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Major da PMDF é condenado por assédio e importunação sexual

Os crimes aconteceram entre 2019 e 2021, em uma unidade policial no Recanto das Emas contra policiais mulheres e funcionárias civis

atualizado

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1 de 1 PMDF 155 - Foto: Rafaela Felicciano/Metrópoles

A Promotoria de Justiça Militar obteve, nessa segunda-feira (16/12), a condenação de um major da Polícia Militar do Distrito Federal (PMDF) pelos crimes de assédio sexual e importunação sexual.

A decisão unânime é do Conselho Especial da Auditoria Militar do Distrito Federal. A pena fixada foi de três anos de detenção e um ano, um mês e seis dias de reclusão. O condenado poderá recorrer em liberdade.

A denúncia apresentada pelo Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT) apontou condutas inadequadas praticadas pelo condenado contra mulheres em situação de vulnerabilidade, incluindo policiais subordinadas e funcionárias civis que frequentavam o batalhão.

As investigações revelaram um padrão de comportamento abusivo e reiterado. Os crimes aconteceram entre 2019 e 2021, em uma unidade policial localizada no Recanto das Emas.

De acordo com as vítimas, o oficial utilizava sua posição de superior para tocar de forma inapropriada nas vítimas, fazer abordagens de cunho sexual e enviar, com frequência, mensagens com conotações ofensivas.

As vítimas também relataram o medo de represálias, especialmente devido à hierarquia militar, o que contribuiu para o silêncio prolongado em relação aos fatos.

Dignidade das mulheres

O promotor de justiça Flávio Milhomem explicou que “a denúncia somente ganhou força quando, encorajadas, outras vítimas relataram os crimes após o primeiro episódio ser levado ao conhecimento da instituição”.

Durante o julgamento, o promotor de justiça destacou a necessidade de uma análise com perspectiva de gênero, ressaltando que os crimes contra a dignidade sexual são frequentemente agravados por dinâmicas de poder e estruturas patriarcais, que perpetuam o silêncio das vítimas e a impunidade dos agressores.

“Esta decisão transcende a punição individual, simbolizando um compromisso com a dignidade das mulheres e a erradicação de práticas opressivas no ambiente militar”, destacou o MPDFT durante a sustentação oral.

A sentença baseou-se em provas robustas, incluindo depoimentos, testemunhas e registros de mensagens eletrônicas.

A palavra das vítimas foi considerada de especial relevância, seguindo o entendimento consolidado do Superior Tribunal de Justiça (STJ), que valoriza os relatos em crimes sexuais, especialmente quando há coerência e outros elementos que corroboram os fatos.

Para Flávio, a decisão representa um marco importante na aplicação dos valores de igualdade e respeito dentro das instituições militares.

“Ela representa não apenas a responsabilização do acusado, mas também uma afirmação de valores institucionais. A decisão reafirma o compromisso da Justiça Militar com o respeito aos direitos fundamentais, especialmente em um ambiente onde disciplina e hierarquia não podem servir de escudo para práticas abusivas”, reforça o promotor de justiça.

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