Manifestantes fazem carreata em frente à PGR a favor da Lava Jato
Parte dos participantes se manifestou contra Bolsonaro e defendeu Moro como candidato à Presidência em 2022
atualizado
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A Operação Lava Jato recebeu manifestação de apoio na manhã deste sábado (15/8), em Brasília. Para evitar aglomeração durante a pandemia do novo coronavírus, o grupo organizou o ato na forma de carreata. De acordo com os policiais militares presentes, cerca de 30 a 35 carros participaram do evento que durou quase três horas.
A concentração começou às 10h em frente ao prédio da Procuradoria-Geral da República (PGR). Cerca de 40 minutos depois, os carros começaram a andar e passaram pela Rodoviária, Esplanada dos Ministérios, superintendência da Polícia Federal em Brasília e Departamento de Polícia Especializada da Polícia Civil do DF. Ao som do hino nacional, a manifestação acabou às 12h50, em frente ao Museu da República.
Segundo a coordenadora local do movimento Vem Pra Rua, Celina Ferreira, 47 anos, a manifestação tem como objetivo fortalecer a Lava Jato diante dos ataques do atual Procurador-Geral da República, Augusto Aras.
Ainda de acordo com a coordenadora do Vem Pra Rua, nas transmissões, Aras fez acusações contra a Lava Jato sem apresentar provas para embasar as denúncias.
“Não é uma manifestação contra a Procuradoria-Geral da República. É em relação ao Procurador-Geral da República, Augusto Aras, que está praticando atos de ataque à Lava Jato, de ataque aos seus procuradores, que devem ter independência funcional e não estão tendo”, destacou a ativista.
A deputada distrital Júlia Lucy (Novo) também participou da manifestação.
“Fora Bolsonaro”
Segundo a coordenação da carreata, o foco da manifestação foi exclusivamente a defesa da Lava Jato. Mas alguns participantes também se manifestaram contra o presidente da República, Jair Bolsonaro (sem partido), e defenderam o ex-ministro da Justiça e ex-juiz da Lava Jato, Sérgio Moro, como candidato à Presidência em 2022.
A professora aposentada Sandra Moreno participou da manifestação e estampou no carro a frase: “Fora Bolsonaro”. “Eu sou uma das pessoas que elegeu esse governo. Mas assim que eu comecei a perceber a intenção do presidente em proteger e ocultar tudo aquilo que a gente queria expor, eu já me posicionei pela saída dele”, afirmou.
“Durante a pandemia, eu achei desastrosa a agenda dele. E desde o início apoiei a Lava Jato, lutei pelo fim da corrupção, pela prisão em segunda instância, corruptos na cadeia. Eu acho que a gente está em um momento muito crítico para ficar quieto em casa. A carreata é uma forma viável. A única saída é o povo na rua exigindo. Porque por vontade política, a gente não vai conseguir muita coisa”, ressaltou.
Entenda
O procurador-geral da República, Augusto Aras, tem criticado a força-tarefa da Lava Jato em Curitiba. As falas dele sobre o assunto lançam incertezas sobre o destino da operação que desbaratou um esquema bilionário de corrupção, alterou a correlação de forças da política nacional e levou à cadeia importantes líderes do país, como o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Até setembro, Aras vai decidir o futuro do grupo coordenado pelo procurador Deltan Dallagnol, mas já deixou claro que pretende impor uma “correção de rumos” com a adoção de um novo modelo de investigação, sem métodos “personalistas” nem “caixas-pretas”.
Depois das interferências políticas do governo na Polícia Federal, no Coaf e na Receita, a Lava Jato virou a bola da vez, alvo de um “alinhamento de interesses” nos bastidores que inclui Aras, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido), uma ala do STF (Supremo Tribunal Federal) e partidos de variados espectros ideológicos, incluindo figuras do Centrão, bolsonaristas e da oposição.
Até parlamentares do PT elogiaram a postura de Aras contra a Lava Jato, algoz da cúpula do partido.