UnB em crise: manifestantes e PMDF entram em confronto no MEC
Paus, pedras e sinalizadores foram atirados em direção aos PMs que fazem a segurança do prédio. Pelo menos uma vidraça foi quebrada
atualizado
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Manifestantes em frente ao Ministério da Educação (MEC) entraram em confronto com a Polícia Militar. Eles cobram da pasta a liberação de recursos para tirar a Universidade de Brasília (UnB) de sua pior crise financeira. Por volta das 11h40, um grupo atirou paus, pedras e sinalizadores nos oito PMs que faziam a segurança do prédio. A tropa, formada por praças do 6º Batalhão, reagiu lançando gás de pimenta e bombas de efeito moral contra a multidão. Segundo a corporação, cerca de 500 pessoas participam do ato.
Logo em seguida, os manifestantes fecharam as vias N1 e S1 e quebraram vidraças do MEC. Algumas paredes também foram pichadas. Uma ala mais pacífica repeliu a agressividade dos colegas mais exaltados. Eles, inclusive, fizeram um cordão de isolamento em frente aos policiais. Do alto do carro de som, lideranças da mobilização criticavam os black blocks e exigiam calma. Os mascarados responderam com xingamentos e gestos obscenos. Diante do clima tenso, o comando da PMDF enviou ao local praças e oficiais da tropa de choque.
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Rombo milionário
A concentração teve início às 10h, em frente ao Museu da República. Depois, as pessoas seguiram em marcha para o ministério, onde pressionam o chefe da pasta, Rossieli Soares da Silva, a colocar em prática medidas que evitem demissões de trabalhadores terceirizados.
A UnB registra um rombo orçamentário de R$ 92,3 milhões para este ano e as previsões são catastróficas para os próximos meses. “A UnB pode parar de funcionar em agosto”, disse a decana de Planejamento e Orçamento e Avaliação, Denise Imbroisi, no fim de março, durante reunião pública realizada justamente para discutir o déficit.
O ato é organizado pelo Diretório Central de Estudantes (DCE), mas conta com o apoio do Conselho Universitário da UnB (Consuni), incluindo a direção da universidade. A coordenadora-geral do diretório, Katty Ellen da Costa, disse que a expectativa é de liberação de recursos próprios da UnB. “É algo que nós arrecadamos”, destacou.
Enquanto aguardam um posicionamento do governo federal, os manifestantes gritam, entre outras frase de efeito, “Ô, MEC, eu quero estudar, cadê o dinheiro pra UnB não fechar?”. “Se for preciso, vamos parar a UnB. Queremos mostrar ao MEC que os movimentos estudantil e sindical estão vivos”, bradavam os estudantes. Assista ao vídeo:
O ato tem ares políticos, com bandeiras do Movimento dos Sem Terra (MST). Algumas pessoas estão com os rostos cobertos. O movimento tem adesão de professores e terceirizados, que são ameaçados de demissão. Há várias bandeiras brancas com os dizeres: “UnB em greve”.
Demissões e aumento no RU
Atolada em uma dívida milionária, a universidade anunciou ser necessário cortar despesas, e isso implicaria em redução de terceirizados, estagiários e subsídios, como o oferecido aos estudantes que se alimentam no Restaurante Universitário. A medida pode aumentar em até 160% o valor das refeições, dependendo da condição financeira do aluno. Outras contenções também estão sendo analisadas.
A previsão é que haja um corte de 15% nos contratos de prestação de serviços, pois é necessário reduzir R$ 25 milhões nessa área. Em 2016, quando os acertos com as empresas já estavam fechados, o repasse do Tesouro para a UnB foi de R$ 217 milhões. Em 2018, caiu para R$ 137 milhões, 45% a menos. A crise levou as empresas a demitirem 350 terceirizados em 2017. Caso não haja acordo com as contratantes, mais profissionais podem perder os cargos.
A universidade precisa cortar R$ 39,8 milhões do orçamento e aumentar a receita em R$ 50,8 milhões. Denise Imbroisi, decana de Planejamento, explicou que, em 2018, a UnB terá recursos do Tesouro no valor de R$ 137 milhões, além de R$ 40 milhões de arrecadação, totalizando R$ 177 milhões. No entanto, o custo estimado de operação é de R$ 214,5 milhões.
Confira mais imagens do confronto na Esplanada: