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Major das forças especiais não conseguiu pegar táxi em plano golpista

“Kid preto” precisou pedir ajuda para se deslocar, o que complicou a logística da ação criminosa. Plano era prender e matar ministro Moraes

atualizado

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André Borges/Agência Brasília
táxis
1 de 1 táxis - Foto: André Borges/Agência Brasília

O militar das forças armadas de codinome “Gana” sofreu para pedir um táxi em 15 de dezembro de 2022, data que os “kids pretos” escolheram para tentar capturar o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes. De acordo com a Polícia Federal (PF), o plano dos suspeitos era matar Moraes após prendê-lo.

O grupo de militares suspeitos tinha um grupo no aplicativo Signal com o nome “Copa 2022”. Eles usavam codinomes de países que costumam disputar a Copa do Mundo de Futebol, como Alemanha, Argentina, Áustria, Brasil, Gana e Japão.

Em 15 de dezembro de 2022, o grupo estava dividido em pontos estratégicos do Plano Piloto para, supostamente, capturar o ministro Alexandre de Moraes.

A PF detalhou todo o plano até o momento em que Gana não conseguiu pedir um táxi. Às 20h33 de 15 de dezembro de 2022, o homem de codinome “Brasil” disse estar no estacionamento, em frente a um conhecido restaurante de culinária nordestina próximo ao Estacionamento 4 do Parque da Cidade.

Gana respondeu: “Tô na posição”, enquanto outros integrantes do grupo também se dirigiam a pontos estratégicos pré-definidos.

Em seguida, no entanto, o usuário “teixeiralafaiete230” compartilhou uma notícia do Metrópoles que tratava do adiamento da votação sobre o “orçamento secreto” no Supremo Tribunal Federal (STF), o que fez o grupo desistir da missão de prender Moraes naquele dia.

Os kids pretos, então, decidiram voltar a um shopping no Setor Comercial Sul (SCS) que seria um ponto de encontro do bando. O militar Gana, nesse momento, teria de resgatar o colega “Japão”, mas enfrentou dificuldades para pedir um táxi.

Às 21h26, Gana disse: “Sanhaço pera [para] achar táxi. Mas vou chegar. Kkkk”. Em resposta, um homem identificado pela PF como Rafael de Oliveira pergunta: “Quer que te pegue?”.

Sete minutos depois, Gana enviou um áudio para explicar a dificuldade:

“Cara, acabei de chegar [a] um ponto de táxi aqui. Tinha um maluco, só que ele falou que ‘tava’ indo buscar um passageiro e ia chamar um táxi aqui ‘pra’ mim, ‘tá’ ligado? [Vou] ‘dá’ uns cinco ‘minutinho’ aqui, ‘pra’ ver se, se chega. Eu acho que agora vai resolver, mas tá pica, mané. Essa hora não tem táxi em lugar nenhum, né?”

Rafael de Oliveira demonstrou preocupação: “Foda. Esse é o tempo de exfiltração”. A PF entendeu que “exfiltração” se refere a uma técnica de movimento efetuada de modo sigiloso, para retirar forças, pessoas isoladas ou materiais de território inimigo ou por ele controlado.

Gana, por fim, saiu de um ponto no fim da Asa Sul até um shopping no SCS. Para a PF, é “plenamente possível” concluir que o militar estava “próximo à residência funcional do ministro Alexandre de Moraes”, na 312 Sul.

Quem são os “kids pretos”

O nome faz referência aos militares da unidade de elite do Exército Brasileiro (EB) do Comando de Operações Especiais (Copesp), em Goiânia (GO). Esses militares recebem treinamento especial para participar de missões sigilosas e arriscadas, como ações de sabotagem e guerra irregular. O apelido se deve aos gorros pretos que eles usam nas operações.

A operação autorizada pelo ministro Alexandre de Moraes tinha como objetivo a desarticulação de um grupo criminoso que teria planejado um golpe de Estado em 2022 para impedir a posse do então presidente da República eleito, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), e atacar o STF. Integrantes do Copesp estão entre os alvos da Operação Contragolpe, deflagrada pela PF nesta terça-feira (19/11).

Ainda segundo a PF, havia um planejamento operacional, batizado como “Punhal Verde e Amarelo”, para matar Lula; o vice-presidente da República, Geraldo Alckmin; e o ministro Alexandre de Moraes.

A PF cumpriu cinco mandados de prisão preventiva, três de busca e apreensão e 15 medidas cautelares. Um dos “kids pretos” preso é o general da reserva Mário Fernandes, ex-secretário-executivo da Secretaria-Geral da Presidência no governo Jair Bolsonaro – e que foi assessor do deputado federal Eduardo Pazuello, ex-ministro da Saúde do ex-presidente, entre março de 2023 e março de 2024.

Outros “kids pretos” presos foram o tenente-coronel Helio Ferreira Lima; o major Rodrigo Bezerra Azevedo; e o major Rafael Martins de Oliveira.

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