim deixaram claro que no meu lugar, adaptariam a embalagem de acordo com o modelo que agrade o consumidor americano e continuariam a fazer negócios. Para eles o importante é não perder o negócio. Falo tudo isso para explicar que pra nós é muito difícil tornar público esse posicionamento em uma sociedade em que muitas pessoas pensam diferente e pior, muitas pessoas que pensam de forma racista não sabem que estão sendo racistas. É um problema muito sério”, frisa.

E completa: “Quando nos posicionamos com o nome de uma empresa, estamos falando por todos os colaboradores e assumindo riscos altíssimos de ser sabotados por pessoas que pensam diferentes. Por isso, aproveitamos o momento de debate mundial sobre o racismo para trazer esse episódio a tona e ganharmos voz. Que mais pessoas possam ser impactadas com esse episódio e mudar de postura”.

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