Mais de 15 mil crianças aguardam, sem previsão, por vaga em creches públicas no DF
Comerciante Fabiana Almeida Dantas, 35 anos, precisa levar a filha Lorena, 2 anos, para o trabalho por não conseguir vaga em creche
atualizado
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Sem previsão de tempo médio para abertura de vaga, 15.428 crianças de até 3 anos aguardam na fila das creches públicas do Distrito Federal. Algumas mães, de mãos atadas, estão na mesma situação há mais de ano, sem qualquer expectativa de mudança.
Dados da Secretaria de Educação (SEDF) apontam que a rede pública de ensino da capital federal apresenta demanda reprimida, distribuídas entre: 1.998 vagas (Berçário 1); 7.579 vagas (Berçário 2); 3.174 vagas (Maternal 1) e 2.677 vagas (Maternal 2).
- Berçário I – 4 meses a 11 meses ou a completar até 31/3
- Berçário II – 12 meses a 23 meses ou a completar até 31/3
- Maternal I – 2 anos ou a completar até 31/3
- Maternal II – 3 anos ou a completar até 31/3
A comerciante Fabiana Almeida Dantas, 35 anos, vive na pele o drama. Ela tem de levar a pequena Lorena, 2 anos, para o serviço no Recanto das Emas. Desde 5 de agosto do ano passado, a mãe solo soma-se à fila de pais que aguardam por uma vaga em creches públicas da capital federal.
“É sofrido. Levo ela para o trabalho comigo. Sou vendedora de roupa na rua, tenho ponto fixo [no Recanto das Emas]. Fica difícil procurar banheiro. Sujeitar ela a ficar no sol, é o que eu tenho que fazer”, reclama.
Em abril, Fabiana foi uma das mães que apontou a presença de possíveis “fura-filas”. O Tribunal de Contas do Distrito Federal (TCDF) apontou irregularidades no acesso a creches e pré-escolas para crianças de até 3 anos e determinou a ampliação de vagas. Segundo a SEDF, as alterações determinadas pelo TCDF já foram implementadas no novo Manual de Procedimentos para Atendimento à Educação Infantil – Creche, que foi enviado à Casa Civil, para validação e posterior publicação em Diário Oficial.
“[A Lorena] Está em 10º lugar de novo, estava em 68. Teve uma chamada 4 dias atrás, mas não alcançou ela. Vai ter outra chamada em dezembro. E eu acredito que ela pode não ser chamada de novo. Ela chega num patamar que dá para chamar, mas não chamam”, lamenta a moradora da região de Monjolo, no Recanto das Emas.
Fabiana conta, ainda, que já participou de quatro ou cinco chamadas, mas que nunca consegue vaga para a filha. “Esse critério eu acho errado. Eu inscrevi minha filha há um ano e uma pessoa que inscreve há dois meses é chamada. Como assim?”, questiona.
Fabiana não possui rede de apoio e já procurou o Conselho Tutelar e a Regional de Ensino, mas não conseguiu encontrar solução.
A comerciante trabalha de domingo a domingo, meio período. Além da bebê de 2 anos, cuida de outro filho, de 9 anos, que possui diagnóstico de diabetes. “Eu não paro. É o dia todo eu fazendo alguma coisa”, detalha.
A secretária de Educação do Distrito Federal, Hélvia Paranaguá, disse ao Metrópoles que a pasta vai propor mudança na legislação, a fim de reduzir a situação da fila de espera, além de fechar parcerias para atender um público maior. “Meu sonho é zerar essa fila. Nós já conseguimos ampliar bastante, mas ainda não é o suficiente para atender toda a demanda reprimida que existe”, destaca.
Segundo a Secretaria de Educação do Distrito Federal (SEDF) todos os critérios na fila de vagas para creches disponíveis para a rede pública de ensino são cumpridos rigorosamente. Porém, não é possível determinar o tempo médio para chamamento de vaga, pois as crianças são distribuídas na fila por idade, Regional de Ensino e sub-região, além de que diversos fatores influenciam no tempo de espera.
A lista de crianças no aguardo por uma vaga em creches públicas é construída a partir das inscrições dos pequenos e atualizada diariamente, com critérios de prioridade de atendimento. Veja quais são eles: