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Mais de 50% dos pais não levarão filhos à escola em julho, diz levantamento

Decreto do GDF gerou apreensão em grande parte dos pais de alunos das redes pública e particular. Professores também criticaram

atualizado

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Alunos do Centro Educacional Gisno
1 de 1 Alunos do Centro Educacional Gisno - Foto: Michael Melo/Metrópoles

Pais e mães de alunos de escolas públicas e particulares ficaram com medo e dúvidas após o anúncio da retomada das aulas presenciais em plena pandemia de Covid-19 no Distrito Federal. Muitos não vão mandar os filhos de volta às salas de aula. Levantamento do Sindicato dos Estabelecimentos Particulares de Ensino do DF (Sinepe-DF) indica que, inicialmente, mais de 50% dos estudantes não voltarão aos colégios.

Do ponto de vista da Associação de Pais e Alunos das Instituições de Ensino do DF (Aspa), grande parte dos pais das escolas públicas também vai preferir manter os filhos em casa, mesmo com a possibilidade de retorno presencial.

Para o presidente da Aspa, Alexandre Veloso, o decreto do Governo do Distrito Federal (GDF) apresenta impropriedades. “Não está claro se o pai vai ter a opção entre o ensino presencial ou remoto. É importante que seja garantido aos que desejarem a opção de não mandar os filhos para escola e continuar com o modelo remoto”, afirmou.

“Queremos também garantir que os pais não sejam punidos por suas decisões”, enfatizou Veloso. Do ponto de vista da Aspa, faltou clareza e fundamentação na decisão do governo. Neste sentindo, a associação não identificou argumentos para garantir a saúde de alunos, professores e famílias. “Vamos buscar o dialogo e a retificação do decreto. Caso o contrário, não descartamos acionar o Judiciário”, completou.

A motorista de aplicativo Adriana Correia Andrade é mãe de dois filhos matriculados em escola pública. Ela é totalmente contra o retorno das aulas presenciais, especialmente pelo fato de o DF não ter passado pelo pico da pandemia do novo coronavírus. “Prefiro perder um ano de escola do que a vida. Criança quer brincar, abraçar os amigos e não usa máscara por cinco horas”, arrematou.

A professora Fernanda Simões compartilha do pensamento. “Essa decisão do governo é pavorosa. Podia até abrir bares e restaurantes, porque são atividades opcionais. Mas as escolas são obrigatórias. Como vão manter o distanciamento? E as crianças com famílias portadoras de doenças crônicas [como ficam]?”, questionou. Dois enteados de Fernanda estudam em escolas privadas e possuem comorbidades.

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Segundo decreto publicado pelo GDF, alunos e professores do grupo de risco atuarão exclusivamente por meio de ensino mediado por tecnologias
Representantes do sindicato teriam sido impedidos de entrar na sede da Secretaria de Educação do DF
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Para professora da rede pública de ensino do DF, escolas podem identificar ideação suicida, encarar e debater tabu

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Segundo decreto publicado pelo GDF, alunos e professores do grupo de risco atuarão exclusivamente por meio de ensino mediado por tecnologias

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Representantes do sindicato teriam sido impedidos de entrar na sede da Secretaria de Educação do DF

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Professores são contra o retorno

Segundo o diretor jurídico do Sindicato dos Professores em Estabelecimentos Privados de Ensino (Sinproep), Rodrigo de Paula, a categoria é contra ao retorno neste momento. Para a entidade, muitas escolas pequenas não possuem condições de garantir a segurança nas aulas presenciais e a qualidade no ensino remoto. Além disso, o número de casos do novo coronavírus continua aumentando.

O Sinproep busca a adesão de outros segmentos para formalizar um pedido de adiamento da volta a aulas presenciais. “Caso não seja possível, vamos negociar com o governo para a definição de um protocolo para a volta das creches”, completou. O Sinproep é autor da ação judicial que impede a reabertura das creches no DF.

Inconsequência

Já o Sindicato dos Professores do DF (Sinpro-DF), classifica o decreto do GDF como “inconsequente”. “Com essa medida teremos mais de 500 mil pessoas circulando diariamente nas ruas e nas escolas públicas, e com certeza irá disparar o número de vítimas infectadas e mortas pelo novo coronavírus”, afirmou o diretor do Sinpro Samuel Fernandes.

“Como os professores irão garantir a utilização de máscaras pelos alunos, a higienização das mãos com frequência? Como será a desinfecção dos ambientes que terão circulação constante de centenas de alunos todo o dia? A grande maioria das salas de aula são pequenas, superlotadas e sem ventilação adequada… É impossível garantir o distanciamento de um metro e meio por aluno”, criticou.

Pais terão opção

Segundo o presidente Sinproep, Álvaro Domingues, os pais terão a opção entre o ensino presencial e remoto. “Nós defendemos o amplo direito de comparecer ou não. Será um modelo híbrido”, afiançou.

Neste sentindo, as escolas poderão gravar aulas presenciais e repassar conteúdo para outros estudantes em casa ou transmiti-las ao vivo. “A aula poderá ser síncrona ou assíncrona”, pontuou.

Veja o depoimento dele: 

 

De acordo com Domingues, já estão definidos protocolos sanitários para evitar aglomerações e a disseminação da Covid-19. Nas salas de aula será estabelecida a distância entre carteiras e haverá regras de trânsito dentro das escolas. O acesso às cantinas será controlado justamente para evitar aglomerações de estudantes. Além disso, as instituições serão constantemente higienizadas.

Creches

“Nós agradecemos imensamente o governador (Ibaneis Rocha) e a equipe. A gente roga para que as creches voltem a funcionar. Essa é uma jornada cívica. Que a responsabilidade seja de todos nós e não fique apenas nos ombros dos hospitais, marcando uma nova forma de viver em sociedade”, ponderou.

“Pelos nossos levantamentos, nesse retorno, aproximadamente um terço dos alunos deverão aderir às aulas presenciais. Isso vai facilitar o distanciamento. Conforme mostrarmos mais segurança, mais voltarão e faremos as adequações necessárias”, concluiu Domingues.

A Secretaria de Educação divulgou cronograma para o retorno da rede pública. Segundo a pasta, metade das aulas serão presenciais e metade serão remotas.

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