Mais de 200 colaboradores acusam Cebraspe de calote em concursos no DF
Os trabalhadores tentaram contato diversas vezes com a banca para receber os valores atrasados, mas não obtiveram resposta
atualizado
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Pelo menos 200 colaboradores acusam o Centro Brasileiro de Pesquisa em Avaliação e Seleção e de Promoção de Eventos (Cebraspe) de calote. Os profissionais trabalharam em provas organizadas pela banca, a exemplo dos concursos da Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF), da Procuradoria-Geral do DF (PGDF) e da Olimpíada de Matemática. E, mesmo assim, não teriam recebido os pagamentos devidos.
Os colaboradores trabalharam como fiscais e chefes de provas. Além do calote, o grupo denuncia casos de supostos pagamentos com valores errados e a cobrança de possíveis descontos referentes ao Instituto Nacional de Seguro Social (INSS) de maneira indevida. Indignados e em busca de seus direitos, os profissionais organizaram diversos grupos nas redes sociais.
A cuidadora de idosos Gabriela Lopes, 27 anos, faz parte de um grupo com mais de 200 pessoas inscritas. Deveria ter recebido no dia 22 de setembro, mas não viu um centavo até esta sexta-feira (1º/10). “Moro em Samambaia Norte. A prova era na Universidade Católica de Brasília (UCB). Acordei às 6h30. Saí de casa às 8h. Cheguei às 10h para trabalhar na organização. As provas começaram às 13h. Só fui sair de lá depois das 19h. É muito constrangedor. É muito chato trabalhar desse jeito”, desabafou.
Grabriela tentou contato com o Cebraspe. Mas nada de pagamento. “No meu caso, são R$ 70. Quem trabalhou como chefe recebeu mais de R$ 120. O valor é simbólico, mas a pessoa vendeu o tempo dela. Abdicamos de um fim de semana”, comentou. Segundo a cuidadora, outras bancas no mercado não têm histórico recente de atraso de pagamentos. “Pagam em dia”, destacou.
Última hora
Além do atraso nos pagamentos, muitos colaboradores foram convocados de última hora para suprir a falta de pessoal em ambos os dias do concurso da PCDF. Na ocasião, as baixas nas equipes geraram atrasos no início do exame. A polícia abriu investigação em 26 de agosto para apurar supostos vazamentos de provas do concurso. Diante das acusações, o Cebraspe negou que houvesse vazamentos.
Mayara Galvão Figueiredo, 33, foi uma das convocadas de última hora para atuar como fiscal de sala durante o concurso da PCDF. Também trabalhou em condições parecidas no certame da PGDF. Ela contou que preencheu uma lista de frequência, com colegas chamados no dia pelo “boca a boca”. O documento foi anexado à lista de frequência de quem já estava no Sincard — sistema interno para marcação de presença do Cebraspe — e repassado ao órgão nos dias de cada prova.
Segundo uma das coordenadoras do concurso da PCDF, que preferiu não se identificar por medo de represália, o pagamento ocorre em até 15 dias úteis. Ela também disse que os valores de cada turno para fiscal de sala é de R$ 100, enquanto o de chefe de sala é de R$ 110. Ela tentou incluir as pessoas no sistema para garantir o pagamento, mas devido ao “grande volume de acessos” não conseguiu inserir os colaboradores.
Brenda Marissa Cardoso de Souza, 38, atuou como chefe de sala durante a aplicação de ambos os exames e está tendo problemas com o recebimento das diárias acordadas pelo trabalho no exame da PGDF. Recebeu um contrato por e-mail que oferece pagamento de R$ 154, sem especificar os turnos trabalhados. O valor é diferente do que o comumente pago pela banca, de R$ 110 reais por turno. Ela também tentou contato com o Cebraspe e não obteve retorno.
O outro lado
O Metrópoles entrou em contato com o Cebraspe. Segundo a assessoria da entidade, o pagamento será realizado até a próxima semana. “As informações dos colaboradores eventuais que trabalharam nos eventos estão sendo processadas e, como a demanda é grande devido ao número expressivo de participantes, esta é a principal razão a que se deve o atraso”, justificou a banca.
O Cebraspe, no entanto, não soube precisar quantos colaboradores estão com os pagamentos atrasados.